GLAUBER BRAGA

Deputado que passou 9 dias sem comer promete marchar 1 mil km contra cassação

Glauber Braga já visitou 11 estados, incluindo Roraima, para sensibilizar a sociedade de que sua cassação é "injusta" e "desproporcional"

O deputado federal Glauber Braga em entrevista à Folha (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
O deputado federal Glauber Braga em entrevista à Folha (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) prometeu marchar do Rio de Janeiro para Brasília, entre 26 de junho e 1º de julho, em uma caravana de mais de 1 mil quilômetros contra a cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE



Desde abril, Braga encabeça uma mobilização nacional que já visitou 11 das 27 unidades federativas, incluindo Roraima. Na sexta-feira (23), ele liderou um ato diante de dezenas de militantes de esquerda na sede do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado de Roraima (Sindsep-RR).

Participantes de ato do deputado federal Glauber Braga no Sindsep-RR (Foto: Déborah Nascimento)

Em entrevista à Folha BV, Braga detalhou que, “evidentemente”, não vai fazer o percurso para a capital federal completamente a pé, porque não daria tempo de chegar para a votação da cassação no plenário da Câmara, prevista para 1º de julho.

Anteriormente, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa aprovou a perda do mandato do parlamentar do Rio e rejeitou seu recurso.

Militantes de esquerda em Roraima defendem manutenção de mandato do deputado federal Glauber Braga (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Militantes de esquerda em Roraima defendem manutenção de mandato do deputado federal Glauber Braga (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Sem arrependimento

Glauber Braga passou a responder ao processo após expulsar, da Câmara, no dia 16 de abril de 2024, com empurrões e chutes, o militante direitista do Movimento Brasil Livre (MBL), Gabriel Costenaro.

O deputado reiterou não se arrepender do episódio, porque disse reagir às reiteradas ofensas de Costenaro à sua mãe, Saudade Braga, com Alzheimer. A ex-prefeita de Nova Friburgo (RJ) morreu menos de um mês depois (8 de maio), aos 75 anos.

“Se tivesse a sua mãe atacada covardemente, você que defende a sua família, como reagiria?”, indaga ele, que considera eventual cassação como “injusta” e “desproporcional”, além de destacar a falta de arrependimento de Costenaro e dos parlamentares que o querem fora da Câmara.

Greve de fome

Deputado Glauber Braga em greve de fome na Câmara dos Deputados (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

Antes da mobilização nacional, Glauber Braga fez uma greve de fome por nove dias para tentar sensibilizar os deputados contra a cassação. E conseguiu: o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), suspendeu o processo por 60 dias.

Sem comer por mais de uma semana, o deputado perdeu quatro quilos. Apesar disso, ele não desenvolveu nenhum problema de saúde.

Braga disse que quase desistiu da ação, mas mudou de ideia após receber um conselho do frei Sérgio Görgen – que já fez cinco greves, sendo a maior de 22 dias.

“No sexto dia, deu uma alteração nas minhas taxas do fígado. Fiquei preocupado com o que isso poderia representar de trauma pro meu filho, pra Sâmia [Bonfim, sua esposa e deputada federal] que já tinha passado – como toda família – por um trauma terrível que foi o assassinato do meu cunhado [Diego Ralf Bomfim, morto a tiros em 2023] […]. Mas segui firme”, lembrou.

Glauber Braga promete ir até a última instância

Glauber Braga adiantou que vai recorrer até a última instância para salvar o mandato, incluindo o Supremo Tribunal Federal (STF), caso o plenário da Câmara o casse.

No entanto, ele confia que vencerá por decisão dos deputados. Inclusive, ele espera contar com o apoio da bancada de Roraima.

“Independentemente de resultado, eu vou continuar sendo um militante pro resto da minha vida. Eu estou deputado, mas militante de esquerda, militante socialista, eu vou ser pra vida toda”, garantiu.

Apoio de bolsonaristas

Glauber Braga também espera contar com o apoio da população de Roraima. Isso pesar de 76% dos eleitores do Estado terem votado em seu opositor em 2022: o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

“[Espero contar com esse apoio] falando a verdade, perguntando pras pessoas se são a favor do orçamento secreto, se acham proporcional o que o Arthur Lira [ex-presidente da Câmara] está fazendo ao perseguir um parlamentar que bateu de frente com ele, se acha correto um parlamentar ser cassado com o argumento de que foi pela reação a sete ataques para defender a honra da sua mãe, que já estava doente, com um Alzheimer avançado. Esses argumentos, na minha avaliação, dialogam inclusive com quem não se define como necessariamente com o campo da esquerda”, disse.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.