AFONSO RODRIGUES

Não se esconda no silêncio

“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”. (Paulo Freire)

Ainda há muito quem confunda o silêncio com uma covardia. Mas seria melhor se fizéssemos uma reflexão sobre o motivo do silêncio. Até mesmo levando-se em consideração, atos que parecem brincadeira, mas que são apenas uma maneira de se usar o simples para viver o clássico. Já falei por aqui, de experiências que vivi, no início da década dos cinquentas, do século passado. Foi na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, com a marujada, no bar. Um marinheiro sempre criticava os colegas dizendo: “Bronca é ferramenta de otário”. Que é exatamente a hora do silêncio quando poderíamos extravasar, com uma bronca vazia. Porque essa não leva ninguém a lugar nenhum. Vamos ser educados, sendo cautelosos no nosso comportamento. Porque o que nos leva ao sucesso, são as reflexões, o trabalho bem-feito, e o silêncio, quando devido. É ou, não é?

Minha mãe era uma mulher com pouca instrução-escolar, mas nos deu exemplos notáveis de como se deve agir na hora-H. por exemplo: sempre que a meninada começava uma discussão acirrada, ela falava, lá da cozinha: “Quem muito fala, muito erra”! Não sei qual era realmente o pensamento dos que escutávamos a advertência da mamãe, mas todos moderávamos na arenga. O que sempre me faz dizer sempre, por aqui, que a educação vem do lar. Já ouvi alguém dizer que nem todos os lares têm instrução suficiente para educar. O que já é uma tolice enorme. Já lhe contei outro exemplo a que assisti e vivi, dentro da empresa onde eu trabalhava, na década dos sessentas, em São Paulo. Daquele jovem simples, operário da empresa. E como já falei disso, não vou repetir. Mas foi o operário que mudou totalmente seu comportamento para melhor, quando recebeu uma carta do seu pai, vinda lá do sertão do Ceará. Tudo melhorou na vida do jovem operário, com sua mudança para melhor no exercício no seu trabalho. E a educação veio de um pai sem instruções intelectuais.

Vamos ser mais comedidos na nossa ultrapassada mania de mostrar nosso valor na intelectualidade que temos. Porque isso indica que aprendemos, mas não nos educamos com o aprender. Quando aprendemos a respeitar o próximo, aprendemos a respeitar-nos, a nós mesmos. Porque é assim que somos realmente respeitados. A religião já nos diz, há séculos, que “devemos respeitar o próximo, como a nós mesmos”. E não tem dado muito certo, porque grande parte ainda não aprendeu a respeitar a si mesmo. Tudo é muito simples, desde que não compliquemos. E complicar na educação é um hábito do ser humano. Pense nisso.

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