Enquanto a Polícia Civil e o Ministério Público de Roraima (MRR) mostravam atuação durante a megaoperação em quatro municípios contra o crime organizado, em outra ponta facções venezuelanas consorciadas com facções brasileiras mostravam sua força no bairro 13 de Setembro, na zona Sul da Capital, localidade onde estão os maiores abrigos de imigrantes, ocupações improvisadas e áreas de invasões.
No dia seguinte à operação que prendeu o líder de uma facção em Roraima, que havia acabado de chegar de São Paulo para fortalecer a organização criminosa no Estado, ontem facionados venezuelanos executaram um rapaz, possivelmente venezuelano, com um tiro na cabeça em uma conhecida área do 13 de Setembro, onde corpos são desovados em acertos de conta, cujo caso mais recente ocorreu em janeiro deste ano e o outro em setembro de 2024.
Não bastassem as forças policiais terem que combater as organizações criminosas brasileiras, os bandidos estrangeiros se aproveitam da situação para agir em Roraima, uma vez que as autoridades mal conseguem fazer frente ao atual cenário das organizações criminosas com sede em outros estados brasileiros. Exemplo dessa sanha criminosa estrangeira foi outra operação da Polícia Civil, no mesmo dia do corpo desovado, em que um venezuelano ameaçava e extorquia taxistas e comerciantes brasileiros no Município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.
Não se pode esquecer que um estrangeiro colombiano é o principal suspeito de ter atirado contra um venezuelano no bairro Caimbé, na zona Oeste, na quarta-feira, o qual acabou morrendo no hospital, um crime que teve como motivação a agiotagem. Significa que os bandidos não se intimidam em agir em Roraima por se sentirem livres para suas ações criminosas, especialmente em bairros conflagrados pelo tráfico de drogas.
Esse é o cenário que se apresenta no Estado, onde as autoridades agem de um lado, mostrando força por meio de uma megaoperação, enquanto os bandidos não se intimidam de outro, mantendo a mesma forma de atuar, matando e desovando os corpos no mesmo bairro e na mesma rua, sem se preocuparem com nada. Inclusive, os faccionados venezuelanos já mostraram sua audácia ao manter um cemitério clandestino naquele mesmo setor, no vizinho bairro Pricumã, que é outra área dominada pelos bandidos, assim como São Vicente, Calungá e parte do Centro de Boa Vista.
Necessário destacar que, vez por outra, são realizadas operações nessas áreas, inclusive com ações midiáticas, mas nada capaz, até o momento, de fazer frente aos criminosos, que desafiam os poderes constituídos no mesmo momento em que a Polícia Civil e o Ministério Público mostravam reação por meio de uma megaoperação. Óbvio que pode ter sido apenas uma coincidência, mas que revela muito sobre a situação a que chegou Roraima.
*Colunista