JESSÉ SOUZA

Megaoperação e a esperança de se frear o avanço do crime organizado

Operação Fim de Dança foi executada em Boa Vista, Rorainópolis, Caracaraí e Mucajaí (Foto: MPRR)

Deflagrada nesta quarta-feira em quatro municípios roraimenses, a “Operação Fim de Dança” revela a face do narcotráfico que age no Estado com conexões do crime organizado em São Paulo, que tenta ampliar o seu poderio por meio de uma facção criminosa. A megaoperação foi articulada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado e de Investigações Criminais (Gaeco) do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) com a Delegacia de Repressão às Organizações Criminosas Organizadas (Draco) da Polícia Civil.

Foram 29 mandados de buscas, apreensões e prisões preventivas cumpridas nos municípios de Boa Vista, Rorainópolis, Caracaraí e Mucajaí, onde os criminosos não apenas agiam no tráfico de drogas como também no recrutamento de membros para a facção criminosa, inclusive mulheres. Entre os presos estão um criminoso de alta periculosidade de São Paulo, enviado há seis meses para estruturar a facção em Roraima, e uma mulher responsável por comandar as ações de mulheres que integram a organização criminosa.

Só aí é possível medir a importância dessa operação que reuniu 150 agentes de diferentes forças policiais, além de agentes do próprio Gaeco. O Estado deixou de ser apenas uma rota para se tornar um sustentáculo do crime organizado para o narcotráfico e outros crimes provenientes dessa atividade, a exemplo de assaltos e homicídios, crimes estes que vêm se ampliando na região Sul do Estado, que é a porta de entrada das ações criminosas a partir de Manaus (AM).

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Sem qualquer dúvida, o tráfico de drogas tornou-se o principal gerador da criminalidade que tem sido registrada nos municípios do interior, além da Capital, dominada por um consórcio de bandidagem que reúne facções brasileiras e venezuelanas, cuja distribuição no mercado tem provocado crimes e disputas por território com retaliações violentas, com seguidos assassinatos em Boa Vista e nas cidades interioranas.

Minar as ações dessas células criminosas é essencial para combater o tráfico de drogas, cujo dinheiro movimentado pelos criminosos não fica restrito aos bandidos, mas acaba sendo usado também para aumentar o poderio do crime organizado, corrompendo servidores, policiais e autoridades, que por sua vez são utilizados para lavagem de dinheiro e tráfico de armas, que inclusive é um dos crimes investigados pela Polícia Federal.

É um alento saber que existem autoridades dispostas a investigar as ações de grupos criminosos, os quais agem para se fortalecer na tentativa de estabelecer um poder paralelo em Roraima, que é um dos objetivos centrais das organizações criminosas. Essa megaoperação de ontem representa a esperança de que é possível enfrentar a criminalidade, além da desratização das bandas podres das instituições, a fim de devolver a tranquilidade para a sociedade. O crime não pode mais prevalecer, sob pena de Roraima se tornar um narcoestado.

*Colunista

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