Desde segunda-feira que o Matadouro Industrial e Frigorífico de Roraima (Mafirr) não está fazendo abate, quando 38 comissionados foram demitidos. Como não é possível sacrificar os animais diante do desfalque dos profissionais, o serviço foi interrompido.
O presidente do Sindicato dos Urbanitários, João do Povo, explicou que essa demissão foi consequência de uma denúncia, feita em 2010 pela entidade sindical para o Ministério do Trabalho e Emprego em Roraima (MTE), sobre a existência de funcionários fantasmas na Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima), que gerencia o Mafirr. A lista ia de parentes de autoridades a jornalistas. Mas a situação nunca foi resolvida.
Após receber a quinta notificação do MTE, a Justiça do Trabalho decidiu recentemente que a Codesaima deveria realizar um concurso público e determinou a demissão de todos os comissionados, o que incluiu os 38 que trabalhavam no Mafirr, localizado na zona rural de Boa Vista.
“Os comissionados resolveram suspender o abate porque, além de o serviço não poder ser feito sem o quadro completo, eles não querem trabalhar de graça. Haverá uma reunião no próximo dia 9, do sindicato junto ao MTE, para decidir como ficará o abate, porque não dá para fazer um concurso em um prazo tão curto. Enquanto isso, ninguém sabe que dia o Mafirr vai retornar”, disse João do Povo.
MTE – O Ministério do Trabalho e Emprego foi contatado pela Folha e respondeu que está apurando as informações e que se pronunciará na segunda-feira, 6.
SURPRESA – O pecuarista Mabert Diogo se espantou quando encaminhou seu gado na segunda-feira e descobriu que o abate não aconteceria. Até a tarde de ontem, quando falou com a Folha, os seus animais continuavam no local. Ele disse que acumula prejuízos diários de R$50 mil no seu comércio no Município do Cantá, à Centro-Leste do Estado. “A situação está crítica. Nós, pecuaristas, ficamos sem carne para vender e nossos consumidores saem estressados das lojas. Perdem eles e perdemos nós”, reclamou.
Codesaima diz que vai reorganizar quadro de funcionários no Mafirr
O presidente da Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima), Márcio Granjeiro, disse que está estudando como reorganizar o quadro de efetivos do Mafirr para que o serviço retorne, mas ainda não há data certa para isso.
O concurso público exigido pelo MTE também está em análise, tanto do organograma, que tem que ser aprovado pela Assembleia Legislativa de Roraima, quanto do Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR). “Tudo precisa ser estudado para atender à determinação judicial e evitar problemas à sociedade”, frisou.
Os pecuaristas com animais no Mafirr podem retirá-los, segundo Granjeiro, que frisou não haver motivo para prejuízos, visto que existem outros matadouros nos municípios do Cantá, São Luiz e Caracaraí.
Com a expectativa da construção do Frigorífico este ano, de propriedade particular, o presidente da Codesaima afirmou que será mais uma opção aos pecuaristas. “O certo seria termos mais dez plantas de frigoríficos. Então, tudo que vier promover o desenvolvimento da agroindústria do Estado será melhor”, afirmou.
Aderr alega falta de efetivo por não concluir relatório sobre cancro cítrico
A Agência de Defesa Agropecuária (Aderr) vai pedir prorrogação, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do prazo para a entrega do relatório referente às unidades de produção e comercialização de citros no Estado. O presidente do órgão, Vicente Barreto, informou que o relatório não está finalizado, mas será entregue na segunda-feira, 6, conforme previsto.
Pelo fato de o Estado estar pleiteando uma área de erradicação do cancro cítrico, Barreto acredita que o Mapa não vai aceitar que o relatório seja feito de forma parcial, como está no momento. Ele disse que os municípios de Rorainópolis, São João da Baliza, São Luiz do Anauá, Boa Vista, Caroebe, Alto Alegre, Amajari e Pacaraima já estão com o cadastro pronto. Contudo, as demais localidades estão com o levantamento incompleto.
“O pedido de prorrogação deve ser de 15 dias. Não temos efetivo suficiente para fazer o levantamento e entregar completo no dia 6. Vamos entregar e acredito que os produtores não serão prejudicados”, disse Barreto ao explicar que o levantamento vai mostrar onde o cancro cítrico está presente no Estado.
A partir daí, junto às instruções normativas do Mapa, os municípios serão normatizados e liberados. Até o momento, ele ressaltou que nenhum município foi identificado com o caso, principalmente no Sul do Estado, onde a produção é relativamente maior.
No caso de não entregar o relatório, a penalidade ao Estado é a proibição da exportação dos produtos. Ciente da preocupação dos produtores, Barreto ressaltou que o trabalho está sendo desenvolvido mesmo com o baixo efetivo. “Pedimos paciência, porque precisamos analisar todo o Estado. Se você tem um pé de limão ou laranja, já tem o citro, e a doença pode estar estabelecida no fundo daquele quintal”, frisou.
SOLICITAÇÃO – O superintendente Federal de Agricultura, Plácido Alves, solicitou a prorrogação ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na semana passada. Ele explicou que já sabia que o relatório estava sendo realizado, mas que não estava pronto. “Para não ficar em cima da hora, preferi pedir antes, até para ver uma forma de prorrogar por mais 180 dias”, disse.
Conforme Alves, a instrução normativa número 5, referente ao cítrus, completou seis meses no dia 26 de fevereiro. Sua importância é nacional, tendo em vista que o país precisa reconhecer as áreas endêmicas. Para tanto, cada Estado deve informar a sua respectiva situação. (A.G.G)