Cotidiano

População pode esperar outro ano de crise, avalia economista

Após o término de um ano que agravou os problemas políticos e econômicos do País, o economista Raimundo Keller avalia 2017 na mesma situação

A crise que assolou o ano de 2016 está longe de acabar, tendo em vista que o problema econômico se resume à necessidade de resolver-se, em primeiro lugar, a instabilidade política. Conforme o economista Raimundo Keller, ainda virão delações da Odebrecht, o julgamento da cassação da chapa Temer/Dilma e uma sequência de nuances políticas que demandam ações econômicas.

“Em todo caso, e com sorte, o Brasil pode crescer de 0,5% a 1%, no máximo. O primeiro semestre não será bom”, disse. Ainda no início deste ano, o número referente ao desemprego deve aumentar. Os atuais 12 milhões de desempregados representam cerca de 10% da população economicamente ativa. O índice deve aumentar e o País pode ter aproximadamente 13 milhões de desempregados.

No entanto, o segundo semestre já deve começar a apresentar resultados de recuperação econômica. O economista salientou que, apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) do País ter fechado o ano de 2016 com um índice negativo alto, durante 2017 é possível ter um crescimento, ainda que não recupere o que foi perdido durante os anos anteriores.

Acontece que o Brasil teve governantes, sobretudo na era PT e no final da era Fernando Henrique Cardoso (FHC), quando se gastou muito e não havia medidas econômicas capazes de desenvolver o País. “Mergulhamos numa profunda crise e para sair não vai ser fácil. Creio que por 2020, se houver responsabilidade, podemos começar a engatinhar. Então não é em 2017 que as coisas vão melhorar. Não me satisfaz falar isso porque magoa os brasileiros”, lamentou.

Keller ainda ressaltou à população que, durante uma compra, a maior parte do dinheiro é destinado a tributo. Atualmente, a exemplo, o brasileiro paga R$ 4,00 pelo litro da gasolina, o triplo do que o americano paga. Levando em consideração a quantidade de petróleo que o País possui, é constatado que ao comprar gasolina, o brasileiro, na verdade, está pagando imposto. “A sociedade não aguenta, mas o Governo precisa fazer isso porque o País está quebrado e não tem de onde tirar recursos”, salientou.

Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e o Rio Grande do Sul são exemplos de Estados que faliram. Keller lembrou que o salário do mês de novembro no Rio de Janeiro vai ser pago de forma parcelada, em cinco vezes, a partir deste mês. Enquanto a dignidade do trabalhador brasileiro é atingida, o País mergulha no caos, e para virar o jogo, são necessárias ações econômicas e dependência do ambiente político.

No outro lado da moeda, apesar do desemprego, o processo inflacionário deve se estabilizar em 2017, aí que vem o começo do crescimento econômico. Além disso, as taxas de juros devem começar a decair a partir do segundo trimestre em razão da estabilidade inflacionária. Havendo os dois pontos, o ciclo econômico começa a engatinhar em passos lentos. Ainda assim, vai depender das medidas políticas para se assegurar.

Para o economista, o que o Brasil deve incentivar é o processo de exportações, visando até a entrada de recursos externos, ainda que dependa do que o presidente Donald Trump vá fazer nos Estados Unidos. “Ele quer cortar o paraíso chinês que exista lá. Há também um pseudo-rompimento entre Israel e os EUA, então, vai depender das ações dos grandes países para o Brasil engatinhar no ambiente”, declarou. (A.G.G)

Economista dá conselhos de compras e investimentos

Diante do cenário avaliado pelo economista Raimundo Keller, ele orienta que para tudo que o cidadão for comprar, que ele se pergunte se realmente precisa. Em caso positivo, que sempre, e se puder, pague à vista, principalmente agora que foi aprovada a Medida Provisória 763, que beneficia os consumidores que pagarem as compras em dinheiro. “O dinheiro à vista é ordem que o consumidor dá a quem está vendendo. Evitem juros!”, disse. Atualmente, o Brasil possui os juros os mais altos das Américas e o segundo mais alto no mundo.

IMÓVEIS – Para Keller, a melhor forma de investimento ainda é a compra de imóveis, já que devido ao problema econômico, houve queda de preço. Contudo, a partir do momento que a economia se recuperar, os imóveis devem voltar com preços atrativos ao mercado. Então, quem tem a possibilidade de investir na compra de um, terá, no espaço de um ano, uma recuperação que nem poupança ou outro investimento dará.

POUPANÇA/TESOURO DIRETO – Apesar de muito utilizada, a poupança não é atrativa hoje e até daqui a um ano vai continuar não sendo. Enquanto houver especulação e a possibilidade de o Governo utilizar recursos da aplicação em poupança para fins de manutenção da própria base de investimentos, “sempre vai ter uma remuneração que é meio por cento ao mês, mais o resíduo inflacionário, o que é pouco”, alertou Keller.

No momento atual, o tesouro direto é uma incógnita, uma vez que depende de como o mercado vai reagir aos próximos tempos. No caso de financiamento, o economista sugere que seja com fundos, sobretudo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que possam possibilitar uma compra atrativa.

CARRO – Tratando-se de carro, Keller afirmou que não é um bom negócio diante do mercado atual. Conforme relato, o automóvel possui relevante depreciação. “Saiu da loja e já está desvalorizando. Além disso, a taxa de remuneração do carro usado no mercado é baixa, e para financiar é um preço alto, o que resulta em perda de capital”, pontuou. (A.G.G)

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