Conforme a resolução nº 06/2014, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a venda de anticoncepcionais só deve ocorrer sob prescrição médica. A medida foi exigida em razão de monitoramentos realizados pela Anvisa e outras agências internacionais sobre os benefícios e riscos do uso do medicamento. Contudo, em pesquisa feita pela Folha nas principais farmácias de Boa Vista, os farmacêuticos se propõem a vender o produto sem a receita.
Segundo a farmacêutica da Vigilância Sanitária Municipal Elza Viana constantemente são realizados monitoramentos nas drogarias e farmácias da Capital. Durante essas vistorias, a vigilância tem acesso ao livro de aplicação, onde são registradas as vendas. “Verificamos se ele está atualizado ou não. Tendo uma data recente, o lixo também pode ser verificado. Pode ocorrer porque não podemos ficar 24h lá, mas não deveria acontecer”, relatou.
A farmacêutica informou que nas fiscalizações há casos em que os pacientes apresentam a receita para efetuar a compra, assim como há casos em que ninguém aparece para comprar. Em qualquer circunstância, a vigilância orienta os farmacêuticos a respeito da venda correta.
Em caso de flagra no descumprimento da resolução, sendo uma infração sanitária, a farmacêutica ressaltou que a penalidade varia de acordo com a situação: o estabelecimento pode ser lacrado ou pagar multa. Apesar disso, ela ressaltou que a demanda pode diminuir, uma vez que o farmacêutico cumpra de forma fiel o seu código de ética. “Como ele sabe que não pode e aplica? É uma infração sanitária, mas também depende do profissional”, frisou.
RISCOS – De acordo com os estudos feitos pela entidade junto a outras agências, as mulheres que usam anticoncepcionais contendo drospirenona, gestodeno ou desogestrel têm risco de quatro a seis vezes maior de desenvolver tromboembolismo venoso, no período de um ano, do que as mulheres que não usam contraceptivos hormonais combinados.
Diante do resultado, a Anvisa informou que antes de utilizar qualquer contraceptivo, é necessário fazer consulta ao médico, onde é feito um levantamento histórico da paciente, além de histórico familiar e um exame físico para determinar a pressão arterial. Além disso, também é recomendado realizar exames das mamas, fígado, órgãos pélvicos e papanicolau pelo menos uma vez ao ano durante o uso dos anticoncepcionais. (A.G.G)
50% da população mundial toma medicamento de forma incorreta
O remédio que hoje pode aliviar uma dor de cabeça ou tratar uma gripe ou resfriado pode trazer riscos à saúde em um futuro não tão distante, principalmente se há uma combinação inadequada dos medicamentos.
Conforme dados levantados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente 50% da população mundial usa o medicamento de maneira inadequada, mais de 50% dos medicamentos receitados são dispensáveis ou vendidos de forma irregular e cerca de 1/3 da população do mundo tem carência de medicamentos essenciais.
A maneira incorreta do uso pode causar o agravamento de uma doença, uma vez que a utilização inadequada pode esconder sintomas. Sendo antibiótico, a atenção deve ser dobrada. O uso em exagero de antibióticos pode facilitar o aumento da resistência de microrganismos, o que compromete a eficácia dos tratamentos. Outra preocupação é em relação à combinação inadequada. Neste caso, o uso de um medicamento pode anular ou potencializar o efeito do outro.
O Ministério da Saúde e a OMS alertam que o uso de remédios de maneira incorreta ou irracional pode trazer consequências como: reações alérgicas, dependência e até a morte. (A.G.G)