Além da redução do número de leitos nos últimos anos em hospitais públicos dos municípios de Roraima, divulgada em pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), muitos pacientes que dão entrada no Hospital Geral de Roraima (HGR) ficam acomodados de forma improvisada em macas espalhadas pelos corredores. A situação é mais grave quando o internado possui problemas graves de saúde e necessita de local com condições adequadas para realizar o tratamento.
A pesquisa do CFM foi divulgada pela Folha no dia 27 do mês passado, a qual revelou que alguns municípios, como Amajari, a Norte, Iracema, Centro-Sul, e Uiramutã, a Nordeste do Estado não possuem nenhum leito, desde 2011, em unidades geridas com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). Em outras, houve redução. Na época, o Governo do Estado anunciou a ampliação de leitos para internação.
Em Boa Vista, apesar de haver leitos, a quantidade não é suficiente. Basta circular pelos corredores do HGR para perceber que o problema não se restringe às cidades do interior. Pacientes em macas esperam por atendimento em uma unidade hospitalar que apresenta problemas estruturais e superlotação. Ficar acomodado em áreas de acesso dos hospitais é inadequado para pacientes, acompanhantes e profissionais, como médicos e enfermeiros.
De acordo com especialistas da área de saúde, o paciente em macas, ou até mesmo em leitos, porém em locais inadequados, além de dificultar o trânsito de pessoas, possui maiores riscos de contrair infecções. Os acompanhantes também lotam os corredores e acabam dormindo de maneira improvisada, atrapalhando o transporte de materiais hospitalares dentro da unidade hospitalar. Eles reclamam da falta de cadeiras para que possam esperar o parente ou amigo em tratamento.
GOVERNO – A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) afirmou, por meio de nota, que vem adotando medidas para amenizar o problema de superlotação no HGR. Frisou que, com adaptações internas, foram gerados recentemente 12 novos leitos para a unidade e que, além disso, o contrato para credenciamento de leitos de retaguarda mantido com o Hospital Lotty Iris (HLI) foi prorrogado até o final do ano. Em vez de 44, a unidade passará a ofertar 60 leitos, com uma redução de 20% no custo por paciente.
“Foram gerados mais 16 leitos sem aumento no valor do contrato. A medida é fundamental para amenizar, em curto prazo, a superlotação do HGR, que é a maior porta de entrada de urgência e emergência no Estado, pois atende pacientes da capital, interior, países vizinhos e outros estados”, diz a nota, ao complementar que a unidade credenciada recebeu 1.465 pacientes em 2015 e 438 até abril deste ano.
Neste ano, segundo as informações, foi realizada uma reformulação do contrato, o que incluiu novos procedimentos e exames laboratoriais sem aumento no valor da diária. “A partir do contrato em vigor atualmente, foram acrescidos ainda novos leitos com um custo individual cerca de 20% abaixo do praticado até então”.
O secretário estadual de Saúde, César Penna, explicou que o credenciamento de leitos de retaguarda oferece para o Estado um serviço completo, cofinanciado entre Estado e União. “Esta é uma medida que, em curto prazo, é fundamental para a assistência à população, pois amplia a capacidade de atendimento do HGR”, explicou.
NOVO HOSPITAL – Segundo Penna, a solução definitiva para a superlotação no HGR ocorrerá com a inauguração do Hospital das Clínicas, prevista para este ano, gerando mais de 118 novos leitos. Informou que apesar de os atendimentos de emergência continuarem sendo realizados no Pronto Socorro Francisco Elesbão, anexo ao HGR, o funcionamento da nova unidade resolverá de maneira definitiva o problema de macas espalhadas pelos corredores do Hospital Geral.
“O novo hospital está em fase final de construção e os processos para equipamento já estão em andamento, com recursos garantidos”, disse o secretário. Quanto à acomodação de acompanhantes, a Sesau informou que está providenciando a aquisição de poltronas para atender esta demanda. Enquanto isso, a Secretaria autoriza os usuários a levarem cadeiras de plástico, que por ser material lavável, minimiza o risco de infecções.(A.D)