Um previsível flagelo fruto do garimpo ilegal

Sebastião Pereira do Nascimento*

Aonde quer que aconteça, o garimpo sempre foi um sinônimo de esperança para muitas de pessoas. Esperança que na maioria das vezes não passa de ilusão e de promessa de lucro rápido e fácil. No entanto, na dura realidade do garimpo, o lucro rápido e fácil acontece apenas para aqueles que têm o dinheiro para financiar a ilusão dos esperançosos, ou melhor, dos iludidos.

Portanto, ao contrário do que apregoa o discurso do atual governo e da classe mineradora, o garimpo ilegal não é atividade exclusiva de homens pobres em busca de sobrevivência. É, na verdade, um sistema econômico que envolve uma série de indivíduos altamente capitalizados que detêm o poder de barganha diante dos agentes políticos e o poder de “assanhar” uma categoria de pessoas necessitadas, logo denominadas de garimpeiros.

E, enquanto os grandes capitalistas se locupletam das benesses do sistema e do fracasso dos desvalidos, essa massa de homens desorientados enfrenta a floresta e os rios caudalosos em busca dos metais preciosos deixando um rastro de destruição ambiental e humana, chegando ao limite da barbárie quando atacam as comunidades indígenas como vem acontecendo nas TIs Yanomami, Raposa Serra do Sol (em Roraima) e em outras TIs da Amazônia.

Nos últimos meses, representantes de garimpeiros participaram de reuniões com o governo federal para apresentarem demandas. Uma das reivindicações é o fim da queima de maquinários, prática utilizada quando a atividade acontece de forma ilegal. O governo vem se mostrando favorável a atender às reivindicações e afirmando uma proposta – por meio do projeto de Lei 191/2001, que está no congresso – para liberar a mineração dentro das terras indígenas. A justificativa é de que a atividade já acontece e que precisa ser regulamentada. No entanto, não há um olhar para os problemas sociais e ambientais vinculados à prática da mineração. Sob outra perspectiva, qualquer tentativa de “legalizar” o garimpo em TIs, além de atentar contra a constituição federal, tem o intencional propósito de querer exterminar os povos originais do Brasil.

Embora na atualidade o avanço do garimpo possa ter aumentado, mas essa atividade, em especial na Amazônia, remonta um contexto histórico de muitos problemas, sobretudo relacionado aos garimpos ilegais que se sucederam ao longo do tempo e principalmente durante a década de 1980, como o garimpo a céu aberto de Serra Pelada (PA), o garimpo no leito do rio Madeira (RO), o garimpo do Paapiú no coração da TI Yanomami (RR), dentre outras frentes garimpeiras nos estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso.

Todos esses eventos (passados e atuais) convergem de forma negativa para diversos pontos comuns, dentre eles os estragos ambientais, aumento dos bolsões de misérias (uma vez que esses garimpos não oferecem benefícios aos povos locais), aumento da prostituição, concentração de renda, conflitos agrários e alto índice de violência, inclusive com abate de defensores de causas sociais e ambientais e ataques fulminantes aos povos indígenas. Assim, é difícil dizer algum benefício que esse tipo de garimpo traz para a sociedade. Pelo menos em Roraima, nunca se viu sequer uma escola, um posto de saúde ou quaisquer outras ações sociais consequentes de recursos do garimpo. Ademais, a garimpagem em TIs é proibido pela constituição brasileira, portanto, todos aqueles que incentivam ou praticam o garimpo em terra indígenas estão agindo de forma ilegal. Além disso, dentro do aspecto legal e moral, não tem como avaliar essa atividade mineradora como de boa-fé, visto que tanto as autoridades públicas quanto os representantes de garimpeiros, sabem da proibição, apesar da prática do garimpo à margem da lei.    

 

À vista disso, em Roraima – onde o garimpo é 100% ilegal –, a mineração se afirma ainda mais agressiva pelo fato das autoridades (estaduais e federais) se ajustarem ao que podemos chamar de conluio para um genocídio previsível dos povos indígenas, onde os agentes públicos se omitem do dever de controlar, fiscalizar, preservar e cuidar do meio ambiente e da própria população mais pobre, a qual se tivesse outro meio de vida, de certo as pessoas não se ariscariam à nefasta brutalidade do garimpo. E aqui, se nada for feito, tudo resultará numa catástrofe irreversível como já se nota nos rios Mucajaí, Ajarani, Apiaú, Uraricoera, etc. Isso associado ao grave quadro que se encontram os povos Yanomami e Ye’kuana, assim como os Macuxi, onde a frente garimpeira já atingiu suas terras tradicionais.

Assim, os garimpeiros, ainda que vítimas das mazelas do país, são responsáveis também por suas ações (individuais e coletivas) no garimpo ilegal, onde no afã de “bamburrar” e dar lucro aos seus “patrões”, sugam o ouro da terra de maneira mais cruel possível, sem se importar com a vida humana, com o choro da floresta e o gemido dos rios. Neste universo, estão ainda os financiadores do ouro (dominadores de fora), que levam toda riqueza e deixam os garimpeiros apenas com as migalhas e o Estado assolado pela miséria e o impacto ambiental. De certo, todos aqueles que defendem e praticam o garimpo ilegal, se a terra fosse feita de ouro eles morreriam por um punhado de lama.

*Consultor ambiental e filósofo. Autor dos livros “Sonhador do Absoluto” e “Recado aos Humanos”. Editora CRV. Coautor de “Vertebrados Terrestres de Roraima”, publicado pelo periódico científico Biologia Geral e Experimental.

Estude a lição de hoje

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Os pontos culminantes da vida dos bem-sucedidos geralmente chegam no momento de alguma crise, através da qual são apresentados ao seu novo eu”. (Napoleon Hill)

Veja e viva a crise atual como mais uma lição de vida. Só os bem-sucedidos sabem o quanto tiveram que lutar para vencer as crises enfrentadas durante a batalha vencida. Uma luta da qual não há como fugir. Todos nós temos que enfrentar e vencer. Não há como vencer sem lutar. E só os fracos perdem. São os que ficam se escondendo por detrás da cortina, em vez d
e enfrentar o palco e desempenhar seu papel. Temos tantos bons exemplos, que na sua simplicidade nos mostram o caminho que devemos tomar para o sucesso. Poderíamos citar um número excelente de bons exemplos, mas vamos nos limitar a apenas dois: Perin, e Miro, conhecido como cabeleireiro. Dois empresários que nos dão, e mostram, os caminhos para o horizonte do sucesso. As crises existem para serem vencidas. São perigosas, e por isso devemos encará-las como inimigas que devemos vencer. Não há como baixar a cabeça e deixar que as crises pisem nos nossos pescoços. A Mirna Grzich, que entre tantas outras frases enriquecedoras sobre as crises, nos dá esta: “Bendita crise que me faz dar mais importância à vida”. E quando damos importância à vida, lutamos por ela. E é uma luta que não devemos perder. Então vamos em frente. Vamos parar de ficar nos entristecendo diante das notícias espalhafatosas que ouvimos todos os dias, como se o mundo estivesse desabando. Cada um de nós é uma alavanca para sustentação da humanidade. E mesmo como simples e mera alavanca, devemos saber, e respeitar o poder que cada um de nós tem, e fazer o melhor para vencer. Então vamos vencer, independentemente do tamanho da crise. Nenhuma crise pode ser maior nem superior a cada um de nós. Vamos parar de chorar, e lutar como devemos lutar. Vamos nos preparar para sermos o que realmente somos. Porque até agora ainda não nos encontramos dentro de nós mesmos. Ainda não entendemos que temos todo o poder que Deus nos deu na nossa criação. E como seres humanos, nossa criação neste planeta não foi mais do que um início de evolução. Início que depois de vinte e uma eternidades continua iniciando. Ainda não progredimos. Continuamos como seres de origem racional, mas ainda considerado como animais racionais. Até quando continuaremos animais? Tudo vai depender de cada um de nós. Até quando entendermos que as crises são produtos do atraso da nossa evolução. Elas são produto do pensamento dos que pensam estarem evoluindo. Quando na verdade estão nos ensinando a evoluir. Pense nisso.

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