5 de junho – Dia de dizer SIM à preservação ambiental 

Schirley Luft*

Hoje, 5 de junho, se comemora o dia mundial do meio ambiente. O Brasil é considerado o país mais rico em biodiversidade do planeta, com uma fauna, flora e recursos minerais, distribuídos nos seis biomas: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Pampa, Pantanal e a Caatinga, que é o único bioma exclusivamente brasileiro (IBGE).

Soma-se a essa riqueza “uma costa marinha de 3,5 milhões km², que inclui ecossistemas como recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos” (MMA). Pesquisa realizada em 2020 pela Confederação Nacional da Indústria mostrou que “mais de 90% dos brasileiros se preocupam com o meio ambiente”. Iniciativas importantes para conter a degradação e que busquem unir desenvolvimento e preservação tem sido implementadas, mas, não o suficiente para abarcar as demandas que se multiplicam por todo o pais. A responsabilidade pelo futuro ambiental é de cada um de nós, pois é do esforço conjunto entre governantes e a sociedade que as políticas ambientais poderão avançar. É urgente que o Brasil tome para si as responsabilidades que lhe cabem, criando mecanismos efetivos de prevenção, combate aos crimes e fiscalização das nossas riquezas, a fim de evitarmos tragédias como os incêndios no Pantanal do ano passado. Por isso, no dia mundial do meio ambiente eu vou tentar repetir o óbvio nesse texto. 

Precisamos dizer: 

– NÃO ao desmatamento da Amazônia. SIM, à floresta em pé. Desmatar gera poucos impostos, poucos empregos, apenas lucros exorbitantes para os madeireiros, considerando que boa parte são grileiros – invasores que se apropriam ilegalmente de grandes áreas na Amazônia somente para desmatar. Pesquisas do Instituto Imazon já comprovaram que mais de 60% do corte de madeira no Pará são ilegais. O Jornal O Liberal do Pará também já publicou notícia dando conta de que mais de 90% dos desmatamentos no Pará são ilegais. Muitas madeireiras que atuam na região são estrangeiras (asiáticas), inclusive. Muitos proprietários não vivem aqui.

– NÃO ao turismo de massa, principalmente em áreas de preservação, exceto com um sistema rigoroso de fiscalização e controle, política que só funciona em raros locais do Brasil. Está mais do que provado que o excesso de turistas traz sérios riscos ao meio ambiente. Um exemplo é Machu Picchu, no Peru, que fechou vários pontos à visitação. A ilha de Fernando de Noronha, onde o número de visitantes é controlado por se tratar de área de preservação, já tem sofrido com os impactos do turismo, nos últimos anos.   

– NÃO à caça esportiva. O melhor caminho é preservar nossa rica biodiversidade – fauna e flora, proteger animais, em especial, àqueles que correm risco de extinção.

– NÃO ao tráfico de animais silvestres, um dos crimes mais hediondos com a nossa fauna. Muitos animais contrabandeados são enviados pelos correios, viajam dias, e chegam mortos ao destino. É o 2o crime mais lucrativo do Brasil, só perdendo para o tráfico de drogas. É preciso reforçar a fiscalização e endurecer as leis.

– NÃO ao uso abusivo de agrotóxicos. Vários países já estão buscando comprar alimentos menos tóxicos. Se as projeções se confirmarem, o Brasil poderá não se enquadrar nesse perfil futuramente.

– NÃO à privatização da água. Há uma conversa de que o Brasil poderia privatizar o aquífero Guarani, vendê-lo para a gigante americana Coca-Cola.

– NÃO à energia movida a carvão. Há uma proposta para trazer de volta esse modelo, ultrapassado e altamente poluente. O Brasil possui potencial suficiente para produzir energias limpas: solar, eólica, biomassa, etc. E etc.

– NÃO à falta de senso crítico. Trazer para o debate temas importantes, e que estejam próximos a nós, que norteiam a nossa comunidade, a nossa cidade, o nosso estado. A sustentabilidade é sobretudo uma questão local, regional, nacional. 

SIM, aos investimentos em Bioeconomia na Amazônia e agricultura regenerativa para as áreas e regiões degradadas. É unanimidade entre os pesquisadores de que o Brasil deveria ser o protagonista mundial quando o assunto é meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Ditar as cartas. 

*Jornalista e professora do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Roraima (UFRR)

Voltar a crescer

João Carlos Marchesan*

 Tudo indica que 2021 não irá cumprir a expectativa de ser o ano da tão esperada retomada do crescimento. Os primeiros dados disponíveis sobre o comportamento da economia não são bons e analistas independentes estão falando em queda do PIB, não somente neste primeiro trimestre, em relação ao último trimestre do ano passado, mas, possivelmente, também do segundo trimestre face ao primeiro, o que compromete, irremediavelmente, um melhor desempenho para este ano, como um todo.

Considerando que o carregamento estatístico, de 2020, já garantia, mesmo sem crescimento real, um resultado ao redor de 3,6% a.a., isto significa que se o PIB deste ano vier abaixo do piso das projeções do mercado, que era  de 3,5%, o Brasil terá mais um ano frustrado em termos de crescimento econômico. O quadro é ainda mais preocupante porque o país estará completando o sétimo ano sem crescimento acumulado, o que significa, na prática, um empobrecimento progressivo dos brasileiros.

A continuidade da pandemia, a situação fiscal, o elevado desemprego, o endividamento das famílias e das empresas…, podem ser invocados para justificar este fraco desempenho, mas, no fundo, apenas confirmam que o país não tem nenhum plano para a retomada do crescimento. Não dá, pelo sétimo ano consecutivo, após termos avançado em leis e reformas importantes como a trabalhista, a previdenciária, o marco do saneamento e tantas outras, continuar culpando a falta de mais reformas por este resultado medíocre.

Ainda que algumas destas reformas, como a administrativa e, principalmente, a tributária sejam importantes, estes últimos anos demonstraram que, embora necessárias, elas não são suficientes para garantir o crescimento. Portanto, está mais do que na hora de abandonar crenças fundamentalistas e ideologias e, de forma pragmática, passar a elaborar uma estratégia de retomada do crescimento que utilize, além das forças do mercado, o enorme poder do Estado reconfirmado, a nível mundial, pela crise de saúde pública.

Esta estratégia passa por imunizar a grande maioria da população, no menor prazo de tempo possível. Se tivermos vacinas, podemos conseguir isto até o terceiro trimestre deste ano, evitando mais uma queda real do PIB  o que evitaria piorar a situação dos mais vinte milhões de desempregados e desalentados e, pelo menos, outro tanto de brasileiros que vivem à margem da sociedade, bem como o preocupante aumento da pobreza absoluta, o fechamento de fábricas e o retrocesso na educação.

A par da vacinação, o governo deveria retomar os investimentos públicos em infraestrutura, para criar empregos, até que o crescimento da economia passe a cumprir este papel. A elevada dívida pública não deve ser um impedimento absoluto para bloquear os investimentos públicos, primeiro porque estamos falando de gastos anuais da ordem de 1,0 a 1,5% do PIB, face a uma dívida de quase 90% do PIB e, segundo e mais importante, porque como diz o FMI muito mais importante do que o valor do gasto público é sua qualidade.

A imunização da população e a retomada dos gastos públicos, ainda que nos termos modestos propostos, são os únicos motores disponíveis para podermos voltar a crescer no curto prazo, inclusive em termos de renda per capita, algo que não ocorre desde meados da década passada. Entretanto, manter o crescimento, a médio e longo prazo, a taxas iguais ou superiores ao crescimento mundial
, condição necessária para reduzir nosso distanciamento em relação aos países desenvolvidos e em desenvolvimento, exige outras medidas.

Nossa estratégia de desenvolvimento precisa incluir a forte redução das ineficiências sistémicas para assegurar um ambiente macroeconômico favorável ao investimento produtivo, com câmbio competitivo, inflação baixa e sob controle, financiamentos de longo prazo, e juros reais de mercado inferiores à taxa de retorno da produção de bens e serviços. Um ambiente de negócios amigável é outra pré-condição necessária, o que exige um sistema tributário bem mais simples e menos distorcido, marcos regulatórios adequados, segurança jurídica e forte redução das obrigações acessórias.

Tal ambiente implica, ainda, na disponibilidade de energia a custos adequados, no estabelecimento de uma robusta rede de comunicações de alta velocidade que interligue o país e seja acessível à grande maioria da população brasileira, e em avanços substanciais e contínuos em nossa logística. Isto irá eliminar dos custos de produção de bens e serviços nacionais o peso do custo Brasil que, atualmente, reduz fortemente a competitividade brasileira e deixa em desvantagem nossos produtos, tanto nas exportações quanto no mercado interno.

Políticas públicas de desenvolvimento devem permitir que o setor produtivo  retome os investimentos tanto em máquinas e equipamentos quanto em tecnologia, essenciais para garantir ganhos de produtividade. A reconstrução da competitividade empresarial, o fortalecimento das cadeias produtivas e a reversão do processo de desindustrialização deverão contar com políticas para suportar os esforços empresariais com os programas de digitalização, com o sensoriamento inteligente e a administração dos big data resultantes, via I.A. e plataformas de integração.

Estas políticas públicas devem prever, ainda, forte apoio à P&D, e inovação do setor privado, com recursos parcialmente a fundo perdido, com a colocação de encomendas tecnológicas do setor público junto às empresas e com o uso intensivo do poder de compra do Estado para direcionar o desenvolvimento para as tecnologias emergentes e de retorno longo ou duvidoso, bem como o aumento dos recursos públicos destinados à ciência e à pesquisa básica e aplicada, principalmente nas áreas de saúde, biotecnologia, energia renovável, novos matérias, baterias de alta eficiência, microeletrônica….

Finalmente, a educação de qualidade em todos os níveis e, principalmente, a formação de uma massa crítica de recursos humanos, bem qualificados, nas novas áreas do conhecimento é essencial para suportar este esforço nacional de desenvolvimento, capaz de garantir um mínimo de segurança industrial ao país o que, junto com a segurança alimentar, energética e militar garantem a nossa soberania permitindo que o crescimento sustentado, se dê na direção da melhoria da qualidade de vida da população brasileira e com a democratização das condições de acesso às oportunidades para todos.

*Administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ

O grito irrita a garganta

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Pena que todas as pessoas que sabem como governar o país estejam ocupadas a dirigir táxis ou cortar cabelos”. (George Burns)

Só quando amadurecemos aprendemos que os inteligentes não discutem. Ninguém ganha uma discussão. Então por que discutir? Mas, mais irritante é ver os discutidores irem para as ruas, espernear contra sabe-se lá o quê. Os menos avisados ficam diante do televisor assistindo a coisas absurdas e ouvindo absurdos maiores, dos que deveriam estar cortando cabelos. Há um sem número de desconhecedores que pensam que conhecem. E é aí que a jiripoca pia. Os despreparados são mais frágeis para o engodo.

O mundo todo continua desgovernado. E ainda não houve um governo suficientemente competente para educar o povo. E sem educação continuaremos na gangorra do desprepara político. Continuamos na do Rei da França, Henrique IV: “Todo povo é uma besta que se deixa levar pelo cabresto”. E como é que você se sente? Mantendo sua vida pelo seu raciocínio racional, ou se deixando levar pelo cabresto político? Cuide-se.

Inicie seu cuidado preparando-se politicamente, mesmo sem ser político. Porque você precisa ser um cidadão. Mas só o será quando estiver preparado para preparar a política no seu Município, no seu Estado, e sobretudo no seu País. Medindo seu dever você mede sua responsabilidade em eleger políticos que realmente saibam ser políticos. E você nunca conseguirá chegar ao patamar da cidadania, nadando na ignorância do voto obrigatório. Já imaginou qual o motivo de você ainda não merecer o direito cidadão do voto facultativo? Porque os educadores não têm coragem de lhe dizer que você só será cidadão quando tiver o direito de votar por dever e não por obrigação.

Saia desse círculo de elefante de circo, gritando e fazendo bagunça, pelas ruas, protestando contra o que você não sabe realmente, se está certo ou errado. Vamos amadurecer e nos educarmos para que possamos reclamar civilizadamente, pelo nosso direito ao voto facultativo. Mas precisamos primeiro nos educarmos para merecê-lo. E a responsabilidade é de cada um de nós. E nunca teremos bons políticos enquanto continuarmos votando em candidatos que ainda seguem, mesmo sem saber, a do Saint-Just: “Todas as artes produziram obras-primas. A arte de governar só produziu monstros”. E todos nós eleitores, somos os artesãos. Então vamos nos preparar para que possamos resolver com sabedoria em vez de gritarias e discussões tolas.

Não se deixe levar pela influência da publicidade aleatória e incompetente. Cuidado com sua escolha nas próximas eleições. Se nós não mudarmos, nada mudará. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

95-99121-1460

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