Cotidiano

Venezuelanos choram e fazem roda de oração durante protesto

A missionária brasileira Lucilene Silva diz que é preciso se colocar no lugar dos venezuelanos e entender que a crise no país pode acontecer em qualquer lugar

Enquanto gritos e discursos agressivos estavam sendo exaltados em frente à Praça Simón Bolívar, a maioria dos estrangeiros observava à distância, boquiabertos com a situação. Um pequeno grupo se reuniu no centro da praça e iniciou uma roda de oração, com cânticos religiosos. Com as mãos aos céus e lágrimas escorrendo pelos seus rostos, o pedido era que os brasileiros não fechassem as portas de seus corações.

As orações eram dirigidas pela missionária brasileira Lucilene dos Santos Silva, da Igreja Assembleia de Deus. Para ela, o protesto é uma falta de entendimento dos brasileiros em se colocar no lugar dos venezuelanos e entender que a crise na Venezuela pode acontecer em qualquer lugar e um dia também podem precisar de ajuda.

“Eles estão olhando para si próprios, não estão olhando para as crianças, para as mulheres grávidas, os idosos, as famílias que vem com apenas uma roupa, que não conseguem tomar banho, nem comer”, afirmou. “Eu olho para as minhas filhas e meu marido e vejo que eles tomam café, almoçam e jantam. E sei que tem pessoas que não têm essa oportunidade. Se fosse eu, andaria até onde fosse, morreria tentando, mas iria atrás de comida para as minhas duas filhas”.

O venezuelano Rafael Garcia, há dois meses no Brasil, saiu do seu país de origem em busca de ajuda e deixou sua família. Ele diz que as pessoas têm o seu direito de protestar, mas acredita que as que estão ali são todas iguais e que é preciso pregar o amor ao próximo.

“Estamos aqui e necessitamos da ajuda do povo do Brasil. Não viemos para cá como turistas, para passear. Queremos trabalhar e ganhar sustento. Nem todos os venezuelanos são maus. Pedimos a Deus que toque o coração dos brasileiros e pedimos perdão por tudo, mas não é fácil a situação em que vivemos”, afirmou. “Pedimos a Deus que toque o coração do presidente [Michel Temer] e dos governantes para que nos ajudem”, completou o estrangeiro. (P.C)