Cotidiano

Sindicato denuncia que servidores de Museu atuam em condições insalubres

Há mais de um ano os servidores trabalham sem energia elétrica e sem água no único Museu do Estado

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo do Estado de Roraima (Sintraima), Francisco Filgueira, realizou ontem, 25, uma vistoria no Museu Integrado de Roraima (Mirr), localizado dentro do Parque Anauá, no bairro dos Estados, zona norte, para verificar as condições de trabalho dos servidores do Parque Tecnológico. Após a visita, ele disse que um relatório será feito para ser entregue ao Instituto de Amparo, Ciência, Tecnologia e Inovação (Iact), a fim de que sejam tomadas as medidas cabíveis.

Segundo Filgueira, as condições de trabalho no local são insalubres e perigosas aos servidores, tendo em vista que não há segurança ou vigia. Abandonada há quase cinco anos, a entidade responsável por preservar toda a história e cultura de Roraima virou alvo de furto. “Estão apagando a História do Estado. Tanto a parte cultural quanto o patrimônio físico”, disse.

No setor de trabalho, Filgueira afirmou que há mais de um ano não há energia elétrica e água para os servidores. A Folha acompanhou a vistoria e constatou que nenhum dos prédios visitados oferecia condições básicas, como água e energia. Impossibilitados de realizar as pesquisas no local, o presidente considerou que os pesquisadores estão sendo pagos para exercer a função de “vigia” durante o expediente, que encerra às 13h30.

 Ele relatou que os trabalhadores temem ser surpreendidos por bandidos, uma vez que ladrões já foram flagrados furtando a fiação elétrica e peças de centrais de ar durante o dia. Além disso, um bloco que foi finalizado em fevereiro de 2016, referente a acervos e laboratórios, já está sendo atingido pelo descaso. O prédio teve portas e janelas arrombadas e quebradas. Diversos objetos e máquinas foram furtados, inclusive o desumidificador, principal equipamento para a conservação das obras e objetos indígenas e não indígenas.

Filgueira destacou que o prédio onde trabalham os servidores também já foi alvo de ladrões. Ao perceber que as centrais de ar não estavam funcionando, os pesquisadores perceberam que os fios estavam soltos. “Ela estava pronta para ser levada. Os servidores ainda tentaram guardar, mas arrombaram a porta do prédio e a levaram. Os computadores da Sala Digital, que vieram do Governo Federal, também foram levados”, explicou.

RELATÓRIO – Segundo Filgueira, um relatório sobre a vistoria será feito para ser entregue ao Iact e demais órgãos, como Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), a fim de que haja celeridade nas melhorias do local. Ele ressaltou ainda, que vai expor o caso a deputados estaduais. “Isso não é do governo atual, é um patrimônio do Estado de Roraima. A História está saindo pelo ralo. Queremos pedir que as autoridades visitem o Museu para ver o que está acontecendo perante os nossos olhos”, afirmou. (A.G.G)
 
Iact diz que abandono vem de outras gestões

Sobre as condições de trabalho dos servidores do Museu Integrado de Roraima (Mirr), o Instituto de Amparo à Ciência e Tecnologia de Roraima (Iact) informou que o abandono do local vem de outras gestões e que, no momento, a prioridade é a busca de recursos para atender à revitalização do prédio.

O Governo do Estado afirmou que está trabalhando na efetivação do Parque Tecnológico, que terá um conjunto de laboratórios de pesquisas científicas e tecnológicas, onde serão acomodados os pesquisadores. Afirmou que as pesquisas realizadas pela equipe do Museu não estão prejudicadas e que exposições itinerantes do acervo são realizadas em escolas e eventos.

Em relação à segurança no local, o Iact apontou que a vigilância no entorno do Parque Tecnológico e do Museu estão sendo reforçadas. O processo de contratação de empresa para fazer videomonitoramento e instalação de alarmes já foi aberto e a intenção é que o problema seja solucionado o mais breve possível. “O Iact informa ainda, que todos os servidores do Museu Integrado recebem adicional de insalubridade, que corresponde a 20% do salário, devido à atuação profissional”, frisou. (A.G.G)