Política

Roberto diz que realidade de BV não é do ‘photoshop’ da campanha

O candidato a prefeito diz que propagandas demonstram somente parcela da população de classe média alta e exclui zona oeste e rural

O quarto entrevistado a tratar das eleições municipais no programa Agenda da Semana, na Rádio Folha 1020 AM, foi o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), o professor e cientista político Roberto Ramos. No domingo, 28, o ex-reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR) tratou sobre as suas principais ideias e motivações para a candidatura, em especial o atendimento aos moradores da zona oeste e rural.

“Desejo trabalhar pela cidade. Acho que Boa Vista tem crescido de forma partida. Nós encontramos uma cidade que aparece nas fotografias como bela, bonita e cheia de flores, mas na realidade a cidade não é essa”, disse o professor.

Para Roberto Ramos, a cidade se encontra com diversos problemas, como a falta de segurança e de investimentos nas áreas de saúde e educação. “A realidade de Boa Vista é a do medo, dos buracos nas ruas, falta de médicos, falta de saneamento básico, escolas que não atendem às necessidades dos alunos e de servidores insatisfeitos”, criticou.

Segundo o candidato, a ideia da candidatura foi justamente trabalhar com as demais áreas da cidade que, segundo ele, encontram-se desamparadas, como os moradores da zona Oeste, os produtores rurais e as comunidades indígenas.

“A ideia é trabalhar por Boa Vista para fazer com que ela seja, de fato, de orgulho de todos. Não só a área urbana, mas o campo e a população indígena que se encontram totalmente desassistidos da atual gestão. Se nós olharmos as propagandas da Prefeitura atual, nenhuma apresenta a realidade atual do campo, do Bom Intento, do P. A. Nova Amazônia, é como se elas não existem no mapa urbano da cidade”, reclamou.

Para reforçar o seu posicionamento, o candidato comparou a forma como a cidade é divulgada a um programa de tratamento de imagem, que corrige imperfeições e realça as qualidades. “O ‘photoshop’ da cidade só mostra uma cidade classe média alta, não mostra uma cidade do povo, não mostra uma cidade da realidade, uma cidade que tenha a feira do Pintolândia, do Senador Hélio Campos, o bairro Operário, não mostra os locais que necessitam do trabalho da Prefeitura”, reprovou o professor.

TRANSPORTE – Uma das principais mudanças levantadas por Ramos, caso seja eleito, é a questão do transporte coletivo. Para ele, é preciso mudar a forma como está sendo realizado o atendimento à população, que vem crescendo a cada dia mais.

“Nós precisamos fortalecer o táxi-lotação, que emprega muitas pessoas e muitos o utilizam, e é preciso resolver o problema dos ônibus. Ninguém sabe o horário que ele vai passar e espera-se muito por um transporte. Às vezes, em vez de esperar pelo transporte público, os pais optam por gastar combustível para deixar o filho na escola”, disse o professor.

Segundo ele, o planejamento precisa ser melhor elaborado, levando em consideração também o fator climático. “Às vezes é muito quente ou chove demais, e as paradas não comportam as necessidades. A população precisa ter condições adequadas para esperar, não pode ficar muito tempo na parada. Se Boa Vista quer ser uma cidade moderna, se estamos ampliando o nosso número de habitantes, isso precisa mudar, é preciso que os serviços públicos funcionem melhor”, avaliou.

ZONA RURAL – Outro foco da campanha de Roberto Ramos é a valorização da área rural, presente no município. Para o candidato, é preciso se preocupar com a produção de alimentos nestes locais, pois isso influencia diretamente no dia a dia da população, que compra frutas e legumes nas feiras da cidade.

“As pessoas estão produzindo, elas querem que os produtos cheguem aqui, e depois, quem sabe, que o material seja exportado para outras áreas, para Manaus. É preciso regularizar aquela área, trabalhar as estradas para acelerar a escoação no inverno. Se as ruas ficam alagadas, imagina a área rural”, avaliou.

OUTRAS PROPOSTAS – As demais propostas apontadas pelo candidato é a valorização dos professores, ampliação do número de profissionais da saúde pública e oferta de medicamentos, melhor distribuição de espaços de lazer e esporte na zona oeste, atuação mais firme na educação indígena, proteção à saúde animal, espaços culturais disponibilizados para jovens músicos com bandas, geração de renda e priorização de empresários locais. (P.C)