Cotidiano

Professores vão discutir nova greve geral

Entre muito bate-boca e até agressões, professores decidiram que, na terça-feira, irão discutir a possibilidade de greve

Com os ânimos exaltados, os professores da rede de ensino do Estado lotaram a quadra do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter), na tarde de ontem, para discutir uma possível deflagração de greve da categoria na próxima semana. No entanto, depois de muitas discussões e até mesmo brigas com vias de fato, a categoria aprovou, com ampla maioria, a convocação de uma assembleia geral para decidir indicativo de greve para a próxima terça-feira, 04 de agosto.

A reunião de ontem começou por volta das 16h30 e só terminou próximo às 19h. Os assuntos definidos para a pauta foram o alvo da discussão entre os professores. A maioria alegava, em suas falas, que o que ficou definido na paralisação, da semana passada, era que na assembleia desta quinta-feira já teria votação para deflagrar uma nova greve. No entanto, a convocação do Sinter informou apenas que a deliberação era acerca das reivindicações definidas nos dias 23 e 24 de julho, de forma generalizada.

Depois de muitas discussões sobre o que de fato deveria ser deliberado na assembleia geral de ontem, dois professores se desentenderam e chegaram às vias de fato, causando um tumulto ainda maior dentro do sindicado, o que só atrasou ainda mais o retorno das discussões.

Os motivos pelos quais os professores decidiram retomar a greve, que foi suspensa no mês de março, incluem a proposta da Procuradoria do Estado de revogar a Lei 892/2013, que trata do Plano de Cargo, Carreira e Remuneração (PCCR) da categoria, a implantação das 40 horas para os servidores da Secretaria de Educação, além de rumores de que um aumento de carga horária deverá ser aplicado aos professores, que possuem contrato de 25 horas.

“Além dessas questões novas que surgiram, depois do fim da greve, os acordos que foram feitos com a categoria naquele momento não estão sendo cumpridos pelo governo. Nós precisamos ficar atentos a essas manobras e quem faz a greve ser legal ou não é a força da categoria”, disse uma professora durante a assembleia ao defender uma possível paralisação geral por tempo indeterminado.

Conforme os professores, a insatisfação da categoria quanto ao descumprimento do acordo, aliado às medidas de aumento de carga horária e proposta de revogar a lei 892 é que levou a classe a fazer paralisação de advertência na semana passada e discutir uma nova greve, na próxima semana.

ACORDO – Os professores do Estado deflagraram greve no mês de março de 2015, que durou 11 dias. Durante as negociações com o Governo do Estado, foi apresentada uma proposta de acordo para que a categoria retornasse à sala de aula. Na época, a governadora Suely Campos (PP) se comprometeu em atender alguns dos pontos de reivindicação da categoria.

Um dos pontos do acordo feito pelos professores com o governo era a criação de uma comissão mista e paritária para tratar da incorporação da Gratificação de Incentivo à Docência (GID) ao salário dos professores. Essa comissão teria 90 dias para analisar e encaminhar o projeto de lei para votação na Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE-RR), com vistas a efetivar a incorporação.

A atualização das progressões também estava no acordo, que também previa a participação do Sinter para se discutir, dentro de 90 dias, a conclusão e pagamento dos retroativos até janeiro de 2016.

Depois de voltar à sala de aula, os professores passaram a cobrar do governo o cumprimento desses pontos com uma contagem regressiva, pois o prazo terminou no mês passado. “Deixaram para criar as comissões faltando poucos dias para o encerramento do prazo, ou seja, entendemos que falta vontade política em querer resolver os problemas dos trabalhadores em educação”, declarou o presidente do Sinter, Ornildo Roberto, à época.