Cotidiano

Professores indígenas fazem paralisação

A retirada da Educação Indígena do Plano Estadual de Educação foi o principal motivo do protesto em frente ao Palácio do Governo

Aproximadamente 1.500 professores indígenas de várias etnias foram ontem para frente do Palácio Hélio Campos, na Praça do Centro Cívico, com a finalidade de protestar contra a decisão do Governo do Estado que retirou o capítulo sobre a Educação Indígena do Plano Estadual de Educação (PEE), que foi enviado para apreciação da Assembleia Legislativa.

Eles também cobraram o cumprimento da Lei 892, que dispõe sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações dos Servidores da Educação Básica do Estado de Roraima (PCCREB). A professora Monaliza Ribeiro, que faz parte da comissão organizadora da mobilização, disse que é necessário assegurar a nomeação dos coordenadores pedagógicos e diretores de centros regionais de ensino, conforme diz a referida lei.

Os protestos também trataram da situação das escolas das comunidades indígenas, que estão em condições precárias, levando riscos aos alunos e funcionários. “Muitas escolas só têm nome e não têm estrutura de qualidade. Muitas são construídas pelas próprias lideranças das comunidades. Nós queremos estruturar as escolas de forma geral”, disse a professora.

Outra solicitação dos educadores indígenas está relacionada aos vencimentos, inferiores aos salários dos professores da educação básica estadual não indígenas. “Nós estamos exigindo que os salários sejam iguais, não estão equiparados”, complementou Monaliza.

Professores, alunos, tuxauas, representantes organizações indígenas e associações de apoio à educação escolar indígena estavam presentes à mobilização. “Nós queremos o reconhecimento dos direitos enquanto servidores públicos, professores, técnicos escolares indígenas e pedimos concurso público específico, construção das escolas, melhorias no transporte escolar”, frisou a professora.

Conforme o representante da comissão de professores, Joeverson Sales, no final da tarde de ontem eles foram convocados para uma reunião com a governadora Suely Campos (PP), mas não houve um acordo. “A única coisa que ela disse foi que não tem nada para resolver com a gente, que não tem diálogo. Se quisermos, devemos ir à Assembleia Legislativa do Estado. Vamos nos reunir para ver qual o próximo passo”, afirmou.

Ele acrescentou que não irão paralisar as aulas neste período, próximo ao recesso, porque a mobilização iria surtir efeito, mas que a partir do dia 03 de agosto, caso não haja um acordo com o governo, a greve será por tempo indeterminado. A comissão afirmou que tentou entrar em contato com a secretária estadual de Educação, Selma Mulinari, mas não obteve sucesso.

Atualmente 265 escolas indígenas compõem as instituições de ensino administradas pelo Governo do Estado e ofertam ensino a mais de 15 mil alunos.

GOVERNO – O Governo do Estado anunciou que uma comissão mista formada por representantes do governo e das comunidades indígenas irá discutir adequações no Plano Estadual de Educação que tramita na Assembleia Legislativa. Disse que o anúncio foi feito nesta quarta-feira pela governadora Suely Campos, em reunião com a Organização dos Professores Indígenas do Estado de Roraima (Opirr), no Palácio Senador Hélio Campos.

“Durante o encontro foi acertado que as comunidades irão indicar os representantes que ajudarão a fazer as adequações no plano para melhor atender aos anseios dos professores indígenas. O grupo será formado por quatro pessoas indicadas pelas lideranças e três representantes do governo. Na próxima segunda-feira, dia 13, haverá um novo encontro para apresentação dos nomes indicados”, informou o governo.

A governadora explicou que o plano foi adequado pela atual gestão e enviado para a Assembleia dentro do prazo estipulado pelo Ministério da Educação. A partir de agora qualquer alteração deve ser feita junto à Comissão de Educação, Cultura, Desporto e Saúde da Casa Legislativa.

A secretária estadual de Educação, Selma Mulinari, reforçou o interesse do governo em fazer uma gestão participativa e acrescentou que a Secretaria Estadual de Educação e Desporto está de portas abertas para atender as lideranças indígenas em suas necessidades.