Cotidiano

Professor espera por cirurgia há 3 anos e corre o risco de perder a perna

Imagine você, enquanto amante de esportes, receber a notícia de que pode perder um membro devido à demora na realização de uma cirurgia? Foi exatamente essa a notícia que o professor de artes marciais, Edson Alves, recebeu. Acidentado desde 2015, ele teve o pedido de Tratamento Fora de Domicílio (TFD) negado pelo fato de o Estado ter apresentado capacidade de realizar um procedimento cirúrgico que, na época do acidente, disse não realizar.

Foi no dia 29 de junho de 2015 que a vida do professor mudou completamente. O resultado do acidente causado por um condutor alcoolizado foi uma luxação exposta no joelho direito e uma lesão na artéria. Os três meses seguintes foram de internação no Hospital Geral de Roraima (HGR), onde ele era medicado com antibiótico. Após receber a alta, foi encaminhado ao Hospital Coronel Mota para acompanhamento ambulatorial.

A informação de que a cirurgia que precisa fazer – uma artroplastia total primária do joelho – não era realizada no Estado foi dada pela própria unidade hospitalar. “Até lá, minha ferida já tinha cicatrizado sozinha, tivemos a ajuda de um médico para que o Estado se desse conta de que não era possível fazer a cirurgia aqui”, contou. Pela demora, o pedido de TFD só aconteceu em julho do ano passado.

Natural do Rio de Janeiro, Alves chegou a Roraima no ano de 2008, época em que começou a dar aula de artes marciais em Boa Vista. Meses antes do acidente, ele abriu a própria academia. O sonho do próprio negócio, no entanto, foi interrompido de maneira brutal. Após o acidente, a intenção era voltar ao Rio de Janeiro para fazer a cirurgia no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into).

O professor passou então a acompanhar o processo por meio da Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC). A aprovação da viagem aconteceu em setembro, dois meses após a entrada do processo, por meio da autorização do ortopedista e cirurgião de joelho, Victor Titonelli. Contudo, horas depois o processo foi negado pelo CNRAC.

Conforme o documento apresentado por Alves, a justificativa do CNRAC aponta que, em consulta à produção do Sistema de Internações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), foi verificado que o HGR apresentou produção para o procedimento requerido, ou seja, a cirurgia. “Essa é a minha denúncia. Como o Estado consegue fazer uma cirurgia que, há três anos, me disse que não realizava? Corro o risco de perder minha perna pela negligência”, denunciou. (A.G.G)

Levantamento vai apontar se cirurgia será feita no Estado ou não

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que, no momento em que foi dada a entrada no processo do referido paciente para Tratamento Fora de Domicílio (TFD), em julho do ano passado, não havia material para a realização do procedimento em Roraima. Diante do caso, a gestão optou, à época, pelo cadastro no TFD, em busca de um pronto atendimento.

Sobre a resposta dada pela Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC), o órgão ressaltou que a própria CNRAC pode não ter levado em consideração a situação específica do paciente. “Ou seja, é possível que tenham sido realizados procedimentos ortopédicos similares no Estado, mas que não haja possibilidade de atender o caso específico dele”, apontou.

Por este motivo, a Sesau relatou que vai realizar um levantamento hoje, 12, junto à equipe do HGR, a fim de verificar se a unidade possui todos os itens necessários para a realização do procedimento. Caso não seja possível, serão adotadas as medidas para que o paciente seja atendido o mais rápido possível. A Secretaria de Saúde destacou ainda que todo o trâmite foi devidamente informado ao paciente e que continua à disposição para fazer todos os esclarecimentos necessários. (A.G.G)