Cotidiano

Postos de gasolina mantêm preços e só dão desconto a quem paga no dinheiro

Valor do litro sofreu aumento na semana passada, mas Petrobras anunciou nova redução programada para esta quinta-feira

A instabilidade no preço dos combustíveis nas refinarias tem regido o valor do litro da gasolina e do diesel em Boa Vista. A gangorra de preços tem feito com que muitos donos de postos acabem não repassando nem o reajuste e nem a redução, além de limitar ao consumidor o pagamento em dinheiro para ter desconto.

Na semana passada, a Petrobras havia anunciado novo aumento da gasolina de 3,3% e do diesel de 0,1%, que passaria a valer a partir da terça-feira, 05. Nos últimos reajustes consecutivos, a gasolina acumulou acréscimo de preço de 11,2% desde o dia 31 de agosto e o diesel ficou 8,94% mais caro desde o dia 29. Na quarta-feira, 06, entretanto, a estatal informou que iria reduzir em 3,8%, a partir de hoje, 07, o preço da gasolina nas refinarias. A empresa também anunciou um aumento de 0,7% no valor do diesel.

O aumento e a redução, conforme a Petrobras, estão de acordo com a nova política de preços da estatal, que utiliza como base “o preço de paridade de importação, que representa a alternativa de suprimento oferecido pelos principais concorrentes para o mercado – importação do produto”.

A indecisão em fixar um aumento ou uma diminuição no valor dos combustíveis fez com que o preço do combustível nos postos de Boa Vista se mantivesse inalterado. A Folha percorreu postos de combustível em diferentes pontos da Capital para conferir os valores e constatou que o preço continuava o mesmo.

Com base nos preços vistos, foi possível verificar que o valor do litro da gasolina e do diesel depende da localidade em que o posto está situado. Nos da zona oeste, por exemplo, é possível encontrar gasolina comum por R$ 3,65 e o diesel por R$ 3,13.

No entanto, esses valores são apenas para aqueles consumidores que optam pelo pagamento do combustível no cartão de débito ou no dinheiro em espécie. Essa limitação, que tem afiado a concorrência entre donos de postos, também se estendeu a estabelecimentos na zona sul. Em um posto localizado no bairro 13 de setembro, o litro da gasolina mais barato sai a R$ 3,69 e o do diesel a R$ 3,15.

Um frentista explicou que os valores devem sofrer alteração na próxima compra junto às refinarias. Para ele, a maioria dos postos da cidade ainda está vendendo a gasolina comprada com o preço anterior. “Ainda não chegou aqui, continua o mesmo preço desde o mês passado. Mas ainda não há previsão nem para aumentar e nem para baixar”, disse.

CONSUMIDORES – A instabilidade no preço dos combustíveis afeta principalmente o consumidor final do produto. “Os preços são um absurdo, muito caro, mesmo no dinheiro. Eu não ando direito de carro, uso a moto para economizar a gasolina e gasto na faixa dos R$ 200, 00 por mês. O ruim é que quando tem redução no preço não acontece. Mas quando tem reajuste, no outro dia mudam os preços”, disse o motorista José Edson.

Para o estudante Alex Diniz, a saída tem sido procurar postos onde a gasolina está mais barata. “Infelizmente, não podemos fazer nada. Esse aumento pesa muito para mim, principalmente porque rodo bastante para ir para a faculdade. Sempre procuro postos com preços mais baratos para economizar”, destacou.

PREÇO MAIS BAIXO – A partir do levantamento realizado pela Folha, foi possível verificar os postos que apresentam os preços mais baixos, considerando a promoção. Um posto localizado na Avenida Major Williams, no bairro São Francisco, zona norte, e outro na Avenida Manoel Felipe, no Asa Branca, zona oeste, vende a gasolina a R$ 3,65. Foram os preços mais baixos entre os estabelecimentos pesquisados. Contudo, no local não é aceito o pagamento em cartão. Os demais postos vendem a gasolina entre R$ 3,63 a R$ 3,91.

Em relação ao diesel, o posto que vende o combustível mais barato está localizado na Avenida Brasil, no Pricumã, zona oeste. No local, o litro do combustível é vendido por R$ 3,13. Nos demais lugares, o combustível custa de R$ 3,18 a R$ 3,20. (L.G.C)

Veja os valores mais baratos:

Empresários têm liberdade para baixar ou reduzir preço

O presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis de Roraima (Sindipostos), José Neto, explicou que a redução ou o reajuste no preço dos combustíveis pode não chegar às bombas. “Os donos de postos têm liberdade para escolher o preço independente da política da Petrobras. A Petrobras anuncia determinado preço, mas a distribuidora, que é distinta, tem atitude de forma diferente”, disse.

Segundo ele, a possibilidade de o preço do combustível chegar menor ao consumidor final é reduzida. “Isso acontece porque os custos da distribuição não são os custos da refinaria. Na formulação de preços, são as distribuidoras que determinam isso”, afirmou.

O sindicalista alegou que a culpa pela não redução no preço dos combustíveis não é dos donos de postos. “Geralmente os consumidores acreditam que a culpa é dos postos, mas somos apenas uma parte da cadeia de distribuição, que faz a ligação entre a refinaria e o consumidor final”, destacou. (L.G.C)

Economista diz que pagar à vista é sempre a melhor opção

A Petrobras adota medida de manter um preço da gasolina e todos os derivados com base no preço do barril do petróleo no mercado internacional e essas flutuações ocorrem dando as variações do preço do barril. “O Brasil é muito vulnerável a essas variações e da moeda internacional. Um dia o dólar cai e no outro aumenta e isso afeta as commodities, entre elas a do petróleo”, explicou o economista Raimundo Keller.

No caso específico da gasolina, segundo ele, a Petrobras repassa isso no preço da distribuidora, o que ocasiona a instabilidade no preço. “O proprietário estabelece preço mínimo para venda à vista, que é mais em conta porque tem moeda corrente imediata, capital imediata pra transacionar e o cartão é absurdamente alto, em certos postos chegam a ser até 20 centavos mais caros, porque só tem a capital depois de 30 dias e após isso o preço já vai ser outro”, disse.

Para o economista, se o consumidor tiver a oportunidade de comprar à vista, estará comprando por um preço razoavelmente bom. “Mas aquele que compra no cartão, compra uma gasolina absurdamente cara. Em Roraima talvez tenhamos a gasolina mais cara do planeta. Tem postos que oferecem gasolina aditiva a R$ 4,20 e outros a R$ 3,72. Ou compra no dinheiro ou vai pagar gasolina muito mais cara se comprar a prazo”, destacou.

Ele aconselhou os consumidores a estabelecerem critério de uso do combustível para economizar. “Tem que saber o quanto gastam, quanto consomem e preservar a parte do orçamento para aquilo. Toda vez que usa o cartão se compromete para o mês seguinte, e acaba se endividando por um produto que compra mais”, frisou. (L.G.C)