Pescadores fazem curso da Marinha que os habilita em transporte fluvial

O 9º Distrito da Marinha na Amazônia Ocidental, com abrangência nos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, está realizando, até a próxima quarta-feira, 23, o Curso de Auxiliar de Convés ou Máquinas, com duração de cinco dias, para a primeira turma de pescadores de Roraima. São 25 pessoas participando das aulas teóricas e práticas, na Academia de Polícia Integrada Coronel Santiago, com apoio do Departamento de Turismo da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplan).

De acordo com a primeiro-tenente de Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental, Angélica Lima, o curso faz parte do Programa do Ensino Profissional Marítimo para Aquaviários. O objetivo é preparar o pessoal para o trabalho a bordo de pequenas embarcações, especificamente voltado para formação e qualificação de marítimos, fluviários, pescadores e mergulhadores. O aluno sairá habilitado para as competências e habilidades exigidas do marinheiro fluvial de convés ou máquinas.

“São as normas para segurança da rede de transporte fluvial que batem à porta de Roraima. Essas pessoas têm os rios como suas estradas. A Marinha Ocidental tem a urgência de legalização para fazer o seu trabalho a fim de evitar acidentes, prezando pela vida”, afirmou.

Conforme o presidente da Federação das Colônias de Pescadores de Roraima, Rafael Pereira, esses trabalhadores conduziam embarcações sem a habilitação devida e o curso de formação é uma das iniciativas que possibilita a qualificação profissional deles. “Eles já saem daqui com outra visão de mercado. No curso, eles recebem orientações sobre marinharia, primeiros-socorros, combate a incêndios, entre outras instruções que são importantes para garantir a própria segurança deles”, disse.

O pescador Sebastião José disse que essa é uma chance de aumentar os lucros. Orgulhoso com a oportunidade de ter a carteira que o habilita a utilizar a navegação nas mãos, ele acredita que agora poderá trabalhar mais tranquilo e garantir o sustento de sua família. “Estava esperando essa oportunidade e fico feliz em saber que vou conseguir regularizar a minha situação”.

Capitania se prepara para começar a fiscalizar embarcações no Estado

Prevista para ser instalada nos próximos 90 dias, a Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental será baseada no Município de Caracaraí, região centro-sul do Estado, a 134 Km da Capital. A estrutura física está sendo concluída e a fixação da agência vai intensificar a fiscalização em Roraima.

O objetivo é evitar acidentes e irregularidades no transporte fluvial. Naufrágio, abalroamento, queda de pessoas na água, incêndio e colisão são os casos que mais ocorrem. Conforme a Superintendência de Segurança do Tráfego Aquaviário da Diretoria de Portos e Costas da Marinha, nos anos de 2015 e 2016 pequenas canoas motorizadas, lanchas e motos aquáticas estiveram envolvidas em 70% dos casos registrados com embarcações de pequeno porte, esporte e recreio. A principal causa dos acidentes foi falha humana.

Segundo a tenente de Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental, Angélica Lima, somente pessoas habilitadas podem pilotar esse tipo de embarcação, e a conscientização de todos é fundamental para garantir a segurança. Por isso a decisão da presença da Capitania no Estado. “É importante que a sociedade tenha a percepção que tão ou mais importante que a fiscalização é a conscientização. Por exemplo, existem pessoas que passam com suas motos aquáticas entre banhistas. Isso é inadmissível. O condutor tem que ser habilitado junto à Marinha, frequentar um estabelecimento de treinamento náutico”, afirmou.

Ela reforçou a importância de navegar distante de banhistas. “Os condutores de pequenas embarcações, como pescadores, não podem transitar nas áreas até 200 metros da praia. Quando o fizerem, somente em áreas autorizadas e em velocidade muito baixa, apenas para fim da atividade”, salientou.

Nas ações de fiscalização, a Marinha vai verificar habilitação dos condutores, presença de coletes, boias e extintores de incêndio, luzes de navegação, lotação, documentos e estado da embarcação. Também serão utilizados etilômetros, já que é proibido o consumo de bebida alcoólica pelos condutores.