Cotidiano

Pais precisam valorizar o consumo de frutas na alimentação familiar

Estudo recente do Ministério da Saúde aponta que ingestão de frutas está muito abaixo do nível esperado

Uma pesquisa realizada recentemente pelo Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica) do Ministério da Saúde (MS) revelou que o consumo de frutas entre jovens está muito abaixo do esperado. Em compensação, houve aumento da ingestão de refrigerantes, com a bebida sendo considerada o sexto alimento mais consumido por essa faixa etária.

Os dados também revelaram que 8,4% dos menores de idade, entre 12 e 17 anos, do sexo feminino e masculino apresentam grau de obesidade, o que pode acarretar em doenças crônicas, como a diabetes.

De acordo com a nutricionista Luciana Santana, a dieta dos jovens e adolescentes brasileiros consiste em um abuso excessivo de carboidratos, em especial, aqueles contidos em pães, bolos e bolachas. “A população tem se entupido de carboidrato contido nos pães, biscoitos, bolachas e torradas, mesmo as integrais. A pessoa acha que por ser salgado pode, mas o carboidrato em excesso vira açúcar no organismo, o que pode contribuir para a diabetes”, disse.

Outro problema citado pela nutricionista é a percepção da população de que as doenças como a diabetes não podem ser evitadas e são adquiridas com o passar do tempo, já na terceira idade.

“Hoje eu vejo muitas pessoas falando que as doenças são causadas em razão do paciente ter alcançado certa idade e eu não concordo com isso. O que acontece é uma alimentação desregrada ao longo da vida, aliada a uma vida sedentária, sem a prática de exercícios físicos e que aí sim, podem acarretar em problemas futuros”, afirmou. “A pessoa pode fugir da genética se ela quiser”, revelou.

Para tentar reverter a situação, a nutricionista alerta que os pais precisam ser os exemplos das crianças e adolescentes dentro de casa e abolir o consumo exagerado de açúcar em geral. “Não adianta pedir para o filho consumir salada, se o pai mesmo não consumir. Não adianta pedir para a criança consumir frutas, se não há o consumo diário na frente do filho”, criticou.

“É fato que a gente deve acostumar as crianças desde cedo a ingerir pouquíssimo ou não ingerir alimentos como chocolate, balas, e açúcar em excesso, só que a gente está em uma sociedade em que isso ainda está muito inserido”, afirmou.

“Outro passo para os pais é não comprar esses alimentos para dentro de casa. Eles não podem estar na sua dispensa e na sua geladeira, ou seja, não podem estar acessíveis para a criança. Em caso de um aniversário, em uma comemoração ou quando ele vai para a casa de um colega, é mais apropriado”, alertou Luciana. (P.C)

Pessoas com diabetes devem evitar sucos e dar preferência para as frutas

A parcela da população que já vive com a diabetes deve adotar algumas medidas e uma dieta rica em fibras, afirmou a nutricionista Luciana Santana. Uma forma de alcançar este objetivo é substituir os pães consumidos no café da manhã por tubérculos, como macaxeira, batata, batata doce e cará. “Continua sendo um carboidrato sim, mas os açúcares desses alimentos são liberados de forma mais lenta na corrente sanguínea, o que diminui o risco de ocorrer picos de glicemia no momento do consumo”, relatou Luciana.

O diabético também deve evitar sucos de frutas e dar preferência para as frutas que, apesar de também terem carboidratos, são mais ricas em fibras. “O suco tem mais a frutose e não tem a fibra das frutas, que normalmente são coadas. As fibras ajudam a diminuir o índice glicêmico dos alimentos e também podem ser ingeridas de outras formas, como na chia e a linhaça”, disse.

A nutricionista também atentou para o fato de a população muitas vezes ter frutas regionais disponíveis na sua casa ou na casa de parentes e amigos e não inserir o alimento na sua dieta. “Vale a pena resgatar esses hábitos de antigamente, de estar olhando essas frutas que nós temos no quintal que muitas vezes são esquecidas, como é o caso da manga e do caju que acabam estragando”, disse.

As recomendações, no entanto, devem ser acompanhadas por um médico especializado ou um profissional da área de nutrição, reforçou Luciana. “Depende muito de cada caso. Tem diabético que consegue colocar um pouco de carboidrato na sua dieta, então, é algo bem individual, sendo aconselhado sempre o acompanhamento médico”, concluiu. (P.C)