Cotidiano

Pacaraima vai entrar em colapso se autoridades não agirem, diz Dsei-Leste

“Os casos de malária no município de Pacaraima vão estourar este ano se as autoridades não tomarem as providências necessárias”. Essa afirmação é do presidente do Distrito Especial de Saúde Indígena do Leste de Roraima (Dsei-Leste), Joseilson Câmara. Conforme dados da entidade, os casos de malária nas comunidades indígenas de Pacaraima, município a cerca de 200 quilômetros de Boa Vista, na fronteira com a Venezuela, zona norte do Estado, apresentaram uma evolução de 81,5% em relação ao ano de 2016. Enquanto que, no ano passado foram registrados 11 casos, somente no primeiro trimestre de 2017 já foram constatados 67 casos de infecção na região.

Segundo o presidente do Dsei-Leste, um grande número dos casos é importado de imigrantes venezuelanos. Por ser a primeira após Pacaraima, a comunidade indígena Nova Esperança, localizada na região São Marcos, é a que apresenta o maior índice de casos. “Devido à imigração de venezuelanos indígenas e garimpeiros, as comunidades próximas da fronteira estão com um aumento expressivo de malária”, explicou.

Conforme o Pólo Sorocaima II do Dsei-Leste, localizado em Pacaraima, já foram realizados 2.037 exames nas comunidades indígenas neste ano, o que representa um aumento de 70% em relação aos 1.200 testes realizados no decorrer de 2016. Câmara informou que a força de trabalho do Dsei-Leste está focada no município para atuar no combate e prevenção por meio de tratamento precoce, impedindo que outros indígenas sejam afetados.

De acordo com o presidente, as comunidades localizadas em linhas de fronteira foram as que registraram aumento nos casos. Na região de Amajari, a cerca de 160 quilômetros da Capital, ao norte do Estado, o aumento foi atribuído aos imigrantes garimpeiros que se instalam próximo ao Rio Uraricoera. Já as comunidades mais isoladas da área urbana não identificaram nenhum caso até o momento.

Apesar do aumento de casos de malária, Câmara ressaltou que o Índice Parasitário Anual (IPA) está abaixo do padrão de 10% do Ministério da Saúde, apresentando um índice de 7,3%. “Significa que estamos com a malária controlada, apesar de toda a evolução registrada. Tanto que a doença não afetou todas as comunidades”, frisou. Na teoria, o presidente disse que o maior índice de casos deveria ocorrer em áreas mais isoladas, o que não está acontecendo.

Joseilson Câmara explicou que o órgão atende indígenas e não indígenas todas às quartas-feiras, no Centro de Referência ao Imigrante (CRI), com atendimentos médicos, psicológicos e odontológicos. Em Pacaraima, ele explicou que o plano foi elaborado em razão do alto custo, tendo em vista que não há estrutura no município. (A.G.G)