Polícia

PM é suspeito de passar informação privilegiada para contrabandistas

A Polícia Federal em Roraima, em parceria com a Polícia Militar, deflagrou nas primeiras horas da manhã de ontem, 18, a operação “A Máquina”, com a finalidade de desarticular uma associação criminosa investigada por atuação no crime de contrabando de mercadorias ilícitas da Guiana. Ao todo, foram cumpridos um mandado de prisão contra suposto chefe da associação criminosa e cinco mandados de busca e apreensão na capital e no município de Bonfim, região leste do Estado, além de um mandado de afastamento de um policial militar.

“Esse policial militar era lotado em Bonfim e atuava repassando informações sigilosas para a organização criminosa. Ele dizia os horários das barreiras policiais, onde as viaturas estavam fiscalizando, facilitando a atuação criminosa”, disse o delegado da Polícia Federal, Alan Robson Ramos.

Dos cinco mandados de busca e apreensão deferidos pela Justiça Federal de Roraima após representação em Inquérito Policial instaurado em agosto do ano passado, três foram cumpridos em Boa Vista e dois em Bonfim. O mandado de prisão preventiva contra o “cabeça” da organização foi cumprido em Boa Vista. Além disso, as equipes recolheram celulares, chips telefônicos e R$ 4 mil em espécie, além da arma do policial militar envolvido no esquema criminoso.

“Foi possível aferir nessa investigação que esses cinco envolvidos são os verdadeiros partícipes dessa prática criminosa, tendo em vista que fizemos vários flagrantes. Ainda estamos fazendo o levantamento financeiro de quanto eles conseguiram movimentar, mas só para você ter uma ideia, o alho que eles contrabandeavam, que na Guiana era adquirido a R$ 1 por quilo, era vendido aqui na capital por R$ 15. Estimamos que eles lucravam R$ 15 mil em cada veículo transportador do contrabando”, frisou.

O delegado disse ainda que, durante as investigações, foi constatada a introdução clandestina de cubanos no país. O caso também está inserido no inquérito da operação. “Há a possibilidade de novos desdobramentos, até porque se há a participação de um policial militar, e a apreensão dessas mídias, certamente se chegará a uma corrupção, porque ninguém atua nesse tipo de ramo de graça, ou seja, sem nenhuma contrapartida. Então, a Polícia Federal vai apurar quanto esse policial recebeu, como era a forma de pagamento para ele repassar essas informações a essa organização criminosa”, concluiu.

A OPERAÇÃO – O nome da operação remete ao jargão “come a máquina”, utilizado pelo investigado chefe da associação criminosa, que foi preso preventivamente na operação, quando determinava aos demais investigados o início do cometimento dos ilícitos transfronteiriços. Os nomes dos envolvidos não podem ser divulgados por conta do sigilo da investigação. (M.L)

Policial investigado está detido no CPC

Por meio de nota, a assessoria de comunicação da Polícia Militar informou que o policial investigado na Operação “A Máquina” encontra-se detido no Comando de Policiamento da Capital (CPC), à disposição da Justiça. A Corregedoria da PM já está averiguando o ocorrido e que deverá instaurar Procedimento Disciplinar para apurar a conduta do policial. Caso haja a constatação de delito ou conduta contrária à legislação militar, a corporação aplicará a sanção correspondente. (M.L)