Cotidiano

Nova praga que ameaça plantações de dendê e coqueiros é tema de palestra

Conhecida como Amarelecimento Letal, praga provoca a morte das palmeiras em um período de até seis meses

Uma nova praga agrícola ameaça entrar em Roraima, desta vez pelos países vizinhos. A doença, conhecida como Amarelecimento Letal, pode atacar palmeiras como coqueiros e dendezeiros, e os principais afetados podem ser os municípios do Sul do Estado que possuem grandes plantações das mesmas. Com o objetivo de evitar a entrada da doença em território roraimense, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) irá promover no próximo dia 20, uma palestra sobre o tema com engenheiros agrônomos e profissionais do meio.

A palestra será ministrada pelo pesquisador francês Michel Dollet, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad). Com o tema “Ocorrência do Amarelecimento Letal nas Américas, Caribe e África e outras doenças causadas por Phytoplasma em coqueiro”, o evento é voltado para técnicos da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), Superintendência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Secretaria de Agricultura do Estado (Seapa), professores, produtores, extensionistas e estudantes.

Não há necessidade de inscrição prévia e os interessados podem somente comparecer no dia do evento para participar. Além de alertar quanto a gravidade da doença, o evento também tem o objetivo de conscientizar os participantes quanto ao transporte de mudas de plantas de outras localidades.

“Estamos nos preocupando com a possibilidade de chegada dessa doença no País e nos precavendo para evitar os possíveis prejuízos. O amarelecimento letal mata a palmeira, ou seja, é uma doença extremamente grave e perigosa e que está perto do Estado, nas ilhas do Caribe”, disse o pesquisador da Embrapa Roraima e organizador do evento, Daniel Schurt.

O pesquisador alertou para a possibilidade de viajantes trazerem a muda contaminada para o País. “A gente tem conhecimento de que na Guiana não tem a presença da praga, mas com a globalização e a transação de mercadorias e pessoas, a gente precisa se preocupar para que viajantes que visitem alguns dos locais que contenham a doença tenham cuidado ao trazer mudas ou plantas, pois elas podem conter a praga”, afirmou.

DOENÇA – O amarelecimento letal do coqueiro é uma doença ainda sem ocorrência no Brasil, mas com alto risco de entrada em Roraima, pois está presente no Caribe. É causada por fitoplasmas, um tipo de bactéria que afeta a seiva da planta, transmitidos por insetos e ataca coqueiros e outras palmáceas.

Os primeiros sintomas da doença é a queda prematura dos frutos. “A região em que o côco se fixa fica marrom/preta. As flores ficam na coloração creme/amarelada. Com o progresso da doença, a planta fica amarelada, as folhas não crescem e acabam caindo e, com o passar do tempo, a parte das folhas do coqueiro caem, deixando apenas o tronco liso”, informou.

Segundo a Embrapa, plantas susceptíveis à doença morrem em um período de três a seis meses após o aparecimento dos primeiros sintomas. Nos últimos 30 anos, cerca de 50% dos coqueiros da Flórida e 80% dos coqueiros da Jamaica morreram em consequência do amarelecimento letal.

FISCALIZAÇÃO – Para impedir a entrada desta e de outras pragas em Roraima, a Aderr trabalha com fiscalizações em todo o Estado. Segundo o diretor de Defesa Vegetal da instituição, Luiz Estrella, o trabalho é intenso. “Nossa fiscalização já se faz presente para conter a praga da mosca da carambola e outras que assolam nosso Estado”, explicou.

Ele informou ainda que após a capacitação junto a Embrapa, os servidores que atuam na parte de fiscalização estarão capacitados para detectar casos da doença e evitar a entrada dela em Roraima. “Não podemos deixar que essa doença chegue aqui e fragilize a nossa economia local”, concluiu.