Cotidiano

Mãe de bebê com hidrocefalia reclama de atendimento no Hospital da Criança

A mãe de uma menina com hidrocefalia congênita reclamou do atendimento no Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), zona Sul de Boa Vista, após o segundo cancelamento de um procedimento cirúrgico para a filha.

Roseane Lopes disse que a cirurgia foi cancelada porque um dos anestesistas da unidade se recusou a atender a criança, que tem 4 meses de vida, no fim de semana. Depois de a denúncia ser divulgada na FolhaWeb, no domingo, o procedimento foi remarcado e feito no final da tarde do mesmo dia.

A filha de Roseane foi internada no HCSA no dia 3 de janeiro para controlar uma infecção causada pela hidrocefalia. Em decorrência disso, a criança precisou iniciar um tratamento chamado sistema de Derivação Ventricular Externa (DVE), com válvula externa, onde o principal objetivo é drenar o acúmulo de líquido do cérebro.

“O neurocirurgião me disse que essa válvula só pode ficar na criança no máximo por 15 dias, porque depois pode causar uma infecção generalizada. Minha filha já estava há um mês com essa válvula, por isso, na sexta-feira [3], o neurocirurgião agendou a cirurgia de urgência para acontecer no dia seguinte, no final da tarde. Minha filha ficou em jejum desde cedo e só avisaram às 14h de sábado que a cirurgia havia sido cancelada”.

O cancelamento ocorreu, segundo Roseane, porque o anestesista de plantão afirmou que o procedimento cirúrgico não necessitava ser feito de imediato e que poderia aguardar até o decorrer da semana. “Marcaram a cirurgia novamente para o domingo às 10h. Afirmaram que o chefe de anestesia já estava ciente e que o neurocirurgião afirmou que faria. Desta vez, minha filha ficou 11 horas em jejum. O anestesista se recusou a vir mais uma vez ao hospital e cancelaram novamente. Lembrando que estamos falando de um bebê de 4 meses”, desabafou.

Ela também fez a denúncia em uma rede social pedindo providências. Dezenas de pessoas compartilharam um vídeo divulgado em sua página, demonstrando apoio ao desespero da mãe, que cobrava um parecer do Município.

Depois de todo o sofrimento, ela disse que a cirurgia foi feita no final da tarde de domingo. “Deu tudo certo. Minha filha está bem e daqui a dois dias, aproximadamente, voltaremos para casa. É lamentável que o caso tenha chegado a esse ponto. Minha indignação maior é com o anestesista, mas também fiquei revoltada porque no fim de semana não existe um diretor, ninguém da Ouvidoria do hospital ou responsável para prestarmos queixa. Quando dá 18h de sexta-feira, só ficam os enfermeiros e médicos mesmo. O administrativo não comparece”, denunciou Roseane.

PREFEITURA – Através de nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que os profissionais da diretoria do HCSA trabalham em regime de sobreaviso, em contato frequente com os profissionais de plantão. “O ocorrido neste fim de semana se trata de um caso isolado e a prefeitura já está avaliando a conduta do profissional para tomar as devidas providências para que isso não ocorra novamente”, frisou.

Estado e Município têm ouvidorias  

O problema relatado pela mãe Roseane Lopes chamou a atenção para o funcionamento das ouvidorias de Saúde do Estado e Município. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde de Roraima (Sesau), uma média de 75% das demandas recebidas pela Ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS) é atendida e/ou resolvida e 25% respondidas nas unidades estaduais.

Segundo a Sesau, as demandas recebidas pela ouvidoria do SUS são classificadas e tipificadas por assunto e encaminhadas à coordenadoria competente. Cada setor avalia a manifestação, elabora um parecer e responde. Informou que o prazo máximo para a conclusão das demandas registradas depende da prioridade: as urgentes são concluídas em até 15 dias, as de prioridade alta são concluídas em até 30 dias, prioridade média em até 60 dias e prioridade baixa até 90 dias.

“A ouvidoria funciona nas unidades de Saúde de forma descentralizada, de segunda à sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h. Caso a demanda seja algo urgente, que não pode esperar até o próximo dia útil, os usuários podem se direcionar diretamente à direção/administração das unidades, que poderão auxiliar e/ou repassar as informações necessárias ao cidadão. Fora do horário de atendimento presencial, a população também pode registrar as reclamações por meio de uma urna coletora disponível nas unidades, as quais são recolhidas rotineiramente e devidamente apuradas”, esclareceu a nota.

PREFEITURA – No caso do Município, existem cinco canais de acesso para que a população possa destinar demandas, reclamações ou manifestações. Também através de nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informou que o prazo de resposta preconizado pelo Departamento de Ouvidoria Geral do SUS (DOGES) é de 20 dias, porém, a prefeitura adotou o prazo de cinco dias úteis.

“Vale ressaltar que as ouvidorias não têm poder resolutivo e agem no sentido de levar todas as manifestações dos usuários ao conhecimento da gestão, para que haja solução e melhorias na prestação de serviços”, explicou.

* Ouvidorias do Estado:

PRESENCIAL – Sede da Sesau, Clínica Especializada Coronel Mota, Hospital Geral de Roraima (HGR), Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré (HMINSN), Policlínica Cosme e Silva.

URNA COLETORA – Setor de autorização de exames na Sesau, Clínica Especializada Coronel Mota, HGR, HMINSN, Centro de Referência de Saúde da Mulher, Núcleo de Reabilitação Física “5 de outubro”, Centro de Diagnóstico por Imagem, Policlínica Cosme e Silva.

Telefone Estadual: (95) 2121-0590

Telefone Nacional: 136

E-mail: [email protected]

*Ouvidorias do Município:

PRESENCIAL – sede da SMSA e no Hospital da Criança Santo Antônio em dias úteis. De 8h às 14h (SMSA) e de 7h às 19h no HCSA.

URNA COLETORA – em todas as unidades básicas e também no HCSA (recolhimento quinzenal).

Telefone Municipal: (95) 3621-1012

Disque Saúde (Call Center): 156

E-mail: [email protected]