Cotidiano

Madeira apreendida pela Polícia Federal é oriunda de Roraima

Polícia Federal deflagrou operação para desarticular exploração ilícita de madeira na Amazônia

A Polícia Federal no Amazonas desarticulou um esquema bilionário de exploração ilegal de madeira oriunda dos estados de Roraima, Rondônia e Amazonas na manhã de ontem, 18, que tinha como rota principal do desvio comerciantes madeireiros sediados no Brasil, Europa e Estados Unidos.

A operação batizada de Arquimedes contou com a participação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e apoio do Ministério Público Federal, e teve início após um alerta da Receita Federal, em que foi possível reter com autorização judicial 444 containers. Destes, 20% já foram periciados no porto de Manaus.

Os policiais federais e fiscais do Ibama identificaram fraude nos Documentos de Origem Florestal (DOFs), que deveriam atestar a legalidade da extração e da origem da madeira. Dentre as irregularidades, foram encontrados DOFs cancelados ou falsificados, bem como diferenças substanciais entre o atestado nos documentos e o conteúdo dos containers, entre elas volumetria e descrição das espécies exploradas.

Os dois portos, onde se desenvolve a operação, são responsáveis pelo escoamento da quase totalidade da produção de madeira extraída na Amazônia Legal. As madeiras retidas por ilegalidade documental eram originárias de exploração nos estados de Roraima, Rondônia e Amazonas e em torno de 50% delas teria como destino a Europa e os EUA.

Em nota encaminhada à imprensa, a Polícia Federal não deu detalhes da madeira apreendida por Estado e ressaltou que as investigações agora visam a identificação das pessoas físicas e jurídicas envolvidas na extração ilegal, no transporte e na comercialização do que está sendo considerado pelas autoridades como uma das maiores apreensões mundiais de madeira beneficiada realizada em portos.

Os envolvidos responderão pelos crimes contra a flora previstos na Lei de Crimes Ambientais e receptação prevista no Código Penal podendo, inclusive, haver responsabilização penal da pessoa jurídica conforme disposto na legislação ambiental.

ARQUIMEDES – O nome da operação tem origem na cultura grega, que relata a técnica utilizada por um filósofo para encontrar volumes de materiais a partir da imersão em um recipiente com água. A técnica inspirou os peritos da Polícia Federal para realizar a medição do volume do material apreendido, onde o volume até agora analisado de forma linear, cobriria um percurso de 1.500 quilômetros, o que equivaleria à distância entre Brasília e Belém, aproximadamente.

Femarh afirma que tem feito fiscalizações e monitorado o desmatamento

O diretor interino de Monitoramento e Controle Ambiental da Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Yuri de Lima, ressaltou que o órgão está realizando constantemente o monitoramento de todas as regiões no estado e detalhou que a Femarh vem recebendo diversas denúncias de desmatamentos ilegais em localidades de assentamentos agrários.

“Não recebemos nenhum comunicado sobre esta apreensão de madeira, mas vamos aguardar algum contato, para detalhar as ações que estamos executando para coibir esta prática ilegal em Roraima. Temos recebido diversas denúncias de desmatamentos, mas relacionadas a áreas de assentamento, as quais estão sob a jurisdição do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] e devem ser fiscalizadas em conjunto com o Ibama”, disse.