Cotidiano

Exercícios físicos contribuem para qualidade de vida na terceira idade

Quase mil idosos são atendidos em projetos desenvolvidos pelo poder público

A população mundial está envelhecendo. Segundo projeções demográficas a nível nacional, a população brasileira vai chegar ao ano de 2020 com mais de 26,3 milhões de idosos, o que vai representar quase 12,9% da população. Em Roraima, projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que o índice da população idosa, que até o momento representa quase 10% do total, vai dobrar nos próximos dez anos. E o que fazer para aproveitar a terceira idade? É possível ter qualidade de vida a partir dos 60 anos?

Há mais de dez anos, o aposentado Arnô Queiroz descobriu que sim, que a vida após os 60 anos pode ser desfrutada com alegria e saúde. Aos 81 anos, seu Arnô pratica atividades físicas pelo menos duas vezes na semana. Caminhadas, danças e esportes, como vôlei e basquete, fazem parte da rotina do homem que é pai de dez filhos, avô de 30 netos e bisavô de cinco bisnetos. Apesar dos cuidados de hoje, a vida do aposentado nem sempre foi assim.

Nascido na Vila do Taiano, no município de Alto Alegre, região centro-oeste do Estado, seu Arnô contou que o trabalho no interior não permitia tantos cuidados. Ele disse que a vida começou a melhorar quando, ainda jovem, veio morar na capital. Quando completou 70 anos, começou a participar de programas que incentivam a qualidade de vida ao público da terceira idade. “Às vezes a gente sai de casa ruim, triste, mas quando começa alguma atividade tudo melhora”, comentou.

Aos 67 anos, Elda Lima é um exemplo de espírito jovem e alegre. Mãe de sete filhos, avó de 12 netos e bisavó de quatro bisnetos, a aposentada nasceu na Vila Surumu, conhecida pelos moradores como Vila Pereira. Ela explicou que,quando pequena, não teve um local fixo de criação em razão do emprego do pai, que cuidava de diversas fazendas no Estado. Aos 14 anos, deu início aos trabalhos na roça, colhendo milho, arroz e fazendo farinha para ajudar a criar os irmãos.

Mesmo após casar, aos 17, ela continuou levando a vida na roça. Para a aposentada, a vida começou de fato após o término dos 23 anos de casamento, sobretudo em relação à saúde. Segundo dona Elda, a falta de tempo era um dos principais fatores para não praticar exercícios. De quatro anos para cá, ela decidiu cuidar um pouco de si e dar mais atenção ao corpo. Ainda que o corpo apresente o cansaço dos anos de trabalho, ela afirmou que carrega toda a disposição que precisa.

Elda descobriu uma grande paixão aos 50 anos. “Aprendi a dançar. A dança é minha paixão”, frisou. Participante de um dos programas voltados à saúde e qualidade de vida na terceira idade, a aposentada ressaltou a importância de se informar sobre os cuidados necessários a cada período da vida, bem como os diálogos entre familiares e entes, a fim de que possam contribuir com o idoso. “É tão bom viver. A gente não precisa de muito para ser feliz”, destacou. (A.G.G)
 
Programas públicos atendem quase mil idosos no Estado
 
A Rede Cidadania Melhor Idade e o programa Cabelos de Prata são projetos públicos voltados ao público da terceira idade. No Estado, cerca de 730 usuários participam da Rede Melhor Idade, que oferece serviços de saúde, oficinas de artesanato, alfabetização, atividades culturais e esportivas. Por mês, mais de 20 mil atendimentos são realizados ao público. Com o Cabelos de Prata, os mais de 200 idosos participam de atividades físicas como vôlei, basquete, caminhadas, aulas de dança, oficina de artesanato e pintura.

Para a educadora do Cabelos de Prata, Gilvania Santos, a procura por exercícios que beneficiam a saúde tem sido cada vez maior por parte dos idosos. Em vez de ficar em casa, muitas vezes sem nada pra fazer, a educadora pontuou que os participantes dão preferência às atividades. (A.G.G)
 
Nutricionista dá dicas voltadas ao público da terceira idade
 
Para a nutricionista Flávia Amaro, tornar o ambiente da cozinha e o local de refeições mais adequado e agradável, visando maior conforto, segurança e autonomia no dia-a-dia das pessoas idosas é uma medida que tem impacto positivo na autoestima, no preparo das refeições e no estabelecimento do prazer à mesa. Ao preparar as refeições, ela pontuou que algumas medidas especiais são necessárias para atender aos princípios de uma alimentação saudável, como dar preferência a alimentos menos gordurosos.

Uma vez que a pessoa apresente limitações para mastigar e engolir, a forma de preparo, Flávia relatou que a consistência, a textura, o tamanho dos alimentos e a quantidade que é levada à boca devem ser adaptados ao grau de limitação. Nesses casos, ela aconselhou que moer, ralar e picar em pedaços menores podem ser alternativas para facilitar o planejamento das refeições e o consumo, evitando a recusa da refeição e complicações como engasgo, aspiração ou asfixia durante a ingestão dos alimentos.

A nutricionista disse ainda que é importante estabelecer horários regulares para as refeições com intervalos para atender a fisiologia digestiva da pessoa idosa, considerando que a digestão é mais lenta. O ajuste dos horários de refeição contribui para garantir o fornecimento de nutrientes e energia, maior conforto e apetite para a pessoa idosa.

Segundo Flávia, a falta de companhia na alimentação acaba contribuindo para que a pessoa tenha menos preocupação com o tipo de alimento consumido. “A tendência é alimentar-se de maneira inadequada tanto do ponto de vista da qualidade, como da quantidade”, frisou. A nutricionista afirmou que incentivar a ingestão de água em pequenas quantidades, várias vezes ao dia e entre as refeições é de suma importância.

Entretanto, em casos cuja recomendação médica restringe a ingestão de líquidos, a quantidade diária de água para a pessoa idosa deve ser calculada e sua ingestão monitorada. Flávia considerou ainda, que a temperatura em que os alimentos são consumidos é importante, especialmente na terceira idade. Temperaturas muito quentes ou muito frias devem ser evitadas porque pode haver mais sensibilidade térmica, em função de mudanças que ocorrem nos tecidos da boca com o passar dos anos.

NUTRIENTES ESSENCIAIS – Conforme a nutricionista Flávia Amaro, os principais nutrientes ao público da terceira idade são Vitamina C, D e E, cálcio, ferro, iodo, potássio, zinco e vitaminas do complexo B. (A.G.G)