Cotidiano

Combustível sem impostos dura menos de duas horas

Nas primeiras horas dessa quinta-feira, 24, as filas quilométricas confirmaram o impacto que os impostos têm em cima do litro do combustível

O Dia da Liberdade de Impostos começou antes da hora na capital de Roraima. Ainda no início da noite da quarta-feira, 23, condutores já se dirigiam aos dois postos de combustível participantes para garantir o abastecimento do veículo. Nas primeiras horas da manhã dessa quinta-feira, 24, as filas quilométricas comprovaram o impacto que os impostos têm em cima do litro do combustível, que de R$ 4,45, foi vendido por R$ 2,50.

Em Boa Vista, dois postos da Rede Abel Galinha participaram do dia, um localizado na avenida Ville Roy, no bairro Aparecida, onde foram liberados três mil litros de gasolina, e outro na avenida Mário Homem de Melo, no bairro Caimbé, onde foram disponibilizados dois mil litros. Devido às filas, o abastecimento livre de impostos, que iniciou por volta das 8h, encerrou antes das 10h.

Para o presidente do Sindicato de Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Roraima (Sindpostos), José Neto, a experiência foi considerada positiva, uma vez que foi possível esclarecer à população de que maneira é feita a composição do preço do combustível. “Acredito que com as informações repassadas, a população vai perceber o impacto dos tributos nos produtos, principalmente em relação ao combustível”, disse.

Além dos dois postos, diversas lojas da capital aderiram ao Dia da Liberdade de Impostos. O empresário Maycon Almeida, que trabalha no ramo de telefonia, já abriu a loja vendendo mercadorias mais baratas na manhã desta quinta-feira, apesar de ter considerado curto o tempo de preparo para o evento. Ele destacou, entretanto, a necessidade de explicar o motivo do preço baixo.

“A maioria dos consumidores não tem a consciência do imposto que paga e acaba vendo a empresa como vilão do negócio. No meu empreendimento de telefonia, o imposto gira em torno de 40% nos produtos, é quase metade do preço dos aparelhos”, comentou. Pela porcentagem cobrada e por ter que arcar com essa diferença na hora da venda, Almeida apontou que não foi possível vender todos os aparelhos da loja sem a incidência de impostos.

As explicações de que os preços baixos não eram provenientes de promoções, e sim da redução dos impostos cobrados, também foram dadas pelo gerente operacional de uma loja de produtos eletrônicos, Anderson Lopes. Ele começou a passar as informações sobre o Dia da Liberdade de Impostos ainda no dia anterior. “O cliente precisa saber o real valor que ele poderia pagar, se não fossem os impostos. A reação deles é o espanto”, contou.

Segundo Lopes, o movimento da loja foi fortalecido durante todo o dia. Ainda durante a manhã, dois produtos disponíveis já haviam sido esgotados nas quatro filiais da cidade. Para ele, o único problema é o fato de o dinheiro não ser revertido em melhorias para a própria população. “A compra é segura, tem a nota fiscal e a garantia. O problema é que esse dinheiro vai pro sistema, não pro povo”, afirmou.

O empresário Rodrigo Araújo soube do evento pelas redes sociais e aproveitou para comprar uma impressora. A diferença, de acordo com ele, foi de quase R$ 400,00. “A gente chega à conclusão que paga cerca de R$ 5 mil só de impostos quando compramos os produtos para montar nossa empresa. É preciso aproveitar essas oportunidades e ficar de olho daqui pra frente na nota fiscal”, concluiu. (A.G.G)

Cartilha vai explicar formação de preço dos combustíveis

No Dia da Liberdade de Impostos, o Sindicato de Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Roraima (Sindpostos) aproveitou a oportunidade para lançar a cartilha intitulada “Se você acha que o combustível é caro, não é culpa do posto, é do imposto”, que traz detalhes sobre a elevação no preço dos combustíveis ao consumidor.

Por meio da cartilha, o presidente do Sindpostos, José Neto, relatou que será possível explicar a formação de preço dos combustíveis, tanto em Roraima, como nos demais estados do país. Para qualquer esclarecimento, ele pontuou que o sindicato está à disposição da população. “O que tem levado o combustível a estar caro são os impostos e a variação da Petrobras, mas pra população o dono do posto que é ladrão, que cobra caro. O pessoal que trabalha com a gente também sofre, porque o cliente reclama com o frentista. O objetivo da campanha é mostrar que o revendedor de postos também tem os mesmos impostos e contas, se ele não faz o reajuste, não tem como continuar”, declarou. (A.G.G)