Cotidiano

Comandante diz que PM agirá em caso de violência contra venezuelanos

Manifestações contra a imigração venezuelana em Roraima já ocorreram em dois municípios e deve ser realizada no sábado em Boa Vista

As manifestações de brasileiros contrários à imigração venezuelana em Roraima já preocupam os órgãos de segurança do Estado. O temor é que os atos incitem a violência em desfavor dos estrangeiros e se transformem em tragédia fugindo do controle dos órgãos policiais.

Na segunda-feira, 19, um grupo de brasileiros expulsou de um abrigo improvisado de Mucajaí cerca de 200 venezuelanos, entre eles, mulheres e crianças. A confusão ocorreu depois que uma briga, no domingo, 18, resultou na mortede um brasileiro e de um venezuelano no município. Já na terça-feira, 20, mais uma manifestação contra os imigrantes- desta vez pacífica- foi realizada em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.

Centenas de pessoas em grupos de redes sociais já estão marcando para este sábado, 24, atos pedindo a expulsão dos venezuelanos de Roraima. Na Capital, os protestos devem ocorrer na Praça Simón Bolívar, onde vivem aproximadamente mil desabrigados, entre eles, 35 crianças. Alguns manifestantes ameaçam queimar os pertences dos estrangeiros e levar fogos de artifícios para dispersá-los.

À Folha, o comandante da Polícia Militar de Roraima (PMRR), coronel Edison Prola, afirmou que a situação está sendo acompanhada de perto. “Aqui em Boa Vista estamos vendo que ocorrerá [manifestação] também no sábado. Os atos são legítimos, desde que se mantenha na paz. Se afetar a segurança e situação do patrimônio colocando em risco a vida de outros, nós iremos agir”, afirmou.

Cientes do risco de confrontos entre brasileiros e venezuelanos durante as manifestações, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), em parceria com o Exército Brasileiro (EB), finalizaram a montagem de barracas em um novo abrigo na Capital. Os primeiros 200 venezuelanos já estão no local e a intenção é que todos sejam retirados da Praça Simón Bolívar. 

Conforme o comandante, a PM possui equipe especializada e capacitada para atuar nesse tipo de situação por meio da Companhia de Choque da Força Tática, pertencente ao Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). E caso haja desordem, a Companhia de Choque vai adotar as medidas necessárias.

“Causa-nos preocupação, porque não queremos enfrentamentos. Se houver algo que coloque em risco a integridade dos manifestantes e dos venezuelanos iremos atuar mantendo a ordem pública. É um direito desde que não cause problema a outras pessoas”, reforçou o comandante da PM.

Segundo ele, a segurança no entorno da praça será reforçada para evitar violência. “Em Mucajaí, um grupo de pessoas invadiu e tocou fogo nos pertences. Causa-me preocupação, porque espero que não sirva de exemplo para que se causem problemas no Estado. Queremos evitar uma situação de violência desnecessária em relação aos venezuelanos”, frisou. (L.G.C)

MPF vai apurar manifestações contra venezuelanos

O Ministério Público Federal em Roraima (MPF/RR) informou que já abriu procedimento para acompanhar a apuração dos fatos sobre os episódios ocorridos no início desta semana no Município de Mucajaí, após mortes envolvendo um brasileiro e um venezuelano. “Este órgão ministerial já enviou ofícios para os órgãos públicos responsáveis, requisitando mais informações sobre os fatos ocorridos e sobre as providências que estão sendo adotadas para a solução de conflitos”, informou.

“A atuação do Ministério Público Federal em Roraima na defesa do cidadão roraimense e dos direitos dos imigrantes está vinculada à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), tendo como função zelar pela efetiva prevalência dos direitos humanos e da cooperação entre os povos para o progresso da humanidade nas relações internacionais, princípio previsto na Constituição Federal de 1988”, complementou. (L.G.C)