Cotidiano

BV está sem ambulâncias do Samu para atendimento à população

Todos os três veículos que deveriam servir à Capital estão quebrados por falta de manutenção e parados em oficinas

A ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que deveria servir à população de Boa Vista, mas ficou parada em uma rua de São Paulo por quatro anos em um caso que virou alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF), hoje faz falta. Isso porque todas as três ambulâncias de suporte básico da Capital roraimense, que são de responsabilidade da Prefeitura estão paradas por falta de manutenção.

Na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro dos Estados, na zona norte de Boa Vista, onde fica um dos postos de atendimento do Samu municipal, havia apenas uma viatura caracterizada por adesivos com a palavra “Samuzinho”, antiga, enferrujada e sem nenhum equipamento de socorro. O veículo, no entanto, é utilizado somente para treinamento de socorristas. Nas demais bases, nenhuma ambulância foi encontrada.

O Ministério da Saúde (MS) preconiza que o número de ambulâncias básicas nas cidades seja de uma para cada 100 mil habitantes, além de uma de suporte avançado para cada três unidades de suporte básico. Mesmo que os três veículos que atendem à Capital estivessem funcionando, o número ainda seria inferior tendo em vista que a estimativa da população seja de 350 mil pessoas devido à imigração venezuelana.

O descaso da Prefeitura de Boa Vista em relação à falta de ambulância na Capital foi denunciado por funcionários da Central de Regulação de Urgências, que recebem diariamente mais de 100 solicitações de socorro, por meio do número 192, de pacientes com necessidade de serem levados a hospitais que prestam serviços de urgência e emergência. “Estão todas quebradas. Somos nós que recebemos as ligações e temos que falar que não tem ambulância”, relatou o denunciante, que preferiu não ser identificado.

Em outubro do ano passado, a própria administração municipal chegou a anunciar que a Capital receberia duas novas ambulâncias para a renovação da frota do Samu, o que não ocorreu. A situação só não é mais grave porque o Governo do Estado emprestou uma ambulância de suporte avançado, as chamadas UTIs móveis, que deveriam ser utilizadas em casos de acidentes graves nas rodovias, mas que estão atendendo aos boa-vistenses.
“Faz tempo que esses veículos possuem problemas técnicos. É uma negligência em não fazer contrato para a manutenção. Quando quebram são levados para qualquer oficina. A Central tem uma ambulância que dá apoio ao município quando tem múltiplas vítimas de acidentes, e hoje é a única que está funcionando”, disse o funcionário.

O recurso destinado à manutenção de ambulâncias do programa se dá por meio de participação tripartite, ou seja, com contribuição financeira dos três governos, conforme a Portaria Ministerial 1010. Nessa divisão, a União é responsável por 50% do valor de investimento em manutenção, enquanto Estados e Municípios contribuem com 25% cada.

No caso de Roraima, a participação dos municípios fica mais focada na contratação da empresa responsável pela manutenção das viaturas, justamente o motivo pelo qual acabaram ficando paradas em oficinas sem serventia à população.

OUTRO LADO – Questionada sobre a falta de ambulâncias na Capital, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou o caso e informou que os veículos estão passando por manutenção corretiva e de rotina, como preconiza a lei. “Todas as unidades do Samu passam por manutenções preventivas mensalmente, além das manutenções corretivas, quando necessário”, justificou.

Segundo a Prefeitura, unidade de suporte avançado, que pertence ao Governo do Estado, e duas “motolâncias” (motocicletas) estão disponíveis para atender às chamadas da Central. “É importante ressaltar que o estado físico e de funcionamento dessas ambulâncias é diretamente afetado pela rotina intensa de uso e o tempo de manutenção desses veículos está ligado à oferta de peças existentes em nossa capital, o que impacta na agilidade da execução das manutenções”, alegou. (L.G.C)