Cotidiano

Professores de Caracaraí paralisam e ameaçam entrar em greve na 5ª feira

Funcionários da área de Educação do Município de Caracaraí, Centro-Sul do Estado, com apoio do Sindicato de Servidores Públicos de Caracaraí (Sinspuc), realizaram uma paralisação em frente à Câmara de Vereadores local, no Centro, nesta segunda-feira, 25. Todas as escolas públicas da cidade foram fechadas.

A direção do Sinspuc, em reunião na Câmara, anunciou uma greve geral da categoria a partir de quinta-feira, 28, caso a prefeitura não manifeste interesse em negociar ou atender às reivindicações dos profissionais. Os professores afirmam que, além da falta de materiais didáticos, como pincel, papel, canetas, e de higiene, como panos e produtos de limpeza, também existe a reivindicação pelo retorno do acréscimo de 20% no salário de servidores com nível superior, revogado neste ano pela prefeita Socorro Guerra.

De acordo com o presidente do Sinspuc e um dos organizadores da manifestação, Raimundo Nonato, existem diversos funcionários alegando terem recebido ameaças por telefone de funcionários da Prefeitura de Caracaraí, o que qualifica em assédio moral. “Essas ameaças existem apenas contra pessoas que se demonstram contrárias à prefeita. Ou seja, é só demonstrar que não gostamos dela, que já recebemos repreensão. A prefeitura quer que todos nós aceitemos receber chibatadas e depois ficarmos calados”, afirmou.

Nonato disse que a prefeitura está se recusando a discutir as questões com a presença do sindicato, alegando que a entidade estaria atrapalhando o andar das negociações. Os professores também denunciam ambientes de trabalho insalubres, falta de fardamento de servidores e alunos, falta de auxílio alimentação, merenda de baixa qualidade e falta de piso salarial para a categoria. Segundo a integrante a diretoria do sindicato, professora Maria Aulenice, as condições de trabalho vêm se tornando insustentáveis devido à falta de materiais de limpeza. “As escolas estão sujas, tornando o ambiente insalubre. Os alunos vêm reclamando do acúmulo de sujeira nas salas de aula e corredores. Ninguém da classe da educação está aguentando mais”, lamentou.

PREFEITURA – Em nota, a Prefeitura de Caracaraí informou que já se reuniu diversas vezes com representantes do Sinspuc e que sempre estará aberta ao diálogo. Destacou problemas relacionados a cortes de orçamento, sofridos entre 2016 e 2017.

“Verbas da educação municipal foram cortadas de R$ 34 milhões (2016) para R$ 16 milhões (2017), devido à falta de prestação de contas da gestão anterior. Mesmo assim, firmamos acordo com os produtores do município para fornecer frutas, verduras e legumes, e a merenda servida nas escolas é de qualidade e segue os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC)”, diz a nota.

Informou ainda, que foi entregue, na semana, toneladas de alimentos distribuídos pela prefeitura às instituições de ensino e frisou que uma nova remessa de materiais didáticos e de limpeza estará disponível nas escolas “em poucos dias”.

Sobre as denúncias de assédio, a prefeitura afirmou que desconhece, mas destacou que irá apurar e, caso sejam constatadas, tomará as devidas providências. A nota termina informando que outros pontos destacados serão discutidos em reunião com os representantes dos servidores, quando solicitada. (P.B)

Prefeita de Caracaraí aponta falta de representatividade no sindicato

Segundo a prefeita de Caracaraí, Socorro Guerra, ela vem se recusando a negociar diretamente com o Sindicato dos Servidores de Caracaraí (Sinspuc) devido à falta de representatividade por parte de outras secretarias, além da educação.

“A diretoria do Sindicato dos Servidores é formada apenas por funcionários da Secretaria de Educação. Tanto é que a própria manifestação vem sendo constituída apenas de servidores desta categoria. Cadê a manifestação dos representantes da Saúde, da Administração, do Meio Ambiente? Não há diálogo com outras classes. Quando todas as secretarias manifestarem suas demandas através do sindicato, aí terei o prazer de conversar com eles”, afirmou.

Quanto à questão da lei revogada do acréscimo de 20% para graduados, a prefeita comentou que a legislação foi criada no mandato passado “de forma irresponsável”, que não condiz com a realidade de nenhum lugar no Brasil.

“Eu fui orientada juridicamente a alterá-la, pois é inconstitucional. Eu não vou dar 20% a mais para um gari só porque ele possui uma graduação. A lei que temos quanto a isso prega que na pós-graduação se recebe um acréscimo de 7%, no mestrado 12%, e só no doutorado 20%”, disse. (P.B)