Jessé Souza

Santa Inquisicao 2524

Santa InquisiçãoCondenar é o verbo mais conjugado na internet. Ninguém quer mais refletir e entender contextos histórico e/ou social. As pessoas estão prontas para condenar, encontrar qualquer brecha para desmerecer e escrachar. Pensar não é fácil, porque é preciso conteúdo, por isso as pessoas optam por julgar e condenar, alegando se tratar de opinião pessoal, que tem de ser aceita e pronto.

Monta-se um tribunal de acusação, como se fosse no tempo da Santa Inquisição, e não há escapatória para os dedos ágeis e mentes fechadas que se arvoram como juízes do mundo. E quando essa ânsia de condenar se junta com postagens mentirosas passadas como se fossem correntes, não há escapatória para quem está sendo acusado.

E isso pode ser pior ainda mais quando os “juízes do mundo” misturam suas acusações com a Bíblia, tal como se ela fosse espada pronta para dilacerar a razão e a reflexão. E o mundo fica cinza para qualquer um que tenta jogar um pouco de bom senso, menos para aqueles que se acham acima do bem e do mal, pois estes pregam um mundo perfeito que só se sustenta em suas mentes doentias.

As sementes lançadas nas redes sociais são muito prejudiciais para os jovens e adolescentes que ainda estão em formação de seu caráter, pois estão sujeitos a absorverem o falso moralismo, o extremismo religioso, as inverdades, a desinformação e a acusação rasteira no lugar da reflexão.

Há um desafio muito grande aos educadores para alertar aqueles em formação sobre a necessidade de se enxergar além dos fatos e dos boatos, fazer as pessoas entenderem que a liberdade de expressão não significa liberdade para acusações sem provas, para fazer linchamento moral de ninguém.

É preciso refletir que em cada erro cometido pelas pessoas há uma reflexão a ser feita para que sirva de exemplo a fim de que se busque o certo. Cada um de nós pode ser vítima, alguma dia, daquilo que condenamos sem refletir. Um estupro, por exemplo. Cada mulher pode ser vítima de um maníaco, independente da roupa, do status social e do local que frequenta.

Porém, nas atuais circunstâncias, monta-se logo a Inquisição e condena-se sumariamente, não interessando a importância de se discutir os fatos em favor da coletividade, sem buscar argumentos para se condenar e escrachar.

Esse extremismo que estamos vivenciando é muito perigoso para o Brasil, principalmente por ser um país continental, de muitas culturas e de várias realidades tentando se manter uma Nação. Estão criando a cultura do ódio, do estupro, da corrupção, do extremismo religioso e do escracho. Precisamos ficar em alerta mais que nunca.

*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main