Cotidiano

Taxa de desemprego recua, mas 12 milhões estão sem emprego

No segundo trimestre do ano, IBGE avalia pouca melhora no cenário empregatício brasileiro e estabilidade até final do ano

Durante quase cinco anos, a rotina do Luiz Zógob era distribuir currículos para tentar voltar a ter a carteira de trabalho assinada. Ao deixar o último trabalho com 52 anos, ouvia que não conseguiria emprego por conta da idade e precisou fazer bicos para conseguir completar a renda familiar.

“Eu sempre achei que ia conseguir porque acredito no meu potencial, mas a gente fica meio sem esperança. Só que cada vez que deixava um currículo eu achava que ia conseguir”, relembrou.

Entre os meios que encontrava para tentar ser empregado era conversar com conhecidos, sempre informando da situação e demonstrando disponibilidade. Até que no primeiro dia de junho conseguiu ser contratado como motorista em uma empresa.

“Fiquei muito alegre e agradecendo a Deus porque, na idade que estou, conseguir um trabalho com carteira assinada foi difícil e precisei passar por todas as pessoas que falavam que eu não conseguiria”, contou.

O motorista faz parte da população que ficou ocupada no segundo trimestre do ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desocupação de junho a agosto ficou de 12,1%, menor que no primeiro trimestre, que somou 12,7%. Uma redução de -0,6%. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, também foi um número menor, que na época registrou 12,6%.

A redução pouco significativa já demonstra melhorias no quadro de desemprego no Brasil. Atualmente ainda são 12,7 milhões de brasileiros desocupados durante esse trimestre, contudo, em comparação ao trimestre encerrado em maio, eram 13,2 milhões, uma redução de -4%. Já a população subutilizada, que são pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais ficou estável até agosto, com 27,5 milhões de pessoas, em comparação com o mesmo período no ano passado, este grupo cresceu 2,8%.

O IBGE também revelou que o contingente de pessoas desalentadas – pessoas que possuem idade ativa para trabalho, mas desistiram de procurar emprego por não conseguirem contratação – somam 4,8 milhões de junho a agosto de 2018. No segundo trimestre de 2017, a alta foi de 13,2% de brasileiros nesta situação. 

OCUPADA – A população ocupada, conforme demonstrou o IBGE, cresceu 1,3% em relação ao primeiro trimestre do ano, resultando em 92,1 milhões de brasileiros com trabalho, um somatório de 1,2 milhões de pessoas. Esse nível de ocupação resultou em 54,1% da população, no trimestre de março a maio foi de 53,6%.

Os empregados do setor privado com carteira assinada são 33 milhões neste período e se manteve estável desde o começo do ano, contudo, foi menor em comparação com o mesmo trimestre de 2017, em que houve uma variação de -1,3%. Já o número de trabalhadores sem carteira assinada, que totalizam 11,2 milhões, cresceu 4% em comparação com o ano anterior, uma soma de 435 mil pessoas a mais nessa classificação.

Na categoria de trabalhadores por conta própria, houve aumento de 1,5% desde o primeiro trimestre, com 23,3 milhões até agosto deste ano. Esse número resultou em 437 mil pessoas a mais do que em 2017. 

RENDA – Para o IBGE, o rendimento médio habitual do brasileiro é de R$ 2.225 de junho a agosto, mantendo uma estabilidade desde o começo de 2018 e também em 2017.

O IBGE não revelou os dados por regionalidades, apenas fez um apanhado geral. A previsão é que na próxima divulgação, que deve ocorrer em novembro, os dados de Roraima serão especificados referentes ao terceiro trimestre do ano. (A.P.L)