Cotidiano

Supermercados apostam no Natal para melhorar vendas

Após fecharem os últimos meses com redução, supermercados acreditam que Natal pode salvar os prejuízos do ano no setor alimentício

A chegada do mês de dezembro já representou o momento de retirar os enfeites natalinos das caixas e o começo da preparação para a ceia de Natal. Entretanto, a atual crise financeira no estado tem colocado essa perspectiva cada vez mais longe, e gerentes do ramo alimentício estudam alternativas para não saírem no prejuízo com a falta de clientes dentro das lojas.

Em diversos supermercados da capital, o último mês demonstrou queda no número de vendas, em torno de 25% em comparação com o período anterior. Por representar a data que mais movimenta todo setor comerciário, o Natal está sendo visto como a última esperança para recuperar as perdas causadas, contudo, existe receio no ramo.

Osimar Nascimento, é gerente há 15 anos de um supermercado no bairro São Francisco e garante que nunca enfrentou uma situação crítica, como essa que envolve a falta dos pagamentos dos servidores públicos estaduais. “Estamos preparados, mas ao mesmo tempo estamos preocupados. Os servidores falam que nem sabem quando vão receber. Temos um volume muito alto de produtos sazonais, se continuar dessa forma vai complicar nossa vida”, relatou.

O gerente revelou que os pedidos dos alimentos foram feitos em grande escala por acreditarem que o cenário do salário dos servidores iria ser resolvido em tempo hábil para as compras. Caso não seja possível zerar o estoque, o supermercado trabalha com a possibilidade de conversar com fornecedores para saber a possibilidade de aplicar descontos até janeiro. “Vai depender muito do que vai acontecer daqui até o final do ano, não dá para saber realmente”, confessou.

Uma rede de supermercados com sete lojas em Boa Vista fechou o mês de novembro no limite em alguns pontos, outros tiveram resultados abaixo da expectativa. Sobre os produtos natalinos, o planejamento vai ser colocar em pontos estratégicos da loja com preços atrativos para os clientes. Para não ter gastos a mais, a gerência não irá fazer estoque em alguns dos pontos comerciais, sendo disponível apenas a quantidade nas prateleiras.

“Tudo o que não pode faltar na ceia estará especialmente nas nossas promoções. Queremos baixar em média 20% dos preços para os clientes sentirem que está abaixo do valor, porque já vemos que eles estão pesquisando preços, esse ano teve gente procurando Chester em novembro”, relatou o gerente de um dos mercados localizado no bairro 31 de Março, Jackson Bezerra.

FINAL DO ANO – Mesmo que muitos clientes ainda apresentem preocupação em relação à ceia natalina, os proprietários dos mercados avaliam que os problemas podem ser muitos, se os números de venda não chegarem às metas determinadas pela gestão. Segundo explicou o gerente de um mercado no Tancredo Neves, Francisco Sousa, caso não sejam vendidos até o dia 24, os produtos irão ter redução drástica.

“A demanda caiu bastante. Tenho conversado com colegas de outros proprietários e a queixa é a mesma. Estamos com a expectativa boa, mas com o pé no chão porque como o dinheiro está complicado, a gente teme que as pessoas segurem para comprar em janeiro. Estamos apostando também nessa nova gestão, já que isso impacta no comércio”, destacou.

Grupo Parima tem boa arrecadação sazonal

Em contrapartida com todo cenário de preocupação, o maior distribuidor atacadista do estado já conseguiu obter saldos positivos com a data comemorativa. O Grupo Parima abastece supermercados e mercearias de todo estado e está, até o momento, com todos os produtos natalinos especiais esgotados.

De acordo com o consultor de vendas internas do grupo, Jocimar Ferreira, o panetone é o principal produto vendido pela empresa, que até chegou a ter uma redução de 50% na variedade recebida pela fornecedora, mas que isso não afetou na procura pelo alimento. “Tivemos aumento nas vendas em torno de 5%, mas esperávamos mais. Acredito que esse corte da fornecedora possa ter influenciado”, afirmou.

Por já terem encerrado as vendas sazonais natalinas, a empresa não fez contratações temporárias para a época e apostou no número de funcionários atuais. Nas vendas gerais, a distribuidora chega a média mensal de R$ 3 milhões e que mesmo com a crise financeira no estado, os números não são afetados. O consultor revelou que no período natalino, a média arrecadada é de R$ 600 mil a mais.

Além de Roraima, o Grupo Parima tem expandido as vendas para os países vizinhos, Guiana e Venezuela, com produtos alimentícios e de higiene. Pela logística de transporte, não é pensado em fazer mais pedidos de panetones para a fornecedora, o que limita a possibilidade de aumentar a arrecadação.

“Não chega a tempo, demora muito para a chegar e não compensa. Como as coisas acabaram no dia 22 de novembro, se fizéssemos novo pedido, iria chegar na véspera de Natal ou no dia 26. Além disso, por ser final do ano, aumenta frete e as viagens feitas. Fora isso, as vendas estão girando bem”, finalizou o consultor. (A.P.L)