Saúde e Bem-estar

Superbactérias tem relação com uso abusivo de antibióticos

Quando antibióticos são utilizados com frequência e por muito tempo, em vez de combater microrganismos, acabam por torná-los resistentes

Bactérias são organismos unicelulares e microscópicos extremamente adaptáveis. Elas estão presentes em praticamente todos os lugares, desde as fossas oceânicas até a estratosfera, habitando o solo, a água e o ar.  Quando uma bactéria invade um organismo humano, ela multiplica-se e libera toxinas dentro dele, resultando em uma doença infecciosa.

Para se livrar da infecção, o paciente precisa às vezes passar o tratamento à base de antibióticos que são capazes de matar as bactérias. Aí está o problema, quando os antibióticos foram utilizados com tanta frequência e por tanto tempo que, em alguns casos, em vez de combater os microrganismos, acabaram por torná-los resistentes ao medicamento.

Superbactérias são bactérias que, devido a longa exposição a substâncias antibióticas, adquiriram resistência.  De acordo com o médico infectologista Alexandre Salomão, elas são o resultado do uso incorreto de antibióticos que levam à mutações genéticas tornando-as resistentes a estes medicamentos.

Essa semana a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou sobre o perigoso aumento do consumo de antibióticos que podem levar ao surgimento de “superbactérias” mortais. Na história, a OMS fez apenas dois alertas globais anteriores, sobre Aids e ebola.

A Organização Mundial da Saúde alertou sobre o perigoso aumento do consumo de antibióticos (Foto: Divulgação)

“Desde a criação dos antibióticos, os pacientes foram criando a resistência gradual devido o uso irracional dos medicamentos, sendo assim, as bactérias se tornam cada vez mais fortes, o que pode ser extremamente perigoso para a saúde” diz.]

O uso excessivo dos remédios, não apenas na clínica humana, mas nas lavouras e nos animais, as bactérias se modificaram e hoje estão muito resistentes. “Os antibióticos só podem ser vendidos com prescrição médica, e o paciente não pode abandonar o tratamento no meio dele e nem suspender o uso. Muitas vezes os sintomas melhoram, mas existe um quadro infeccioso por de trás dele, e quando a doença volta, ela volta mais forte” disse.

Para o médico, lidar com as bactérias multirresistentes se tornou uma questão de epidemia pública. “Cada vez mais é preciso do nosso cuidado, e de políticas públicas e campanhas voltadas para combater o uso desse medicamento de forma desenfreada. A superbactéria é uma questão de saúde pública, ainda tem um outro problema, muitas indústrias farmacêuticas sabem que logo, os antibióticos serão ineficazes, por isso existe poucas pesquisas nas áreas de novos remédios” disse.

Superbactéria

A bactéria Klebisiella Pneumoniae, conhecida pela sigla KPC, é um exemplo de superbactéria, que é capaz de resistir à maior parte dos antibióticos existentes, provocando sintomas como febre alta, dificuldade para respirar e infecções recorrentes, sendo potencialmente fatal.

Outros exemplos de superbactérias são E. Coli e Pseudomonas aeruginosa, que também são de difícil controle. Normalmente a KPC está restrita aos hospitais, mas esta superbactéria já foi encontrada em locais públicos o que coloca todos em risco.

Tratamento

O tratamento contra a superbactéria deve ser feito no hospital com injeções de uma combinação de antibióticos, diretamente na veia para combater as bactérias e evitar o surgimento de outras infecções.

Por vezes é necessária a combinação de mais de 20 antibióticos diferentes para controlar a superbactéria, mas existem chances de cura.

Tratamento contra superbactéria deve ser feito no hospital com injeções de uma combinação de antibióticos (Foto: Divulgação)