Política

Suely renova pedido de ajuda 

A governadora entregou documento ao presidente apontando necessidades urgentes de Roraima 

O primeiro compromisso de Temer foi um encontro reservado com a governadora de Roraima em uma sala da Base Aérea assim que desembarcou da aeronave em Boa Vista.

Durante uma conversa só entre os dois, Suely Campos apresentou os pleitos do Governo do Estado referentes a maior crise humanitária vivida pelo Brasil, com a entrada diária de aproximadamente 800 venezuelanos que fogem da crise no país de origem e impactam na vida dos roraimenses, principalmente na oferta de serviços públicos de saúde, educação e segurança pública.  

Suely Campos, que é do Progressistas, entregou dois ofícios ao presidente, listando as demandas do Estado para mitigar os efeitos da crise, e voltou a pedir o ressarcimento de R$ 184 milhões referentes aos gastos efetuados pelo Estado para atender aos imigrantes, além de pedir a construção de um Hospital de Campanha nas instalações do Exército Brasileiro para atender exclusivamente os venezuelanos e o aporte de recursos suplementares para manter o atendimento aos venezuelanos na saúde, educação e segurança pública.

“É importante a sensibilização do Governo Federal. É necessário criar um Hospital de Campanha em Boa Vista para atender aos venezuelanos e desafogar as unidades de saúde que encontram-se superlotadas”, disse.

O presidente Temer confirmou o recebimento dos ofícios do Governo de Roraima e se comprometeu a analisar os pedidos, considerando a gravidade da crise migratória.

“Reforçamos o pedido de ajuda ao presidente Temer porque nosso governo não tem condições financeiras de arcar com as despesas provocadas pela crise migratória. Para se ter uma ideia da gravidade, em 2016, foram realizados 7.457 atendimentos de venezuelanos na rede estadual de saúde. O número saltou para 50.826 em 2017 e impactantes 45.102 apenas no 1º trimestre de 2018. Nesse ritmo, deve ultrapassar 150 mil até o final do ano”, analisou.

No documento, Suely Campos também cobra solução para problemas históricos de Roraima que não dependem de recursos financeiros, mas apenas de vontade política do presidente, como a conclusão da transferência das terras, que está travada na Secretaria do Patrimônio da União e a construção do linhão de Tucuruí, que vai garantir energia elétrica confiável, uma vez que o Estado é o único não integrado ao Sistema Interligado Nacional.

“Uma das prioridades, desde que assumi a atual gestão de governo, foi lutar pela transferência das terras da União para o Estado, para que os produtores rurais tenham segurança jurídica de suas propriedades, para melhorar a produção. Ainda estamos aguardando uma posição mais definida do Governo Federal quanto a essa demanda”, detalhou. 

Suely reforçou todos os pedidos em uma coletiva de imprensa concedida no abrigo Nova Canaã, durante a primeira etapa da visita de Temer a Boa Vista. 

“É a segunda vez que venho a Roraima para tratar sobre questões referentes à imigração venezuelana. Sabemos da necessidade de prestar apoio aos imigrantes, por isso nos empenhamos em criar mais abrigos, com todo suporte necessário. Quanto às demandas repassadas pela governadora Suely, são vários temas importantes, que vou analisar com carinho”, assegurou Temer.

Temer também aproveitou a visita ao Estado para assinar a ordem de serviço para a construção de um centro de radioterapia, que será instalado no HGR (Hospital Geral de Roraima). Ele disse que o centro deve ser implantado até o final deste ano, garantindo mais qualidade no atendimento prestado à população.

Prefeita cobra de Michel Temer interiorização de venezuelanos 

A prefeita de Boa Vista, Teresa Surita, que também esteve na recepção ao presidente Temer, entregou os resultados do mapeamento de venezuelanos que vivem na capital, realizado entre os meses de maio e junho deste ano. 

Durante a recepção, a prefeita expôs as principais medidas para minimizar os impactos na sociedade e solicitou a reposição continuada de gastos que o município está tendo na educação e saúde, além de vacinação sistemática na fronteira. Também participaram e receberam os dados os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, Gilberto Ochi, Saúde, Gustavo do Vale Rocha, Direitos Humanos, e Sérgio Etchegoyen, da Segurança Institucional.

A prefeita solicitou ainda a retirada de, pelo menos, 500 venezuelanos mensalmente. “Precisamos que seja feito um trabalho mais intenso na distribuição das pessoas, diminuindo a condição desumana e de vulnerabilidade em que vivem, evitando a criação de um novo abrigo por mês na cidade. Só assim conseguiremos garantir a qualidade e manutenção dos serviços públicos de Boa Vista. A nossa intenção é evitar que o caos se reinstale na cidade”, enfatiza.

“Se não fosse a atuação do exército no controle e encaminhamento aos abrigos, Boa Vista estaria vivendo um verdadeiro caos”, garante a prefeita.

Segundo o mapeamento, atualmente 25 mil venezuelanos vivem em Boa Vista, o que representa um percentual de 7,5% da população do município. O número de entradas de venezuelanos de janeiro a maio de 2018 foi 55% maior do que todo o ano de 2017. Se a tendência continuar, até dezembro de 2018 Boa Vista poderá receber mais 10 mil venezuelanos.

Atualmente, a rede municipal de ensino atende 2.094 crianças até 11 anos, matriculadas no ensino fundamental. Na saúde, houve um aumento de 14% nos atendimentos do Hospital da Criança, uma média de mil atendimentos mensais a crianças venezuelanas. Nas Unidades Básicas de Saúde, 37 mil atendimentos a estrangeiros foram feitos no primeiro trimestre de 2018, o que corresponde a 47% do total dos atendimentos.