Cotidiano

Servidores estão sem dinheiro para pagar transporte até o Iteraima

Com os salários atrasados há dois meses, funcionários cruzaram os braços; Governo diz que 50% continua trabalhando

A partir de hoje, 4, todos os servidores do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima) estão paralisados até que haja o pagamento de salários dos funcionários, há dois meses atrasados. A decisão foi protocolada por meio de ofício encaminhado à presidência do órgão, após reunião realizada entre servidores e membros do Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo do Estado de Roraima (Sintraima). 

Na reunião, cerca de 30 dos mais de 100 servidores efetivos do Iteraima estavam presentes. Essa defasagem já vem ocorrendo há dias, pois a maior parte dos funcionários já não possui condições de arcar com transporte para o trabalho. Segundo o presidente interino do Sintraima, Antônio Leal, após paralisação de servidores realizada no dia 24 de setembro, a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) justificou que as contas do Governo foram recentemente bloqueadas e o Estado está há duas semanas sem poder acessar recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e da arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). 

“Um acordo com o vice-presidente do Iteraima foi feito na qual, em caso de desbloqueio das contas públicas, os salários seriam pagos no dia 3 de outubro. Chegou este dia, e nada foi feito. Por isso, nos reunimos com os servidores e decidimos que ficaríamos paralisados enquanto conversamos com o Tribunal de Justiça e Assembleia para que haja um mínimo de sensibilização e assim nós possamos conseguir recursos para que os pagamentos sejam feitos”, afirmou Leal. 

Sobre a paralisação, Antônio Leal destacou que a decisão abrange todos os funcionários do órgão, uma vez que a maior parcela deles já não consegue mais chegar ao trabalho. “Essa decisão afeta todos os servidores do Iteraima, além dos cargos comissionados. A maior parte deles já não está vindo. Não porque não querem, mas por falta de condi- ções financeiras mesmo. Esses servidores não receberão nenhum tipo de penalidade e ficarão em suas casas até que tenham o dinheiro necessário pa- ra vir ao trabalho”, frisou. 

Um dos servidores, o motorista Roberto Borges, que trabalha no órgão desde o ano passado, afirmou que está pagando aluguel com ajuda de parentes. “Confesso que não gosto da ideia de parar todas as atividades, pois sabemos que muitas pessoas dependem de nós. Entretanto, mesmo não sendo ideal, é apenas o que resta fazer”, afirmou. 

Outro servidor, o técnico de agropecuária Simão Ferreira, afirmou que tem uma filha pequena para sustentar e não sabe o que dizer para ela sobre a falta de dinheiro. “Eu vou chegar em casa e falarei com minha filha, de nove meses, que eu não poderei comprar leite para ela. A menina é muito inteligente, eu acho que ela vai entender. Mas de qualquer forma, me sinto desapontado como pai por não poder comprar as frutas que ela gosta, por exemplo”, comentou.


GOVERNO DIZ QUE ATIVIDADES DO ITERAIMA CONTINUAM OCORRENDO NORMALMENTE

Ao contrário do que indicam os ser-vidores do Iteraima, a presidência do órgão declarou, por meio de nota, que, apesar da paralisação de funcionários, o órgão continuará prestando atendimentos normalmente, ressaltando que todas as pessoas que precisarem de atendimento do Iteraima podem se dirigir ao instituto que serão devidamente atendidas. 

“Somente parte dos servidores aderiu à paralisação, de modo que cerca de 50% continua exercendo suas atividades normalmente. Desta forma, o Instituto tem remanejado servidores para setores de serviços essenciais, como atendimento e serviço de protocolo,  a fim de garantir que a população não seja afetada pela paralisação”, informou. (P.B)