Política

Servidores estaduais suspendem greve

Parte de manifestantes segue paralisada e a ideia é que atos durem até o pagamento de pelo menos dois salários

Após visita do interventor federal e governador eleito, Antonio Denarium, à secretaria estadual da Fazenda, acompanhado do general Eduardo Pazuello, que ficará a frente da pasta durante a intervenção federal, servidores estaduais ligados ao Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo do Estado de Roraima (Sintraima) decidiram suspender a greve.

Também no primeiro dia de intervenção federal as esposas de policiais e bombeiros militares, que protestavam contra o atraso nos salários, liberaram a entrada de alguns quartéis. Na Capital, o fluxo de viaturas voltou ao normal no Corpo de Bombeiros Militar de Roraima (CBM-RR), na sede do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e no Grupamento Independente de Intervenção Rápida Ostensiva (GIRO). No interior, o quartel da Polícia Militar em Alto Alegre foi o único ponto desocupado.

O presidente do Sintraima, Francisco Figueira, disse estar confiante no uso de dinheiro da União para o pagamento de servidores, ainda mais por ser uma alternativa diferente do uso de recursos do Instituto de Previdência do Estado de Roraima (Iper). “Nós estamos depositando toda a nossa confiança na intervenção. Daremos uma semana para que os salários sejam pagos e, assim, convocar uma nova assembleia para definir o fim ou não da greve. Caso os salários não sejam pagos, voltaremos a acampar no Centro Cívico, e de lá decidiremos o próximo passo”, afirmou.

Interventor conversou com esposas de militares que estão acampadas em frente ao Palácio do Governo (Foto: Priscilla Torres/Folha BV)

O sindicalista também aproveitou para discursar brevemente com todos os servidores que estiveram participando de todos os atos nos últimos meses e afirmou que o ponto crucial para a intervenção foi o fechamento da Sefaz na semana passada. “Foi uma luta que custou muito de todos nós. Aprendemos muito a protestar e conviver com os outros em prol de uma causa comum. Trabalhamos em equipe. Não deixamos a Sefaz desocupada por nenhum segundo. Quando a fechamos, nos chamaram de loucos, que não iriamos conseguir ser pagos sem arrecadação, mas foi graças a isso que conseguimos algo inédito no país: uma intervenção federal”, comentou.

MILITARES – Antonio Denarium dialogou com as esposas de militares que estão acampadas na Praça do Centro Cívico, para discutir a possibilidade da liberação dos quartéis. A representante do grupo, Flávia Aguiar, afirmou que após a conquista da intervenção as paralisações que elas tiveram contato estão suspensas. “Nós iremos liberar o máximo de pontos que conseguirmos, com exceção do Centro Cívico. Se ainda houver mulheres concentradas em pontos do Estado, elas não possuem relação direta conosco. Entendemos que daqui para frente o pagamento pode ocorrer ainda nesta semana e estaremos esperando por isso”, contou.

Mulheres mantêm paralisações em batalhões e no interior

Familiares de PMs continuam acampadas em frente ao 2º BPM (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Apesar do início da intervenção federal sinalizar a regularização do pagamento dos salários atrasados, ainda existem manifestantes que não dão sinais de que pararão com paralisações enquanto a promessa não for cumprida.

Na Capital, ainda há pontos com concentração de mulheres de militares nos dois Batalhões da Polícia Militar e no Centro Cívico. No interior, os municípios de São João da Baliza, Rorainópolis, Caracaraí, Pacaraima e Caroebe ainda contam com seus quartéis bloqueados para o fluxo de viaturas.

No 1º Batalhão da Polícia Militar, a esposa de militar Michelle Lima afirmou que parte das mulheres está cansada de prazos e promessas e só deixará a entrada dos batalhões com o dinheiro na conta. “Nós sabemos que o dinheiro vai sair alguma hora, mas não recebemos nada de concreto. Denarium prometeu pagamento até o fim desta semana, mas já ouvimos promessas assim. Queremos que ele, ou um representante, apareça aqui para conversar conosco, ou deposite o salário e pronto”, disse.

Em Pacaraima, a esposa de militar Suzy Lopes obteve uma postura mais crítica em relação à intervenção, destacando que o poder público não buscou diálogo com o município. “Continuamos com a manifestação pacífica. A situação ainda está delicada e ninguém entrou em contato conosco. Não temos certeza de nada, só promessas, mas elas não vão pagar botijão ou comida. É dezembro! E queremos os pagamentos em dia para o Natal de nossas crianças”, frisou.

Agentes penitenciários continuam paralisação

Na manhã dessa segunda-feira, 10, houve a distribuição de alimentos arrecadados para agentes penitenciários na Cadeia Pública de Boa Vista. A presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de Roraima (Sindape), Joana Dark, afirmou que a intenção do movimento é perdurar até o dia do pagamento.

“Se o pagamento de outubro e novembro ocorrer até o dia 17, entregaremos a chave da Secretaria Estadual de Justiça (Sejuc) e abriremos caminho para acesso de funcionários nas cadeias. Apesar disso, algumas atividades ainda não serão feitas, como visitas, enquanto toda a dívida não for quitada. Estamos esperando ainda a possibilidade de Antonio Denarium vir à Cadeia Pública para dialogar conosco. Ele será bem recebido e poderemos negociar melhor”, afirmou.

POLÍCIA CIVIL – A Folha também entrou em contato com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Roraima (Sindpol), Leandro Almeida. Segundo ele, a classe ainda não possui um posicionamento perante continuar ou não as paralisações e que nenhuma mudança será feita enquanto o interventor federal não conversar com a categoria.

“Ficamos de conversar com Antonio Denarium nesta tarde de segunda, mas como a agenda dele ficou apertada, não deu tempo. Por isso, esperamos a vinda dele para conversar conosco, para aí sim podermos decidir se continuamos ou paramos a paralisação da classe”, comentou. (P.B)