Cotidiano

Roraima já registra 61 apagões em 2018, quase o dobro de 2017

A rotina de falta de luz em Roraima tem se intensificado nos últimos meses. E a causa desse problema vem da Venezuela.

A campainha não escapou, nem a televisão. Em cada parte da casa do Seu Medeiros um equipamento já queimou por causa das quedas constantes de energia. Para tentar proteger a geladeira, o estabilizador, normalmente usado em computadores, foi parar na cozinha.

“A gente não está em casa para tirar a tomada quando falta energia, por isso, eu decidi comprar e deixar ligado o estabilizador porque aí eu não me preocupo com as quedas de energia”, explica o aposentado José Medeiros.

Na casa do Sidartha Brasil, a geladeira parou. Há seis meses; outra já tinha queimado.

“Já vai para mais de R$ 1 mil aí, essa situação de estar arrumando equipamento para depois tentar conseguir o ressarcimento da empresa”, contou o jornalista.

Só em 2018, foram registrados 61 apagões em Roraima, quase o dobro de 2017. A explicação está do outro lado da fronteira.

Roraima é o único estado que não faz parte do sistema interligado nacional. A energia vem por uma linha de transmissão diretamente da Venezuela, que vive uma imensa crise econômica. Segundo a Eletrobrás, quando o sistema por lá para, 13 dos 15 municípios de Roraima ficam sem luz.

Nos últimos meses a situação piorou ainda mais, segundo a Eletrobrás. É que uma parte da rede de transmissão de 80 quilômetros, que fica no lado venezuelano, foi tomada pelo mato, causando mais desligamentos.

A Eletrobrás fala em assumir a manutenção do trecho no país vizinho. É o que propõe também o governo de Roraima ao Ministério de Minas e Energia.

Cada vez que a energia é cortada, 4 termelétricas demoram cerca de 20 minutos para restabelecer a energia de que o estado precisa.

Na quarta-feira (12), as termelétricas ficaram ligadas por oito horas. A Eletrobrás afirma que tem estoque em óleo diesel suficiente para funcionar por até oito dias

“Convém salientar que esse combustível é subsidiado pela conta nacional de combustível, a CCC, que é paga pelo Brasil. Por isso, que o impacto aqui não vai ser sentido”, explicou o presidente da Eletrobrás, Anselmo Brasil.

Só que a conta começou a ficar mais salgada para o consumidor de outros estados brasileiros, resultado dos custos extras com as termelétricas, que geram uma energia mais cara.

A tensão aumentou ainda mais depois que a Venezuela ameaçou cortar o fornecimento, alegando que o Brasil não pagou uma parcela do contrato que existe desde 2001. O governo brasileiro afirma que faz os pagamentos – mas que tem enfrentado dificuldades porque os valores precisam passar por bancos americanos – e atualmente a Venezuela é alvo de sanções econômicas dos Estados Unidos.

Para contornar a situação, o ministro da Defesa brasileiro, general Silva e Luna, fez uma viagem secreta para se reunir com o colega venezuelano, general Vladmir Padrino, na cidade de Puerto Ordáz. Depois do encontro, Silva e Luna disse que a Venezuela vai manter o fornecimento de energia elétrica para Roraima.

Fonte: Agência Brasil