Cotidiano

Roraima é 4º lugar em crimes contra LGBTs

A intolerância contra essa parcela da população já fez 250 vítimas fatais, o que equivale a 1 morte por dia

A cidade de Boa Vista assistiu no domingo, 16,  à 17ª Parada do Orgulho LGBT, que este ano levou o tema “Nossa voz, nosso voto, nossa vez”. Em ano eleitoral, a animação trazida pelo som do trio elétrico na capital foi acompanhada pela reflexão sobre a baixa representatividade na política de pessoas comprometidas em defender o respeito à diversidade sexual e à identidade de gênero no País.

No Brasil, somente no ano passado, 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais foram mortos em crimes motivados pelo preconceito, de acordo com levantamento do Grupo Gay da Bahia. Em 2018, a intolerância já fez 250 vítimas fatais, o que equivale a 1 morte por dia. Roraima registrou apenas 2 denúncias de homofobia ao Disque 100 no primeiro semestre de 2018, mas o Estado ocupa o 4º lugar nesse quesito, pois a classificação leva em conta o número de ocorrências por 100 mil habitantes (0,44 casos/ 100 mil hab.). Um homicídio foi registrado de janeiro até agora.

Segundo os fundadores da plataforma #MeRepresenta, uma ferramenta que faz um “match” entre eleitores e candidaturas que compartilham das mesmas opiniões sobre direitos humanitários, o combate à LGBTfobia passa por uma maior representatividade na política de pessoas que entendam a realidade dessa população.

“O que vai influenciar diretamente o enfrentamento à violência é a aprovação de leis para criminalizar o preconceito, além de iniciativas do poder público na educação, saúde e economia”, defende Ana Carolina Lourenço, cientista social e uma das articuladoras da plataforma. Para ela, isso vale não só para as LGBTs, mas também para mulheres, negras/os, indígenas e demais grupos que, juntos, compõem 80% da população, mas têm pouca ou nenhuma representação na política

Suprapartidário, o site www.merepresenta.org.br tem enviado desde o mês passado emails aos 28 mil candidatos/as a cargos legislativos com um questionário abordando temas relevantes para a sociedade civil, como segurança, corrupção, trabalho, saúde, educação, meio ambiente e povos tradicionais, raça, gênero e LGBT. Nos próximos dias, essas respostas estarão no ar e serviram para os eleitores/as conhecerem quem os representa digitando as pautas que consideram importantes para a definição de seu voto.

A plataforma faz uma espécie de seleção entre as escolhas digitadas e as candidaturas que priorizam tais assuntos, levando em conta também o comprometimento dos partidos com as pautas de direitos humanos. Para isso, a ONG avaliou, nos últimos 4 anos, a atuação de todos os partidos com representação no Congresso Nacional.

SOBRE A PLATAFORMA – O #MeRepresenta existe desde as eleições de 2016 e foi criado por diferentes organizações e coletivos de mulheres, pessoas negras e LGBTs da sociedade civil com o financiamento da Alianza Latinoamericana para la Tecnología Cívica.

Hoje o site se mantém com o apoio voluntário de mais de mil pessoas físicas e jurídicas, entre elas a empresa de sorvetes Ben&Jerry – mundialmente conhecida pelo seu ativismo na luta pela igualdade de direitos a todas as pessoas e em pautas ambientais. Nas últimas eleições municipais, o nome da vereadora assassinada em março, Marielle Franco – mulher negra, lésbica, representante de pautas humanitárias – estava entre as candidaturas que mais apareceram nas buscas da plataforma.

INFORMAÇÕES: #MeRepresenta