Cotidiano

Pais precisam manter diálogo com filhos sobre conteúdos da internet

Para a psicopedagoga Jussara Barbosa, diálogo entre pais e filhos sobre o uso da internet é fundamental

Olhos esbugalhados, pele pálida e uma aparência totalmente assustadora. Essa são as principais características da Momo, uma figura que tem dominado espaço na mesa de debates de especialistas sobre os perigos que se escondem na internet.

Surgida como um dos virais de desafios em grupos de redes sociais, a Momo começou a ganhar notoriedade ao migrar do Facebook para o aplicativo Whatsapp.

Há quem afirme que tais desafios estejam sendo impostos por pessoas mal-intencionadas para roubar dados pessoais ou incentivar os usuários a baixar aplicativos maliciosos, no entanto, cresce cada vez mais a preocupação em relação às questões relacionadas à incitação a violência e a praticas de suicídio.

“Há noticias de que as crianças e adolescentes são estimuladas a telefonarem para a boneca Momo e nessas conversas as crianças são induzidas a passarem seus contatos e informações para pessoas com perfis falsos que agem de má-fé. Por isso, alertamos aos pais e/ou responsáveis a estarem cada vez mais próximos de seus filhos e atentos a essa armadilha virtual, que ameaça as crianças e adolescentes, usando de sua inocência, aterrorizando as famílias e retirando a paz da sociedade”, ressaltou um comunicado emitido ontem, 27, pela Rede Salesiana Brasil de Escolas (RSB – Escolas), uma das maiores redes católicas de educação das Américas.

De acordo com algumas publicações relacionadas ao tema, os desafios da Momo do Whatsapp são, por muitas vez, parecidos com outro viral que colocou até mesmo autoridades policiais em alerta máximo, a Baleia Azul. Nele, os participantes eram orientados a cumprir uma série de desafios, desde marcar os pulsos com o símbolo de uma baleia e encaminhar foto ao “curador” – uma espécie de gestor de grupos encarregado de monitorar o cumprimento das atividades, a tarefas arriscadas que, inclusive, culminava na morte da pessoa.

Psicopedagoga há mais de 16 anos, Jussara Barbosa afirma que diferente dos adultos, as crianças são mais vulneráveis aos conteúdos que são expostos na internet. Por esse motivo, é necessário que os pais mantenham a atenção com relação ao que eles acessam.

“Os pais podem fazer essa seleção de informações, no entanto, em crianças muito pequenas, mesmo que haja monitoramento de tempo e de conteúdo, ela acaba sendo bombardeada por outros pessoas e meios que eles não conseguirão ter o controle. Uma prova disso é a quantidade de crianças que possuem aparelho celular, uma ferramenta que possibilita o acesso há vários tipos recursos, como aplicativos de conversação, de compartilhamento de vídeo, de pesquisas. Essas ferramentas vão possibilitar, muitas vezes, o acesso a informações que não são apropriadas para aquela idade e isso que podem causar alguns transtornos futuros”, disse.

A especialista ressalta ainda que o diálogo aberto e um acompanhamento das atividades da criança são primordiais para evitar qualquer ocorrência grave.

“Inicialmente não se deve excluir a internet e nem proibir o seu uso, mas monitorar, acompanhar e conversar é fundamental. Esse é um tema que precisa estar presente no diálogo da família, não de uma forma impositiva, mas sim numa troca de conhecimentos e de orientação constante. Não se trata de inquéritos com a criança, questionamentos, mas de acompanhamento, para que aos poucos a criança aprenda a utilizar a ferramenta de forma benéfica e esse tipo de acompanhamento se dá de forma gradual”, destacou.

Mãe de dois meninos, um de 11 e outro de 16 anos, a secretária Odelina Lotas, 43 anos, conta que busca sempre estabelecer um diálogo aberto que os ajudem a compreender melhor os benefícios e os riscos que se escondem na internet.

“Eles são bem parceiros, bem tranquilos. Tem os horários para acessos e nunca entram sites suspeitos, computador e celular sem senha. Acho que o segredo de tudo é sempre a conversa aberta e franca a respeito dos perigos que a internet oferece, sempre falar das vantagens e desvantagens e o uso seguro”, destacou.

Assim como a psicopedagoga, Odelina acredita que a participação nas atividades dos filhos ajuda a guiá-los em busca de maturidade e segurança dentro e fora do mundo virtual.  

“Sobre as brincadeiras, é sempre preocupante, porque sei que irão surgir novos desafios. A única forma de monitorá-los é estar por dentro de tudo que acontece nas redes sociais e as novas modas que surgem o tempo todo, para conversar a respeito do assunto e saber também o que eles pensam a respeito disso”, pontuou.