Política

Novo coordenador descarta a criação de novos abrigos em Roraima

A perspectiva para a nova gestão da Operação Acolhida, em Roraima, é de focar na interiorização de migrantes venezuelanos, até chegar ao índice de saída de 3 mil pessoas por mês. 

A informação foi prestada pelo novo coordenador operacional, General de Divisão Antonio Manoel de Barros, após a solenidade de passagem de comando da Operação Acolhida nesta quinta-feira, 23. O evento ocorreu no auditório do Centro Amazônico de Fronteiras (CAF) da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e contou com a participação de autoridades civis e militares, representantes de organizações não governamentais e de direitos humanos.

Na ocasião, o novo coordenador ressaltou a importância de assumir o cargo antes ocupado pelo General de Divisão Eduardo Pazuello desde o início do projeto, ainda em 2018, e ressaltou que a ideia é continuar com o planejamento já desenvolvido pela Força Tarefa Logística Humanitária.

“A Operação Acolhida é uma ação do Estado. Há uma governança de onze ministérios, regidos por decreto presidencial. Então há uma estratégia e nós fazemos parte desta estratégia. A grande missão é de continuar aperfeiçoando os processos, temos que dar continuidade ao que foi planejado”, afirmou.

O novo coordenador não tratou sobre a possibilidade de prorrogação das atividades da Operação Acolhida e nem de valores que podem ser destinados à ação no Estado, mas ressaltou que a nova gestão busca ampliar o número de venezuelanos interiorizados.

“O Ministério da Cidadania é responsável pela liderança do subcomitê de interiorização, junto com outros ministérios. O objetivo é aperfeiçoar. A meta é 3 mil ao mês. É uma meta ousada, mas achamos que pode acontecer”, completou.

O general afirma que no primeiro ano de atividades da Operação Acolhida, em 2018, foram 5 mil venezuelanos interiorizados. Já no segundo ano, em 2019, o índice subiu para 27 mil. A perspectiva é que no terceiro ano, o percentual suba para 36 mil ao ano.

“Junto com a sociedade civil e o Ministério da Cidadania, nós temos a expectativa de interiorizar 36 mil. É uma forma de diminuir a pressão e garantir o atendimento com humanidade, dentro da legalidade”, ressaltou o coordenador.

Barros explica que continuará a busca da melhor situação da interiorização, que é quando também se consegue uma vaga de trabalho para os migrantes e também que os processos mantenham a ordem voluntária, ou seja, somente daqueles que tenham interesse em sair do Estado.

Vale ressaltar que a mudança significaria um aumento de mais de 30% no percentual de pessoas que saem do Estado. Porém, significa cerca de metade das pessoas que chegam a Roraima todos os meses, segundo informações prestadas pelo próprio General Barros. Segundo o gestor, a média de entrada de venezuelanos migrantes é de 1,5 mil ao mês.

Abrigamento não é a solução, diz novo coordenador

Barros afirmou ainda que não se pretende construir novos abrigos em Roraima, exceto em situação máxima de crise. Para o novo coordenador, a Operação já passou pela fase do abrigamento e agora foca na estratégia da interiorização.

“A solução não é o abrigamento. O abrigamento faz com que todos fiquem aqui. Qual a perspectiva local? Vai colapsar. Nós estamos falando de 1,5 mil desabrigadas ao mês, mais ou menos. Roraima não vai comportar. Por isso a estratégia é de colocar a interiorização em todo o país, junto com parcerias do Governo Federal, Governos Estaduais, Governos Municipais e mais a sociedade civil”, declarou.

A avaliação do novo coordenador é que são em torno de seis mil pessoas atualmente nos abrigos da Operação Acolhida, esperando passagem para interiorização. Além disso, existem as ocupações espontâneas, caso das repartições públicas ou não que foram ocupadas. 

“Nós já temos uma estratégia para isso. Não é uma mera desocupação. Semana que vem nós vamos ter uma reunião com o governador do Estado. Se a interiorização der certo, as ocupações espontâneas deixam de acontecer e não precisamos aumentar abrigamento. Mas, se acontecer alguma crise, nós também temos um plano”, finalizou.

PERFIL – Antônio de Manoel Barros é formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, é mestre em Operações Militares e doutor em Ciências Militares, além de integrar hoje o oficialato do Estado-Maior do Exército. Já desempenhou o papel de comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva do Comando Militar da Amazônia (CMA), esteve à frente do Comando Conjunto de Operações da Intervenção Federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro, foi comandante da 1ª Divisão de Exército, unidade militar responsável pela apuração dos fatos no caso dos dez militares do Exército envolvidos no falecimento do músico Evaldo Rosa dos Santos, também no Rio de Janeiro, quando o carro da vítima recebeu mais de 80 tiros. O General Pazuello assumiu o Comando da 12ª Região Militar, sediada em Manaus (AM), no último dia 08 de janeiro. (P.C.)