Cotidiano

Omissão dificulta combate à violência e exploração sexual

A omissão de casos é a maior dificuldade para combater a violência sexual contra crianças e adolescentes em Roraima. É o que afirma o coordenador do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico e Exploração Sexual, Flávio Corsini.

Conforme o coordenador, a maioria dos casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes em Roraima fica sem solução por conta da omissão das pessoas cientes da situação. Na maioria das vezes, os casos acontecem no núcleo familiar e, para proteção da sua suposta estrutura, as denúncias não são feitas, impedindo assim a atuação policial e do Poder Judiciário.

“Muitos casos ficam sem solução por conta da falta da denúncia, que não deixa a investigação policial acontecer e, consequentemente, a atuação do Poder Judiciário. Então essa é uma questão que precisa ser trabalhada. Denunciar é preciso”, disse o coordenador.

Entre outros aspectos trabalhados pelo Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico e Exploração Sexual, ele cita os sistemas de vigilância e a coleta de dados para subsidiar uma política mais integrada, que atue desde a prevenção dos crimes até a responsabilização dos agressores.

“Quando se trata de uma violação contra uma criança, de qualquer tipo, mais especificamente de violência sexual, precisamos tratar isso com absoluta prioridade não só na resolução do caso e responsabilização, mas também na sensibilidade do trato com a criança e da defesa dos seus direitos”, comentou Flávio.

Apesar de considerar grave a situação de violência sexual contra crianças e adolescentes em Roraima, por conta da omissão da denúncia, o coordenador elogia a disposição das autoridades envolvidas na questão em dar visibilidade ao problema e as tentativas de enfrentá-lo da maneira mais eficaz.

“É uma questão muito séria. Temos, através dos Conselhos Tutelares e através do disque-denúncia, poucas ocorrências de denúncias feitas de violência sexual contra crianças no âmbito da família e em relação à exploração sexual na sociedade, na rua, nos bares e estradas. Ao mesmo tempo é animador saber da mobilização da rede de proteção e enfretamento no estado, da sociedade civil e das autoridades, para enfrentar esse problema”, comentou.

Ele concluiu dizendo que as discussões amplas sobre o assunto e a criação de sistemas locais de proteção à criança e ao adolescente vêm aumentando, o que falta mesmo é a contrapartida da denúncia para as vítimas serem atendidas e os agressores punidos. “O trabalho feito no Estado em relação ao tema é muito bom, o que falta é a denúncia”, concluiu. (E.S)