Cotidiano

Moradores denunciam abandono de área de preservação ambiental

No período chuvoso, a água da chuva empoça e, por vezes, invade as residências próximo à área de preservação

Os moradores que residem no final da rua Raimundo Penaforte, no bairro Cambará, denunciaram que uma área de preservação permanente, sob responsabilidade da Prefeitura de Boa Vista, está tomada pelo mato. Devido ao acúmulo de entulho, lixo, restos de construção e sucatas, os denunciantes temem que a água das chuvas acumulada invada e inunde as residências próximo ao local, como ocorrem todos os anos.

Um destes transtornos foi relatado pela dona de casa Maria Rita Souza, de 64 anos, que reside no bairro há mais de 26 anos. A área de preservação fica nos fundos da residência e já causou diversos problemas de saúde a ela e aos familiares. À Folha, ela relatou que já fez vários pedidos à Prefeitura, mas o local não recebeu nenhuma limpeza.

“Tanto no verão quanto no inverno, é grande a infestação de insetos causadores de doenças. Inúmeros focos de mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya já foram encontrados neste local pelas equipes de saúde e, mesmo notificando o município dessa situação, nada foi feito para resolver essa questão. Eu e meus familiares estamos nos recuperando de uma chikungunya. Já pensamos até em vender nossa residência e buscar outro local para nos acomodarmos melhor. Há dois anos, após o inverno encontramos, até uma cobra nas residências próximas, além do grande número de animais peçonhentos que atacam os moradores constantemente”, contou.

O morador Joelson Silva reside também próximo ao local e comentou que, por conta de uma obra que está acontecendo nas proximidades desta área, os vizinhos solicitaram que fosse feita uma limpeza paliativa do local em razão do acúmulo na rua. Joelson e os vizinhos até questionaram ser estranho uma área de preservação permanente estar suja e não ter placa indicativa.

“Não sabemos a quem apelar, pois o município que se diz responsável pelo local nunca fez nenhuma ação de limpeza e veio só verificar as invasões que estão ocorrendo em parte deste local, do outro lado da rua. Já detalhamos de onde estão partindo estas ocupações irregulares, mas mesmo assim nada fazem para promover a melhoria da comunidade que reside aqui próximo e impedir a expansão dessa invasão”, comentou.

OUTRO LADO – A Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente informou que mandará uma equipe de fiscalização até o local e confirmou que a área citada pelos moradores é a Lagoa do Cambará, que se trata de uma Área de Preservação Permanente (APP).

A Secretaria informou ainda que todas as Áreas de Preservação Permanente (APP) que foram invadidas já foram autuadas e que existe um processo de demolição em andamento, determinado pela justiça.

Moradora afirma que já foi multada por crime ambiental

Além de passar por todo esse transtorno, a situação da moradora Eliete Pereira da Silva é ainda mais complicada. Ela recebeu uma notificação de que deveria comparecer a uma audiência para tratar de uma infração ambiental, por ter supostamente direcionado a água do tanque de lavar roupas para a área externa, onde fica localizada a área de preservação permanente.

“Se eles queriam achar um culpado foram diretamente comigo. Mesmo alegando que não era a única que de vez em quando direcionava a água que utilizava para lavar a roupa e jogava no local, fui penalizada e hoje respondo por essa suposta infração. O interessante é que neste período chegou até a aparecer um dono dessa área, que dizem ser de responsabilidade do município, e até então nenhum dos vizinhos sabe na realidade quem é o verdadeiro dono deste imenso terreno”, comentou.

Para Eliete, a aplicação da multa foi irregular. “Convivo com meus vizinhos há mais de 20 anos nesta sujeira e, no inverno, ficamos apreensivos de a qualquer momento a água das chuvas invadir as residências, como sempre aconteceu por não ter como escoar toda a quantidade da água que já começa a formar uma imensa lagoa”, contou. (R.G)