Cotidiano

Mais de 350 animais silvestres já foram resgatados pelo Ibama

Animais passam por tratamentos veterinários antes de serem devolvidos à natureza

Quem vive na Amazônia já está acostumado com a presença dos animais silvestres oriundos da região. Em Roraima, alguns desses bichos podem ser facilmente encontrados, seja em ambientes rurais ou até mesmo nas cidades. Muitas pessoas aproveitam desse contato direto com a natureza para fazerem a criação ilegal ou a tentativa de domesticação dos animais. No estado, somente este ano 353 animais foram recolhidos pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O Cetas atua como uma instituição de recuperação e devolução dos animais para a natureza. Anualmente atende entre 500 e 600 animais que foram entregues de forma voluntária pela população ou resgatados por órgãos ambientais. As aves são as mais recolhidas pelo Centro, sendo os papagaios em maior número, seguido de répteis, como jabutis, e mamíferos, geralmente macacos.

Os trabalhos são feitos em parceria com a Companhia Independente de Policiamento Ambiental (CIPA) da Polícia Militar, Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) e Corpo de Bombeiros Militar para que esses bichos sejam localizados e possivelmente passem por tratamentos e sejam inseridos em seu habitat natural. Após a chegada ao Cetas, os animais são avaliados para identificar qualquer problema de saúde e como poderão ser tratados.

De acordo com o médico veterinário ambientalista responsável pelo Centro de Triagem, James Rodrigues, a grande maioria é reestabelecido e posteriormente devolvido à natureza. “Nossa taxa de devolução para a natureza é de 80%. Dos que não são devolvidos, em mais ou menos de 10 a 12% vem a óbito devido à condição em que chegam ao Cetas ou são destinados para o Bosque dos Papagaios ou para o [zoológico do] 7º BIS”, explicou. Além do zoológico, há uma destinação específica para criadouros fora de Roraima que são devidamente licenciados pelo Ibama.

Entre os trabalhos feitos para a recuperação, fora a medicação específica, os animais silvestres são colocados para treinarem voos e introduzidos às frutas que precisam comer na natureza, mas a atividade principal é manter a distância do contato com seres humanos para que eles não criem laços afetivos e, assim, serem domesticados. Porém, ainda há animais que não conseguem se adaptar à nova rotina ou estão muito debilitados, com deficiências físicas ou visuais e são mantidos em criadouros.

CRIME – Ter qualquer animal silvestre em casa é considerado crime ambiental, conforme previsto na Lei nº 5197/67, que dispõe sobre a proteção da fauna, e pela Lei nº 9605/98 que determina sanções penais de condutas e atividades que provam dano ao meio ambiente. A ajuda da população é fundamental para que os crimes ambientais contra animais silvestres sejam combatidos. A devolução espontânea isenta a pessoa de qualquer tipo de multa, é necessário preencher uma ficha e assim registrar a devolução. Para entrar em contato com o Cetas, basta ligar para número 3625-0812 ou ir até a sede da instituição, localizada na Rua Andrômeda, esquina com Rua do Sol, Cidade Satélite, zona oeste de Boa Vista.

“É muito comum as pessoas terem papagaio, jabuti, arara, macaco. Isso é crime ambiental, não pode ter. Mesmo que a pessoa diga que tem o animal há dez anos, esse animal pode ser trabalhado e reintroduzido na natureza, que é o lugar dele”, finalizou James Rodrigues. (A.P.L)

Polícia Militar fiscaliza crimes ambientais em Roraima

Para combater e fiscalizar os crimes ambientais no estado, a Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa) foi criada em 2010, com a missão de garantir a defesa da legislação da fauna, flora e águas de Roraima, atuando em diversos campos de observação. Um desses serviços oferecidos é a apreensão de animais silvestres mantidos em situações de cativeiro ou forçados à domesticação.

Dentro da área de Boa Vista, a Cipa é acionada por meio de denúncias, diferentemente da zona rural onde as ações são realizadas por flagrantes através de operações montadas pela guarnição. No período de três anos, de 2014 a 2016, foram feitas 214 apreensões de animais silvestres de diversas espécies em Boa Vista, sendo aves e répteis os mais apreendidos. Neste ano, somente na capital, já foram realizadas 46 apreensões, os dados da área rural ainda estão sendo contabilizados pela Companhia.

“Algumas pessoas ainda teimam em pegar esses animais para cuidar como se fosse animal doméstico ou utilizam para venda, realizando o tráfico de animais. Já na época de final do ano, os quelônios são comercializados para o estado do Amazonas, que é o principal comprador, que depois serão utilizados para o consumo”, explicou o comandante da Cipa, capitão Mayko.

No âmbito criminal, caso o indivíduo seja flagrado com algum animal silvestre, ele é preso e multado em R$ 500,00 por animal, mas caso a espécie esteja em extinção, o valor sobe para R$ 5 mil. Em muitos casos, a devolução para a natureza é feita de forma imediata por conta da dificuldade de locomoção para a cidade, onde está localizado o Cetas.

Além do crime ambiental, a Cipa alerta para os riscos da criação de animais silvestres. “Existe um grande risco de transmitir zoonoses, como a raiva, e também danos para o animal que vai pegar patologias humanas que na natureza ele normalmente não teria, por isso a gente encaminha para o Cetas para verificar se estão contaminados para evitarem que outros animais sofram”, explicou o capitão.

Para a realização de denúncias sobre crimes que prejudicam o meio ambiente, a Cipa pode ser contactada pelo número 190 ou 3624-3768 e a Companhia fica localizada dentro do Parque Anauá, no bairro dos Estados. (A.P.L)