Cotidiano

Mais de 100 presos prestarão Enem este ano em Roraima

Número tem aumentado a cada ano e coordenadoria estudantil enxerga na ação a possibilidade de conseguir a ressocialização do detento

Os passos dentro de uma instituição de ensino superior podem significar a diversidade de oportunidade e aprendizado. Para um grupo específico, é a chance de dar início ao processo de ressocialização dentro e fora das unidades prisionais. Através do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) serão 119 pessoas privadas de liberdade em Roraima que tentarão o ingresso em uma universidade este ano.

Em comparação com os anos de 2016 e 2017, houve um aumento de 22 no número de pessoas inscritas no processo seletivo. Para os atuantes educacionais dentro das unidades, foi um trabalho de reconhecimento e incentivo para que os detentos pudessem ter novas chances depois que cumprissem suas penas.

Os alunos estão na faixa etária de 18 a 55 anos e obedeceram ao critério básico de terem o ensino médio completo ou estar completando antes da prova. Dentre esse número, os detentos de todos os regimes, da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) até os apenados da Casa do Albergado, irão participar da prova, que é aplicada dentro das unidades.

“Conversamos com eles visando incentivá-los e, outros nos procuram direto e perguntam sobre a prova. E com a ajuda dos agentes penitenciários, fazemos as inscrições”, contou a coordenadora de assuntos educacionais no sistema prisional, Edna Moura. Ela prosseguiu informando que 29 presos passaram no Enem e dois concluíram o curso universitário.

Desde 2011 o programa é aplicado dentro das unidades carcerárias, onde é desenvolvido todo um sistema de segurança para que o preso consiga fazer a prova. Caso seja aprovado, o reeducando é acompanhado por um agente penitenciário na sala de aula. “Mas antes nós fazemos uma pesquisa com os outros alunos, se eles se sentem constrangidos ou não. A resposta foi negativa. Depois o agente viu que não havia tanta necessidade de ficar dentro da sala e ficou fora”, relatou.

A coordenadora enfatizou que é preciso ter uma ação judicial que permita o detento frequentar a sala de aula. Para conseguir prestar apoio durante essa fase, Edna não descartou a participação da família no processo.

Com o bom resultado do Enem, os coordenadores pretendem estender a oferta aos processos seletivos também por meio de outras provas de vestibulares. (A.P.L)