Política

Maioria dos candidatos a governo é favorável ao fechamento da fronteira

Todos os candidatos ao Governo do Estado avaliam que a crise migratória precisa ser solucionada urgentemente, mas apenas o representante da esquerda é contrário a um possível fechamento da fronteira

Na segunda reportagem da série de entrevistas sobre temas de interesse dos roraimenses, os candidatos ao Governo do Estado falam sobre o fechamento da fronteira com a Venezuela e o que pretendem fazer para solucionar o problema migratório que atinge Roraima. A maioria defende o fechamento da fronteira e acredita que o Governo Federal precisa ajudar o Estado a enfrentar essa crise.

Anchieta Júnior (PSDB) – O candidato afirmou que é favorável a um maior controle da fronteira, pois Roraima não tem mais capacidade de receber venezuelanos. “A gente acompanha no noticiário internacional que os países ricos da Europa já estão limitando o recebimento de migrantes e fechando suas fronteiras. A gente precisa pensar da mesma forma, pois está impossível entrar mais venezuelanos aqui. O problema está grande demais”, frisou.

Para o candidato é preciso criar um mecanismo para justificar tecnicamente a impossibilidade de o Estado receber tantos migrantes e aumentar os critérios da barreira sanitária. “Temos casos de morte por sarampo, uma doença erradicada há 20 anos que entrou pela fronteira. Outro critério é exigir certidão negativa, pois do jeito que entra pai de família entra marginal e presidiário, o que está causando esse problema da criminalidade. Precisamos cancelar a entrada desses migrantes pela falta de condições de receber mais gente em Roraima”, afirmou.

Denarium (PSL) – Para o candidato, a atual situação que Roraima enfrenta beira o caos. “Não existe hoje nenhum controle sobre o fluxo migratório de venezuelanos que deixam o seu país por conta da fome e da falta de oportunidades”, citou. Para ele, hoje o Estado pouco pode fazer, pois desde o Tratado de Assunção e, posteriormente, o Mercosul, o Brasil é signatário de acordos internacionais que garantem o livre acesso de refugiados ao território nacional. “Por conta disso, quem sofre os efeitos é a população roraimense. Um país não cabe dentro de um Estado. A criminalidade está aumentando e parte das ocorrências registradas todos os dias envolve venezuelanos, que não são presos e nem deportados”.

Denarium afirmou que a solução para esse problema passa por uma mudança nas leis de imigração, sobre o controle das nossas fronteiras. “É preciso criar mecanismos para assegurar os direitos de quem quer vir para o Brasil, mas também os deveres de estarem aqui sob circunstâncias regidas em nossas leis. A segurança da população roraimense está e sempre estará em primeiro lugar. Hoje não se sabe quem entra em nosso Estado: se é gente de bem ou bandidos. E isso não pode mais ficar assim”, afirmando que, com a eleição do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, essa questão será tratada com mais responsabilidade. “Assim, o Estado de Roraima poderá ter lastro de apoio e poderemos assegurar os direitos de todos e não tirar a tranquilidade dos brasileiros, especialmente os roraimenses”, concluiu.

Fábio Almeida (PSOL) – O candidato da frente socialista de esquerda é o único que não concorda com o fechamento da fronteira Brasil-Venezuela. Ele afirmou que tem posicionamento contrário ao que considera uma falácia política de fechamento da Fronteira. “Isso é uma falácia em que os candidatos estão querendo apenas ganhar o voto dos eleitores. Nós somos contrários ao posicionamento de fechamento da Fronteira, pois a imigração é um direito e o fechamento da Fronteira coloca diretamente em risco os milhares de brasileiros que vivem hoje na Venezuela e que podem sofrer uma retaliação tanto do povo venezuelano quanto do governo venezuelano. Para nós, o diálogo é o melhor caminho para que possamos resolver essa triste situação da migração desse povo”, apontou.

Suely Campos (PP) – A candidata afirmou que sua posição sobre a questão migratória é clara: Não vai aceitar que o Estado de Roraima continue prejudicado pela omissão do Governo Federal e pelo caos que se instalou no país vizinho. “Eu governo para os roraimenses. Se o Brasil quer lidar de forma correta com essa crise humanitária sem precedentes, que ouça o que nós estamos dizendo”, assegurou.

A governadora afirmou que no próximo governo vai seguir com a ação no Supremo Tribunal Federal. “Queremos o fechamento temporário da fronteira e o ressarcimento de todo o esforço que estamos fazendo nas áreas da Saúde, Educação, Assistência Social e Segurança Pública para minimizar os impactos da crise migratória nessas áreas. Pedimos de imediato o ressarcimento de R$ 184 milhões que nós, roraimenses, fomos obrigados a custear para atender os estrangeiros, enquanto o resto do país observa, de longe, uma crise que está inteiramente concentrada em nosso Estado, trazendo epidemias, caos social e que já aumentou em 6.500% o número de atendimentos em nossa rede de saúde pública. Vamos continuar lutando contra essa omissão do Governo Federal em cumprir sua obrigação constitucional de fazer o controle policial, de imigração e sanitário na fronteira”, garantiu.

Telmário Mota (PTB) – O candidato afirmou que, se for eleito, pretende negociar com o Governo Federal para que pare imediatamente a migração. “Não pode continuar assim, não pode. Tem que buscar um modo de parar, pois Roraima não aguenta isso. Não há suporte econômico e social no nosso Estado para essa migração. Não podemos transformar Roraima numa Venezuela”, explicou.

Para o candidato, o Governo Federal não tem sido apenas omisso, mas também tem prejudicado ainda mais o Estado. “O que eles estão fazendo? Está vindo essa avalanche de venezuelanos aqui, eles estão fazendo uma triagem, uma seleção da mão de obra qualificada e estão interiorizando, ou seja, levando uma mão de obra que podia ser importante para o desenvolvimento do Estado e levando para outros estados e aqui está ficando exatamente aquele que não tem nenhuma especialidade, e que não vai estar somando no desenvolvimento do nosso Estado”, disse.

Para Telmário Mota, Roraima está despreparado para enfrentar essa crise. “O Governo Federal tem que fazer o reparo de todos os prejuízos que o Estado está tomando e dar a compensação devida desse custo que o Estado está pagando. A questão energética tem que ser resolvida no nosso Estado, a questão fundiária tem que ser resolvida, a questão da dívida do governo, tem que fazer o perdão da dívida, ou pelo menos suspender o pagamento, assim como fez com o Rio de Janeiro, o mesmo procedimento. Então isso tem que ser realmente feito, pois Roraima não aguenta mais esse sistema que está aí que é muito cruel”, concluiu.