Polícia

Jovens estão desaparecidos há 13 dias em região de garimpo

A família descarta a possibilidade de os dois terem sido mortos; Governo já mobiliza equipe para fazer buscas

A família dos jovens Renei Barreto da Silva, de 24 anos, e Railton Barreto da Silva, de 25, vive a angústia de não ter notícia dos dois desde que saíram para caçar, na região de garimpo do Catrimani, no território de Caracaraí, região centro-sul do estado, e desapareceram. A família registrou um Boletim de Ocorrência (B.O), no dia 23 deste mês, informando a Polícia Civil sobre os fatos.

A área é terra indígena Yanomami, de mata fechada, motivos pelos quais os familiares dos desaparecidos ressaltaram a preocupação. “Eu não gosto de ficar em casa porque me sinto de mãos atadas. Eu penso que eles estão no frio e eu num lugar quente. Quando penso que eu tenho o que comer e eles não, fico desesperada”, disse um dos parentes.

A esposa de um dos rapazes, com quem tem uma filha de cinco meses, relatou que os jovens foram para a região de garimpo há dois meses e que o objetivo era trabalhar, onde já havia outro familiar. Quando questionada sobre as possibilidades de os jovens terem sido mortos em confronto com outros garimpeiros, as mulheres descartaram a possibilidade, afirmando que somente pessoas de bem estão garimpando na região.

A família destacou que foi informada sobre o desaparecimento por outros garimpeiros que vivem no acampamento, inclusive, os homens já tinham feito diversas buscas sem sucesso. A mãe dos desaparecidos disse que foi para a região, levou caixas de foguetes e outros meios para chamar a atenção dos perdidos, mas eles não respondiam. “Chegaram a subir em serra e ligar motosserra, mas não teve resposta da parte deles. Fizemos tudo o que podíamos. Os outros garimpeiros estão debilitados de tanto procurar esses meninos”, explicou a família.

Por fim, os parentes das vítimas reclamaram que o Estado ainda não enviou as equipes para a localidade e enquanto isso, fazem uma peregrinação aos órgãos públicos do Estado e Polícia Federal, procurando uma solução para o caso. “Somente o Corpo de Bombeiros se colocou à disposição para ajudar, mas nós sabemos que eles não podem ir sozinhos porque precisam de uma equipe”, acrescentou um familiar.

GOVERNO – A reportagem da Folha entrou em contato com o Governo do Estado para saber que medidas seriam adotadas em relação à denúncia. Em nota, a Casa Militar informou que o governo foi procurado pela família na sexta-feira, dia 26, e já está trabalhando na logística com equipe dos Bombeiros e da Polícia Militar para fazer as buscas na região dos jovens perdidos na Terra Indígena Yanomami.

A nota também informou que a área onde ocorreram os desaparecimentos é de difícil acesso, sendo o mesmo realizado só por via aérea e, pelas informações repassadas, somente por helicóptero, uma vez que a pista de pouso de aeronaves de asa fixa está comprometida.“Como o local onde ocorreu o desaparecimento é território indígena, o Estado oficializou junto à Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) para sobrevoar a região para realização das buscas”, concluiu o texto.

POLÍCIA FEDERAL – Como se trata de terra indígena, de responsabilidade da União, a reportagem da Folha procurou a Polícia Federal (PF) para saber que procedimentos seriam realizados a partir do momento em que tomou ciência do desaparecimento, mas até o fim da tarde de ontem, não recebeu qualquer resposta. (J.B)