Polícia

Jovem denuncia que foi estuprada no HGR

Segundo mãe da vítima, jovem quis expor o caso para poder salvar outras pessoas

Uma jovem de 24 anos decidiu denunciar um caso de estupro que se deu dentro do Hospital Geral de Roraima (HGR), por volta das 2h40 de ontem, dia 15. Segundo ela, deu entrada na Unidade de Saúde à meia-noite, acompanhada da mãe, depois de passar mal em casa.

“Ela quis se expor porque se silenciar outras pessoas vão passar por isso. Se ela não silenciar, pode estar salvando outras pessoas”, destacou a mãe da vítima.

O homem que a vítima denuncia é um técnico em enfermagem. “Ele se aproximou, disse que minha sobrancelha é muito bonita, disse que eu era muito bonita. Ele nem se apresentou, apenas chegou e começou a fazer elogios. Eu gosto de falar e sem desconfiar começamos a conversar. Eu lembro que ele pegou no pé, falou alguma coisa”, explicou.

Segundo a estudante, não conhecia o autor do crime, nunca o viu antes da fatídica madrugada. “Chegando lá fui bem atendida. Sempre elogiei toda a equipe do HGR. Apesar do Hospital ser uma bagunça, a maioria das pessoas faz a diferença. São humanos”, acrescentou.

A mãe da vítima relatou que assim que chegaram à Unidade de Saúde, o suspeito se aproximou e aparentemente não era alguém suspeito. Logo num primeiro contato, a vítima revelou que o homem foi solícito. “Ele ficou fazendo massagem no meu pé. Eu disse que adorava massagem no pé. Eu estava no Trauma quando ele perguntou meu nome, idade, se eu tinha namorado e eu disse que tinha namorado e que ele tinha idade para ser meu pai, meu avô”, enfatizou.

CONVULSÕES – No período da madrugada, a jovem disse que teve três convulsões consecutivas. “Na última convulsão, foi quando aconteceu toda a confusão da morte de um homem [paciente internado, envolvido no assalto ao Banco do Brasil e morte do sargento da PM], que eu vi a correria, eu perguntei para ele o que estava acontecendo e ele pediu para eu ficar quieta que me contaria”, esclareceu.

Sentindo-se mal por ver que o homem morto a tiros estava no mesmo quarto que ela, a estudante pediu para ser levada para outro ambiente do Hospital. “Nesse momento eu tive a terceira convulsão. No instante em que eu recebia a vacina para parar de convulsionar, vi que ele estava passando as mãos nos meus seios. Pensei, inclusive, que ele estivesse monitorando alguma coisa já que havia eletrodos acima do meu peito. Mas ele meteu a mão dentro da minha calcinha, ficou mexendo, foi quando conclui que ele estava me estuprando”, declarou a vítima.

Com medo, a jovem disse que não gritou porque estava sozinha na sala com o indivíduo e diante do homicídio, que aconteceu momentos antes, poucas pessoas dariam atenção. Com a chegada de uma profissional, a vítima disse que fez gestos pedindo que ela fosse ao seu encontro.

“Na hora que ela saiu, eu vi que ele estava do outro lado do biombo. Não aguentei e tirei todos os eletrodos do meu corpo, tirei o acesso com agulha e tudo e me joguei da maca. Ele estava de olho em mim e me segurou pelo braço. O Policial estava perto e eu gritei, disse o que ele tinha feito comigo, foi um estardalhaço, eu chorava e ele dizia que eu estava mentindo. Ele argumentou que deu uma injeção na minha perna e eu falei que sabia da injeção, mas o problema foi o que ele fez depois”, reforçou.

A jovem disse que o homem negava enquanto era atendida por outros profissionais do Hospital. “O psicólogo fez eu me sentir acolhida. O psiquiatra disse que eu estava bem, que estava até andando, fez deboche. O enfermeiro-chefe e o psicólogo me ajudaram muito. A administração do HGR se recusou a falar com a gente na hora. Eu pedi um parecer do Hospital por escrito, mas se recusaram, dizendo que era coisa da Polícia e não iriam interferir. Por último, chegou um médico que, de alguma forma, foi atencioso, mas quis dizer que eu estava com os remédios na cabeça e talvez eu estivesse confundindo as coisas”, complementou.

GOVERNO – Em nota, a Direção do HGR (Hospital Geral de Roraima) informou que, está tomando as providências necessárias para que a denúncia da paciente seja esclarecida.

“O Hospital encaminhará relatório sobre o fato à Sesau (Secretaria Estadual da Saúde), para abertura de procedimento administrativo para apurar o ocorrido, a fim de que sejam tomadas todas as medidas administrativas cabíveis, conforme a legislação vigente”, respondeu a Direção.

Quanto aos questionamentos sobre seleção de funcionários, análise do perfil de cada um deles, se o suspeito era do quadro efetivo ou comissionado, o governo não se pronunciou.