Cotidiano

Idosa investe na produção de doces de frutas regionais

Maria Auxiliadora trabalha há três anos na produção de doces caseiros; a ideia surgiu em meio às dificuldades financeiras

KATTY MORAIS

Colaboradora da Folha

Em tempos de crise econômica é comum ver as pessoas buscando alternativas para conseguir dinheiro. Uma das formas comuns de superar a crise é fazer doces de frutas, especialmente as frutas da região, como cupuaçu, caju, manga, goiaba, mamão, entre outras.

Para superar os momentos difíceis, Maria Auxiliadora Figueiredo, de 67 anos, mais conhecida como Dora, passou a produzir doces caseiros há cerca de três anos.

“Meus filhos cresceram e foram todos embora. Para que não dependesse de outras pessoas, comecei a fazer doces com as frutas do quintal da minha mãe. A situação do país não está fácil. É difícil conseguir um emprego nos dias atuais, principalmente os idosos”, disse.

Quando mais nova, Dora trabalhava no restaurante da família e fazia compras em alguns pontos de vendas na cidade, locais onde hoje revende seus doces.

“O restaurante fechou e, com o tempo, alguns colegas que iam almoçar no nosso ambiente abriram seus próprios restaurantes e passaram a ser meus clientes”, contou.

A ideia de produzir doces surgiu a partir do momento que Dora percebeu que muitas frutas estragavam. “Na realidade, a renda estava pouca. Tenho um sítio e precisava pagar as contas. Foi quando percebi que havia muitas frutas indo para o lixo e pensei que poderia utilizá-las de alguma forma”, afirmou a doceira.

O aprendizado do preparo dos doces veio de família, passado de geração para geração.

“Toda a vida moramos no interior, observava a maneira como minha mãe fazia e, com isso, fui aprendendo aos poucos. Aprendi que a forma correta para diminuir os gastos é conseguir frutas com os amigos. Na época da safra do caju, procuro colher o quanto posso, para preservá-los congelados”, revelou.

Para Dora, além da renda extra, produzir doces serviu para o meu condicionamento psicológico.

“Nessa idade é preciso manter a mente ocupada para evitar certos problemas na saúde. A maioria dos idosos tem ficado interditado por não fazer nada e a produção de doces me ajudar a ficar tranquila com relação à ansiedade”, acrescentou.

Conforme Dora, a produção varia de acordo com o movimento das vendas.

“Geralmente faço a cada dois dias, mas isso varia. Evito fazer em grandes quantidades para que não haja perda de produção. Faço de acordo com o que sai. Toda fruta dá doce, no entanto utilizo as típicas da região, como mamão, goiaba, caju, abacaxi, banana, entre outras. São os tipos de doces que as pessoas mais procuram”, disse.

No início a produção era menor. Hoje ela produz sozinha 18 quilos de doces toda semana e distribui em cinco locais de vendas na cidade. As embalagens variam de 250g a 300g vendidas a R$ 10,00. Segundo Dora, existe a possibilidade de viver da renda de doces.

“Acredito que não dá para esbanjar, porém é uma alternativa de sobrevivência, ainda mais em meio a uma crise tão grande quanto essa. Esse é um trabalho como qualquer outro, é preciso que tenha responsabilidade de ir atrás para que as coisas deem certo”, finalizou. (K.M)