Política

Geólogo diz que há fortes indícios de ter petróleo em RR

Exploração mineral transformará Roraima em um estado desenvolvido, mas vai depender de investimento em pesquisa geológica e vontade política, diz pesquisador da UFRR

LEO DAUBERMANN

Agenda da Semana

Roraima tem fortes indícios de ter reservatório de petróleo, é o que afirma o geólogo Vladimir de Souza, professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), em entrevista ao programa Agenda da Semana desse domingo, 23, na Rádio Folha FM 100.3.

Doutor em geologia do petróleo, Vladimir revelou que a UFRR está conduzindo várias pesquisas na bacia sedimentar do Tacutu, localizada no setor centro-nordeste de Roraima, que abrange o município de Boa Vista, se estende até a Guiana e vai até ao Suriname, desembocando no Oceano Atlântico.

“A pesquisa é bem complexa, demorada, exige muitos estudos, mas encontramos algumas ocorrências, amostras de petróleo leve, encontramos o gerador, que é um fator importantíssimo, ou seja, nós temos a rocha geradora com níveis altíssimos de potencial de geração, e podemos afirmar que a bacia sedimentar do Tacutu tem todas as possibilidades de ter grandes reservas de petróleo, temos encontrado excelentes indícios de que há reservatório de petróleo nessa área”, disse.

De acordo com o pesquisador, a bacia sedimentar do Tacutu tem uma estruturação geológica única, só existindo mais duas iguais a ela no Mundo, uma na África e outra em Portugal, guardando grandes perspectivas petrolíferas.

Ainda de acordo com o geólogo, toda pesquisa é realizada com recursos da própria Universidade. “Hoje nós estamos com pesquisadores da UNB [Universidade de Brasília] nos auxiliando e estamos fechando uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina. Recebemos convites também da UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro] e com a Universidade Federal Fluminense, todas querendo trabalhar aqui na bacia”, destaca.

Potencial mineralógico em Roraima é imenso, diz geólogo

Exploração mineral transformará Roraima em um estado desenvolvido, mas vai depender de investimento em pesquisa geológica e vontade política, diz o pesquisador da Universidade Federal de Roraima, Vladimir de Souza.

“A questão geológica no estado é estratégica para o desenvolvimento, não só para Roraima, como para o Brasil. Se hoje nós já levantamos tantas informações importantes, com uma pesquisa bancada pelo nosso próprio bolso [UFRR] com ajuda somente dos servidores, professores e alunos do curso de geologia, imaginem então com apoio? Com mais investimento?”, indaga o geólogo.

“O que a gente tem hoje são alguns garimpos com exploração bem artesanal. Temos inúmeras ocorrências, mas temos que separar o que é ocorrência e o que é jazida. Uma jazida mineral é qualquer concentração anormal de um ou mais elementos, minerais ou rocha comprovadamente suscetíveis de serem extraídos com vantagem, com teor economicamente viável. Para chegar-se a uma jazida é preciso um estudo muito mais aprofundado”, explica o geólogo.

De acordo com o geólogo, durante as pesquisas, todas realizadas fora da reserva indígena Raposa Serra do Sol, foram encontradas várias ocorrências minerais, quando se faz um mapeamento geológico básico, mas ainda não se sabe se determinado mineral poderá ser aproveitado economicamente ou não.

Entre elas, ouro, diamante, pedras semipreciosas como ametista negra [com alto teor de ferro, de alto valor], esmeralda, cristais de rocha como quartzo, água marinha, birilo [variedade da água marinha], além de rochas ornamentais, como granito.

“Temos um potencial enorme aqui de pedras preciosas e semipreciosas para serem exploradas, a ametista, por exemplo, a gente sabe que as jazidas do sul do país estão se esgotando e aqui temos a ametista negra, de alto valor comercial. Nosso granito não perde em nada para os do Espírito Santo e da Bahia, que são considerados os melhores, então Roraima poderia se transformar num polo de exportação de rochas ornamentais”, destacou o geólogo.

Foram encontradas também ocorrências de minérios como molibdênio [importante no metabolismo das proteínas], urânio e tório [minerais radioativos], nióbio, alanita, tantalita, ferro, cobre, manganês, titânio, cassiterita, índio [similar ao alumínio, gálio e zinco].

Segundo o geólogo, Roraima também tem potencial em ‘terra rara’, considerada o mineral do século 21. “São substâncias químicas usadas na indústria para a produção de diversos itens, como televisores, computadores e celulares. Na China estão concentradas as maiores jazidas; o Brasil já desponta como um grande fornecedor e Roraima tem várias ocorrências, encontramos todos os 17 elementos químicos”, revela.

“Se uma dessas ocorrências, basta uma virar jazida, pode mudar toda a economia do estado. Nós estamos naquele passo de formiguinha, mas Roraima tem um potencial imenso, mas falta pesquisa geológica para alcançarmos o sucesso e o estado começar a explorar economicamente os minérios”, enfatizou.