Agentes de fiscalização da Vigilância Sanitária Municipal deflagraram na manhã de ontem, 27, uma operação para combater o abate clandestino de aves na Feira do Produtor, localizada no bairro São Vicente, na zona sul da capital. A ação contou com o apoio de equipes da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (ADERR), Receita Federal, Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (EMHUR), Polícia Militar, Guarda Civil Municipal (GCM) e Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Trânsito.
Os locais que vendem frangos abatidos na Feira do Produtor foram interditados por conta da falta de higienização e equipamentos. Os agentes de fiscalização determinaram que o local só voltará a funcionar após as adequações nas estruturas físicas e equipamentos. Os comerciantes, no entanto, alegam não ter condições financeiras para cumprirem todas as exigências.
Aproximadamente 180 pessoas vivem do trabalho e afirmaram que estão sem saída para sobrevivência. Segundo a comerciante Maria de Souza, que trabalha no segmento há mais de 20 anos, a determinação da Vigilância Sanitária é injusta e desnecessária. Com a interdição, ela e toda família estão em desespero e ainda não conseguem ver uma saída para sobrevivência. “Isso é absurdo. Não estamos roubando e sim trabalhando honestamente, fazendo o que sabemos na vida para manter nossas famílias. O momento que vivemos é revoltante”, disse.
O produto rural Miguel Silva, que abastece os comerciantes do local com a venda de aproximadamente mil frangos por semana, afirmou que o prejuízo é incalculável com a interdição dos abatedouros. “Estou analisando e vou mudar minha produção. Não tenho mais condições de trabalhar com frango, sem comprador. Se continuar nesse ramo, tenho que manter as aves e não tenho fim destinado para elas”, comentou.
Em nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que a ação, que tinha finalidade de fiscalizar produtos e materiais em desconformidade com as normas sanitárias, é uma continuidade de outras já desencadeadas pelos órgãos, visando o controle dos produtos e serviços de interesse sanitário.
“O papel da Vigilância Municipal na ação foi de verificar as condições higiênico-sanitárias de funcionamento dos estabelecimentos. Quanto ao abate e comercialização de frangos, todos os comerciantes do local continuam com suas atividades suspensas até se regularizarem com os órgãos competentes”, informou.
Durante a fiscalização, fiscais da Receita Federal encontraram, nas proximidades da Feira do Produtor, material de descaminho trazido da Venezuela e da Guiana. As barracas que comercializavam os produtos foram destruídas. (E.S)